Mulheres de TI

Bruna Berges
Senior Sistemas
Published in
7 min readMar 22, 2024

Mês de março é uma data importante para a luta das mulheres, e queria aproveitá-la para homenagear minhas colegas de profissão e reforçar a importância que as mulheres têm na área de tecnologia e o quanto elas foram e são inspiradoras.

08 de Março — Por que?

O Dia Internacional da Mulher é uma data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens.

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve: ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (que eram 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas “comemorar”. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Conquistas das Mulheres Brasileiras:
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistaram, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

Quantas mulheres tem em TI?

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelou que dos mais de 580 mil profissionais de TI que atuam no Brasil, apenas 20% são mulheres. Segundo o levantamento, feito em 2020, os baixos índices femininos se repetem em todo o mundo.

Mulheres de T.I inspiradoras

“Seja uma mulher que levanta outras mulheres”.”

Hedy Lamarr

Hedy Lamarr já foi considerada “a mulher mais bonita do mundo”. Ao longo de sua carreira no cinema, a atriz hollywoodiana estrelou mais de 30 filmes, incluindo os clássicos “Sansão e Dalila” e “A História da Humanidade”. Porém, a diva não se contentou apenas com seu destaque no cinema. Dona de uma inteligência absurda, Hedy também tinha um grande fascínio pela ciência. Tanto que é considerada a inventora do salto de frequência, uma técnica que evita a interceptação de mensagens. A importância de sua invenção é tão grande que chegou a ser empregada em tecnologias de comunicação de guerra. Nos dias atuais, ela é usada também em redes celulares, no GPS, Bluetooth e até mesmo no Wi-Fi.

Hedy Lamarr

Ada Lovelace

Ela foi a primeira mulher a programar na história. Ada era matemática e ajudou seu colega, Charles Baggage a desenvolver a primeira máquina de cálculo, a máquina analítica de Babbage que foi reconhecida como primeiro modelo de computador. Ada foi responsável pela criação do algoritmo que poderia ser usado para calcular funções matemáticas. Ada tem um dia internacional no calendário em sua homenagem: 13 de outubro, conhecido como Ada Lovelace Day.

Ada Lovelace

“As garotas do ENIAC”

Antes de linguagens de programação e sistemas computadorizados para cálculos matemáticos, os primeiros computadores dependiam da influência humana, aparatos mecânicos e principalmente nossos cérebros para funcionarem. Quando se falava em trajetórias de mísseis e bombas, então, a coisa se tornava ainda mais complicada. Foi aí que entram as “garotas do ENIAC”, um grupo de seis mulheres que foram as primeiras “computors” da história da informática.

Mais do que operar o maquinário, elas foram responsáveis por dar o pontapé inicial em muitos protocolos usados até hoje:

  • Primeiro manual do ENIAC, com instruções de uso e melhores práticas;
  • Influência fundamental em sistemas de “salvamento” de configurações e preferências;
  • Primeiro sistema informatizado para o censo americano;
  • Inventou o teclado numérico para facilitar na programação;
“As garotas do ENIAC”

Irmã Mary Kenneth Keller

Considerada a primeira mulher a receber um doutorado em ciências da computação, Keller se formou na Universidade Washington, na cidade de St. Louis, nos EUA. O diploma veio em 1965, mas desde 1958, ela já trabalhava em oficinas de informática enquanto a indústria ainda era bem pequena.

Sua contribuição, entretanto, foi fundamental na criação da linguagem de programação BASIC, criada com fins didáticos e utilizada por décadas, até ser substituída pelo Pascal. Ela enxergou desde cedo o potencial dos computadores como uma ferramenta educacional e voltada para o desenvolvimento humano, seja por meio de um maior acesso à informação ou simplesmente como suporte na sala de aula. Tanto que sempre trabalhou na área do ensino, fundando um departamento de ciências da computação na Universidade Clarke, no qual permaneceu dirigindo até seu falecimento, em 1985, no qual o centro de Tecnologia leva o seu nome.

Escreveu quatro livros sobre computação e programação, e as obras são, até hoje, uma referência. Ela também foi uma das primeiras vozes pela inclusão das mulheres no ramo da informática.

Irmã Mary Kenneth Keller

Grace Hopper

Quando se fala em pioneirismo, Grace Hopper tem diversos títulos para chamar de seus. Ela foi a primeira mulher a se formar na prestigiosa Universidade de Yale, nos EUA, com um PhD em matemática, além de ter sido a primeira almirante da marinha dos EUA. No campo da tecnologia, ela foi uma das criadoras do COBOL, uma linguagem de programação para bancos de dados comerciais.

Entretanto, sua história mais famosa é a que remonta à popularização do termo “bug” para indicar problemas em software. Em uma anedota jamais confirmada, ela teria resolvido um problema de processamento de dados ao remover uma mariposa que estava criando ninho dentro de um computador, indicando que um “debugging”, ou a remoção de um “inseto” é o melhor caminho para resolver falhas de funcionamento.

Além do COBOL, Hopper também criou linguagens de programação para o UNIVAC, o primeiro computador comercial fabricado nos Estados Unidos.

Uma de suas principais frases se tornou não apenas um bastão feminista, principalmente para as mulheres que lutam por representatividade na indústria da tecnologia: “é mais fácil pedir perdão do que permissão”.

Grace Hopper

Carol Shaw

Citada como a primeira mulher a trabalhar na indústria dos games, Carol Shaw foi uma das funcionárias originais da Atari. Apesar disso, ela passou pouco tempo na empresa, sendo contratada rapidamente pela Activision e participando do desenvolvimento de um dos maiores clássicos dos games, River Raid.

Seu cartão de visitas a atribuía a função de “engenheira de software para microprocessadores”, o que significava que ela atuava também nos sistemas do próprio console. E trabalhando com uma máquina com apenas 128 bytes de memória RAM, ela foi a responsável por criar o primeiro sistema de geração procedural de conteúdo, o que significava que, em River Raid, uma fase nunca era igual à outra. Oponentes, itens e objetos do cenário apareciam de forma randômica, em uma prática que é utilizada até hoje.

Em seu currículo, também estão games clássicos como 3D Tic Tac Toe, Super Breakout e Happy Trails, seu último game com a Activision. Ela se aposentou em 1990 e mora na Califórnia, nos Estados Unidos, onde realiza trabalho voluntário.

Carol Shaw

Abby Covert

É criadora do Dia Mundial da Arquitetura de Informação. Ela se apresenta com pseudônimo “Abby the IA”, compartilha conteúdo sobre Arquitetura de Informação nas comunidades de design e tecnologia. Presidente do Information Architecture Institute, ela criou o “Dia Mundial da Arquitetura de Informação” (World Information Architecture Day), uma conferência anual gratuita que acontece simultaneamente em dezenas de cidade ao redor do globo. Ela também é autora de “How to Make Sense of Any Mess: Information Architecture for Everybody” publicado em 2014 pela Createspace.

Abby Covert

Grupos de T.I para Mulheres

  • PrograMaria é um projeto de incentivo que disponibiliza conteúdo gratuito em seu blog e oferece cursos para as interessadas.
  • Woman Techmakers é uma iniciativa global do Google que visa criar novos programas e organizar eventos para dar suporte e empoderar minorias de gênero na tecnologia.
  • Ladies That UX é uma comunidade global, informal e amigável, feita pela comunidade para a comunidade, e tem como objetivo melhorar a participação feminina na área de UX e Tecnologia por meio da representatividade, apoio mútuo, encorajamento e inspiração.
  • UX para Minas Pretas é uma iniciativa por e para mulheres negras com foco em UX. Promovem a equidade de mulheres negras no mercado de tecnologia com foco em UX, por meio de ações de formação, empoderamento, compartilhamento de conhecimento e articulação em rede.

“Ser mulher e trabalhar com tecnologia é aprender, se superar e quebrar rótulos e padrões errôneos sobre nossa capacidade, capacidade esta que NÃO se mede pelo fato de eu ser mulher.” — Kételin de Queiroz Carvalho

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Bruna Berges
Senior Sistemas

Comecei fazendo blogs na adolescência no que veio me trazer paixão por tecnologia. E assim eu sigo aprendendo, criando e inovando sobre as coisas ao meu redor.