A indústria da beleza e os transtornos alimentares

E como isso afeta diretamente adolescentes.

Os transtornos alimentares são caracterizados por distúrbios na alimentação, que podem levar ao emagrecimento extremo ou a obesidade. Transtornos alimentares são reconhecidos por alguns autores como síndromes ligadas a cultura de determinadas sociedades (embora os autores não descartem os fatores biológicos, psicológicos e familiares). Na sociedade atual o padrão de beleza é endossado pelo ser conhecido como a indústria da beleza e do emagrecimento. Essa indústria criou um padrão de beleza inalcançável e extremamente mutável, para que o controle de corpos seja efetivo, mas, controle de corpos de quem? Da população do sexo feminino.

Quanto mais propagandas sobre dietas e a cultura de ódio ao próprio corpo aparecem na mídia, mais mulheres desenvolvem problemas sérios de autoimagem e com a alimentação, que podem se transformar muitas vezes em transtornos alimentares. Em estudos de longo prazo foram provados que o índice de mortalidade de transtornos alimentares é alto, entre 18% e 20%, sendo que a cada 62 minutos, pelo menos, uma pessoa morre como resultado direto de um transtorno alimentar, tudo isso faz com que os transtornos alimentares tenham a maior taxa de mortalidade de qualquer outra doença psicológica.

A mídia não é a única culpada pela proporção que o padrão de beleza ganhou, mas quando mulheres foram inseridas no mercado de trabalho uma das formas de controlar e tentar atrapalhar a autonomia dessas mulheres (que estava em crescimento) foi o código de vestimenta das empresas, onde a beleza das mulheres que eram empregadas contava muito para que o cargo fosse mantido. Um dos exemplos que se pode dar é a equipe do noticiário, onde os homens colocados como âncoras do telejornal tinham uma aparência mais velha e séria, enquanto mulheres que eram colocadas como âncoras deviam ser sempre joviais e facilmente substituíveis quando já não fossem mais belas o suficiente para aparecerem no jornal. Mulheres adoecidas pela cultura da dieta, que leva a transtornos alimentares, estão fracas demais para lutar contra seu opressor.

Como Naomi Wolf diz em seu livro “O mito da beleza”: A reação contemporânea é tão violenta, porque a ideologia da beleza é a última das antigas ideologias femininas que ainda consegue controlar aquelas mulheres que a segunda onda do feminismo teria tornado relativamente incontroláveis.

Quando se existe a constante preocupação com a beleza e a necessidade de se manter magra, jovem, bem maquiada e vestida o tempo todo, simplesmente para ter mais oportunidades no mercado de trabalho e na vida, as mulheres acabam por adoecer seus corpos e mentes, ficando assim mais suscetíveis a não questionarem seu lugar na sociedade e manter a luta feminista estagnada.

Nós meninas e mulheres precisamos nos conscientizar sobre as formas com que o patriarcado e o capitalismo tentam nos adoecer, precisamos ser resistência, ter informação e passar informação adiante. Cuidar da sua saúde é importante sim para a nossa luta, pois mulheres doentes não tem força, precisamos cuidar dos nossos corpos e das nossas mentes para seguirmos forte e sempre indo em frente para conseguirmos realizar a mudança social que desejamos ver.

Referências:

http://www.plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=192

https://hospitalsantamonica.com.br/transtorno-alimentar-muito-mais-do-que-comer/

O mito da beleza (Naomi Wolf)