Eles não passarão. Nós passearemos.

Patricia Da Matta
Sem Raízes
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3 min readApr 6, 2017

Mais uma vez, um caso de assédio tomou as manchetes no Brasil. Não é o primeiro, não vai ser o último. Enquanto é bom que se tenha reação, é desolador ver como isso ainda continua acontecendo, principalmente em ambientes onde a mulher prova sua independência e capacidade. A verdade é que poucas atitudes provocam tanto o machista que há dentro das pessoas do que uma mulher que diz: ‘Não preciso de você. Eu posso fazer sozinha’.

Viajar, em sua essência, é descobrir novos caminhos, cruzar fronteiras, derrubar muros. Viajar sozinha então é uma alegria e uma provação porque você vai precisar vencer seus próprios preconceitos e expectativas. Exige habilidades como qualquer emprego: coragem, desenvoltura, solução de conflitos, ambição. A recompensa? Uma liberdade como você nunca sentiu.

Londres ❤

Há nem tanto tempo assim, a ideia de uma mulher viajando desacompanhada era inconcebível. Ainda hoje há um tabu sobre o assunto. 'É perigoso', uns vão dizer. 'É solitário', outros contarão. 'É difícil, melhor esperar alguém poder ir com você', uma maioria assustadora vai aconselhar. Eles tem razão. Viajar sozinha pode ser tudo isso se você se permitir duvidar da própria capacidade.

É claro, você vai acabar lidando com situações abusivas. Machistas existem em todos os lugares e uma mulher andando radiante sozinha pela rua atinge pessoal e profundamente aqueles que não conseguem não cobiçar a vida alheia. Passei por situações abusivas em quase todos os lugares que visitei: Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Brasil, países ocidentais onde se fala em igualdade de direitos, mas não se pratica tanto assim. Aqui em Paris, cheguei a ser perseguida por um cara no aeroporto (um ambiente sempre complicado), em plena luz do dia, porque lhe disse não.

Além disso, é preciso considerar que as mulheres conquistaram mais coisas em alguns países do que outros e, em um ambiente internacional, é muito provável que você vá entrar em choque com a cultura alheia. Nada disso deve te impedir de viajar.

Soluções simples te ajudam a vencer esses medos. Primeiro, pesquisar a cultura local é indispensável. Se está em outro país, lembre-se que as leis e costumes locais se aplicam, por mais absurdos que sejam. Celular com plano de dados, aplicativos de transporte ou de uma cia. de táxi confiável na agenda e o número da sua embaixada também podem te tirar das piores situações.

Ser mulher em um ambiente machista não é fácil. Infelizmente fomos acostumadas a nos sentirmos inferiorizadas, fragilizadas, incapazes de saber o que é melhor para nós. O machismo muitas vezes vem vestido de preocupação. A resposta, de desafio.

Viajar vai te desafiar a descobrir o que realmente quer, vai te ensinar a ter a iniciativa de traçar seu próprio caminho, a tomar decisões baseadas somente em você, a gerenciar o seu orçamento e a vencer as barreiras que aparecerem. No final, você sai uma mulher mais decidida, forte, feliz e independente.

Machistas não passarão. Nós vamos passar. Por aqui, por ali e por onde a gente quiser.

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Patricia Da Matta
Sem Raízes

Jornalista apaixonada por novas histórias e aventuras.