O espírito de equipe no mundo ágil

Muito se fala sobre como desenvolver a metodologia ágil nas grandes empresas, bem como: medir os resultados, escalar a ideia, criar mindset’s e por ai vai…

Ricardo Binns
Senior Sistemas
6 min readAug 28, 2017

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Agora, que tal falarmos um pouco sobre o dia-dia do time, squad, célula de criação ou desenvolvimento… que já está mergulhado de cabeça no mundo ágil por um tempo?

Novidades, mudanças, caminhos diferentes, dinâmica e auto-gerenciamento que na prática seria como uma pequena “empresa” dentre um grupo enorme de outras “empresas”, recebendo os alinhamentos ágeis pelos coach’s e leaders, se adaptando as demandas dos clientes, criando novas funcionalidades, estimando e prometendo as entregas com qualidade e velocidade. Tudo isso para entregar a melhor experiência ao usuário, independentemente do processo.

Acredito que desta forma conseguimos descrever o que seriam times multidisciplinares e auto-organizáveis.

Tá, mas para conseguir atingir tudo isso e ainda manter uma vibe positiva, não basta juntar meia dúzia de pessoas e sair criando tarefas com uma deadline.

Então, que tal batermos um papo sobre alguns pontos interessantes que podem levar a equipe ágil a atingir isso? Vamos lá.

Personalidade

Um time precisa ter personalidade! (A-Team movie)

Ânimo pessoal, afinal, temos a liberdade de gerenciar nossas próprias entregas, entender regras de negócio e sugerir melhorias.

Esta flexibilidade nasce do processo de design incorporado nas células ágeis, que acabam gerando motivação no momento da criação. Este fato pode levar a cada integrante do time a tratar o produto com mais “carinho”.

Como os times ágeis são semelhantes a pequenas “empresas”, seria como criar “donos” dentro delas.

Agora, pare para pensar no padrão que um “dono” de uma empresa gostaria de manter em seu produto?

  • Entregas com qualidade
  • Cumprir os prazos determinados
  • Aumentar o engajamento do todo
  • Realizar entregas que fazem sentido para o mercado

Gerar o sentimento de preocupação sobre o produto pode resultar em uma melhor qualidade de entrega, mas nunca podemos deixar de lado o velho e sempre bom senso.

Histórias de todos

Até o corvo chegar com a mensagem, o tempo acabou. (Game of Thrones)

Dependendo do tamanho do time, o tempo pode trazer alguns desafios como a distribuição da informações de cada história durante a sprint.

Tá, mas espera um pouco, a daily não faz este trabalho?

Claro, inclusive o faz muito bem.

Vamos partir do princípio que no universo ágil, toda história possui seus personagens e todos eles interagem entre si.

Então, tendo isso como base, que tal pegarmos a responsabilidade da daily e criar algo mais… constante?

  • Atribua algumas histórias para membros da equipe e delegue a responsabilidade de planejar e reportar a situação da história.
  • Converse com sua equipe para escolher o melhor momento para repassar esta informação, seja ela via algum software, e-mail ou até um bate-papo com o scrum master no final do dia.

O resultado desse processo, criado pelo próprio time, contribui no fluxo da informação entre os personagens envolvidos, fazendo com que todos entendam o que está sendo feito durante todo o dia na sprint. Seria como se existissem “minis-scrum-masters” no time.

Essa dinâmica ajuda a reforçar o propósito do time e, obviamente, aumenta o engajamento.

Pares, trios, quartetos…

Não importa como ou quem, nós somos um time. (Stranger Things)

Se tem algo que não existe é: “minha entrega”, “minha task”, “minhas tarefas acabaram”, “falta só fulano de tal terminar as dele” ou “terminei, só falta testar”.

Todos esses “jargões” são um “tiro no pé” do espírito de equipe. Para sermos um time ágil, precisamos agir como um time ágil, que é aquele que deixa de lado a ideia de “minhas tarefas” e abraça as “tarefas de todos”.

Se uma história possui quatro personagens, todos eles devem estar sintonizados, tendo como foco o mesmo objetivo, onde cada um compõe uma parte do todo: a história.

Por quê? Porque no fim somente o todo faz sentido, agregando de fato o valor ao produto.

Exemplo: No mundo do desenvolvimento, pegue um desenvolvedor front-end e back-end, em seguida reforce um planejamento de entrega e uma divisão de esforços com base na história, tornando os dois, três, quatro… personagens em um só.

Fazendo entregas TOP

Um bom planejado pode resultar em uma saída de mestre. (The Italian Job)

O momento épico da história é quando todos estão:

  • Desenvolvendo… Construindo…
  • DANDO VIDA a história…
  • Se sentindo parte dela…
  • Enxergando o WOW que aquela entrega vai gerar no usuário final

Então, quer dizer que se juntarmos o sentimento de pares e equipe para entregar uma história, seria como uma receita de bolo? Que faria a história virar o status para DONE depois de X dias? Não necessariamente.

Para conseguirmos atingir isso com classe, precisamos manter a comunicação técnica fluindo durante todo o dia, em toda a sprint.

“Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas (…) Responder à Mudanças mais que Seguir um Plano” — Manifesto Ágil

Entendendo um pouco mais…

No desenvolvimento, o front-end e o back-end precisam alinhar mais do que apenas retornos e termos técnicos. Ambos precisam bolar uma estratégia para entregar algo TOP.

Hum, tá, mas o que é ser TOP? Top é entregar algo de valor para o cliente, com qualidade, velocidade e de forma contínua.

  • Qualidade seria “pensar no todo”, ou seja, maximizar os cenários para diminuir o retrabalho e nunca decidir uma implementação sozinho.
  • Velocidade: ir pelo simples e dividir tecnicamente os esforços.
  • Valor: proporcionar a melhor experiência ao usuário, encurtar passos, manter padrões visuais e alta performance.

“Design is not just what it looks like and feels like. Design is how it works.” — Steve Jobs

Sim, de um certo modo, todos somos UX’s designers.

O bom senso que nunca envelhece

Bom senso deve estar ao lado de todos e para sempre. (Bicentennial Man)

Discordar da implementação é algo que surge com o tempo, nem sempre as entregas vão ser aderentes a nossa visão de negócio e “lindas” tecnicamente, mas use o bom senso. Discordar com motivo e explicação, mapeando uma proposta de evolução é diferente de discordar e fazer de qualquer jeito.

E há uma grande e arrogante diferença entre discordar teimando e discordar agregando.

Qual você escolhe?

Feedback's

Seja ele positivo ou negativo, faça, mas faça agora!

Feedback é o principal combustível da motivação. Sabendo disso, presenteie seu colega de equipe com um feedback sensato, maduro e com informações suficientes para motivar uma mudança de atitude.

Ofereça aos outros aquilo que você gostaria que lhe fosse oferecido. Evidencie o trabalho dos seus colegas para que eles possam justificar seus méritos.

Nós estamos constantemente bolando mil formas de seguir tudo o que conversamos neste artigo e tentando ir além, mas se não existir reconhecimento, pode ser outro “tiro no pé” da equipe.

Para finalizar…

Nós todos sabemos que não existe uma receita para turbinar o engajamento dos times, bem como gerar apenas entregas de sucesso, mas…

… podemos ter certeza que o tempo nos traz muitas experiências que nos permitem evoluir o auto gerenciamento da equipe, dando a oportunidade de mostrar os resultados positivos aos nossos coach’s e leaders.

Ah, e por falar em leaders… nunca se esqueça que nada disso funcionará se você não tiver o apoio do seu líder e não fugir de ser um profissional mediano, é claro!

:)

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Ricardo Binns
Senior Sistemas

Continuously uncovering better ways to make customers happy through agile methodologies :)