A sexualização de mulheres em profissões
O ingresso massivo das mulheres no mercado de trabalho brasileiro, principalmente nas áreas urbanas, é uma mudança social notável dos anos 70.
Embora essa evolução tenha sido amplamente documentada, vale ressaltar que os métodos tradicionais de medição do trabalho subestimaram a contribuição feminina, especialmente ao considerar o trabalho doméstico como inatividade econômica.
Esse viés metodológico impacta diretamente as estatísticas de participação econômica feminina, subestimando a verdadeira extensão de suas contribuições. Nos anos 70, a expansão da economia, urbanização e industrialização proporcionaram a incorporação de novos trabalhadores, incluindo mulheres, porém, sempre em cargos abaixo dos homens e com salário visivelmente discrepante.
A sexualização de mulheres em profissões é uma manifestação direta da opressão sexual. Desde a Enfermagem até as Forças Armadas, a objetificação das mulheres perpetua estereótipos prejudiciais que não apenas minam a dignidade profissional, mas também intensificam a violência.
Ao examinar a feminização de certas profissões, como enfermagem e educação, fica evidente que essa tendência muitas vezes coincide com a depreciação salarial e a diminuição do prestígio social. Essa feminilização não é um acaso, mas sim uma estratégia sistêmica que perpetua a desvalorização do trabalho associado às mulheres. A sexualização, por sua vez, não apenas nos objetifica mas também apaga nossas competências e realizações, contribuindo para a criação de ambientes hostis.
A sexualização constante impõe um fardo adicional sobre as mulheres, especialmente na área da saúde. Dados mencionados sobre os efeitos secundários de situações de assédio e violência sexual demonstram que a profissão de enfermagem, por exemplo, não está apenas sobrecarregada pelos desafios inerentes à área de saúde, mas também pelos danos colaterais causados pela opressão sexual.
De acordo com a pesquisa “Assédio sexual sofrido por profissionais de enfermagem nas instituições de saúde” de 2021: 37% das enfermeiras entrevistadas relataram terem sido vítimas de assédio sexual durante sua carreira.
O ambiente hierárquico da saúde, com médicos frequentemente em posições de autoridade sobre enfermeiras, pode levar a dinâmicas de poder desequilibradas. O assédio expõe a tentativa de manter o controle e reforçar essas hierarquias.
Enfrentar a sexualização em profissões exige uma abordagem multifacetada. A conscientização pública, o fortalecimento das políticas anti-assédio, a promoção de representação equitativa em todas as profissões e a oportunidade de educação e emancipação de mulheres. Estamos longe do cenário ideal, portanto, sigamos juntas nos desenraizamento dessas estruturas.