Quando eu descobri o UX, ou melhor, quando o UX me descobriu.

Eu não venho da área de design ou TI, então vou te contar como e quando eu e o UX nos “conhecemos” e eu migrei para este novo mundo do Design de Experiência.

Ana Maria Rehm
Senior Sistemas
6 min readNov 4, 2019

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#PraCegoVer: Dois corações indo de encontro um do outro para se abraçarem. Um seria eu e outro o UX.

Hoje eu sou UX Designer e trabalho todos os dias com protótipos, wireframes, pesquisas, jornadas, testes de usabilidade, dinâmicas, mas nem sempre foi assim. Eu não venho da área de design e nem mesmo de TI então para falar como e quando eu e o UX nos “conhecemos” vou voltar algumas casas e contar a história do começo.

Tudo começou quando eu já estava quase concluindo minha licenciatura em Ciências Econômicas. Foi por pouco que não virei economista, não fosse eu ser extremamente voltada às humanas, comunicação, arte, história, antropologia, psicologia, e tantas outras áreas que não exatamente as exatas, rsrs. Porém sempre tive uma veia voltada a negócios, empreendedorismo, serviços, dados, ciência e pensei que Economia seria uma boa ideia. E foi, até eu perceber que não poderia mais prolongar aquele sentimento de: o que eu estou fazendo aqui? Tudo estava indo bem, eu estava evoluindo profissionalmente, porém eu não sabia responder a essa pergunta.

Foi então que tomei a decisão de largar absolutamente tudo e fazer um intercâmbio durante um ano. Tranquei a faculdade, pedi demissão na instituição financeira em que eu trabalhava, vendi meu carro e meus livros (essa doeu!), juntei todas as minhas economias e comecei a planejar a viagem. O grande dia chegou, o peito apertou, a garganta secou, porém eu estava me sentindo extremamente viva e pronta pra explorar o mundo, me descobrir.

(Quase) tudo correu conforme o planejado: conheci muitos lugares incríveis, pessoas fantásticas, vivi experiências inexplicáveis, me redescobri… Porém, o que era para ter durado um ano, durou três!

Nestes três anos tive a oportunidade de concluir a minha faculdade no exterior. Calminha, não voltei para Ciências Econômicas, me formei em Administração de Empresas. Você deve estar pensando: nossa, mudou de Economia para ADM, que mudança –’! SIM! Grande mudança! Ter ingressado nesta graduação me proporcionou vários desafios e oportunidades. Dentre eles foi ter ganhado alguns cursos extracurriculares como o de Programação Neurolinguística. Foi amor à primeira vista! A psicologia sempre me cativou e este curso me fez olhar com outros olhos o emocional e o comportamento humano. Opa, aqui uma centelha se acendeu.

#PraCegoVer: Personagem Daenerys Targaryen, de Game of Thrones, está tendo um princípio de uma ideia ou pista de algo.

Na época uma grande rede de supermercados do país estava lançando um desafio para estudantes universitários: criar um aplicativo que ajudasse o sistema de pedidos customizados nas suas padarias. Como sempre gostei de negócios, serviços e de tornar processos mais fáceis, aceitei! Depois de ter feito a minha inscrição lembrei que eu nunca tinha desenhado uma telinha sequer. Respirei fundo e comecei pelo começo: estudar e descobrir o problema.

Eu já era cliente desta rede de supermercados, mas nunca tinha reparado como funcionavam os pedidos na padaria. Eu queria sentir na pele como os colaboradores e clientes se comportavam naquela situação, então peguei o meu bloquinho de anotações e fui até o local. Observei t.u.d.o e anotei. Quando o movimento diminuía eu até arriscava fazer algumas perguntinhas discretas às atendentes. No final, fui pra casa com alguns pães e cheia de informações.

Munida das informações que eu tinha coletado, fui desenhando num papel aquilo que eu acreditava ser o fluxo ideal de pedido através de um aplicativo. Depois desenhei também num papel as telinhas que o meu aplicativo deveria ter de acordo com o que eu observei lá na padaria. Pronto, tudo desenhado, agora eu tinha que fazer o protótipo. Hm.. e agora? Eu não fazia ideia de como faria isso, então dei uma “googleada” básica e encontrei o Invision. Através dele criei o protótipo do aplicativo: fiz as telas, as jornadas e até as notificações que o usuário receberia quando o seu pedido fosse atualizado (quem sabe este não seria o primeiro iFood da história?!) e entreguei o meu projeto à rede de supermercados. Opa, opa, aqui outra centelha se acendeu!

#PraCegoVer: Ator está levandando o dedo indicador indicando uma possível pista ou ideia sobre algo.

Muito bem, eu estava super empolgada com a minha entrega e claro, eu queria ganhar a competição. Então entrei em contato com vários amigos, fiz campanha para votarem na minha solução, torci muuuito e… Não ganhei! Fiquei um pouco desapontada, mas fazer o que? Quer saber se comecei a estudar loucamente sobre interfaces, interação, protótipos e usabilidade? Não também. Eu estava no período de entrega do meu TCC, que era sobre Comportamento e Programação Neurolinguística, e eu só conseguia pensar nisso. Todas as minhas leituras e pesquisas eram sobre entender as pessoas, seus pensamentos, motivações, gatilhos, comportamentos… Opa, temos uma baita fagulha aí! (Se você está pensando que tudo isso que foi acontecendo comigo tem a ver com UX, “BANG!” você está certo e eu só me dei conta quando comecei a escrever este artigo. Mas vamos seguir em frente com a história.)

Após eu entregar o meu TCC comecei a ler uma tese de mestrado que falava sobre a “Descoberta de dependências de requisitos através da análise de uso da web”. Esta tese falava sobre os diferentes caminhos que as pessoas utilizavam na web para chegarem a um mesmo resultado, sobre diferentes resultados gerados a partir de diferentes comportamentos e foi aí que aconteceu aquele mind blowing e eu pensei: “CARACA, COMPORTAMENTOS NA WEB GERAM DIFERENTES EXPERIÊNCIAS! PRECISO PESQUISAR SOBRE ISSO”! Comecei a pesquisar se havia algo que tratasse de experiências, interações, comportamentos, usabilidade e SIM, EXISTE: o Design de Experiência do Usuário! Foi aí que eu descobri o UX Design, ou que ele me descobriu, ainda não sei ao certo.

#PraCegoVer: Dois personagens de desenho animado correndo um de encontro ao outro e se abraçando.

Comecei a estudar sobre UX, ler artigos sobre o tema e me apaixonar cada vez mais e mais, mas neste momento minha missão já estava cumprida na Europa e tinha chegado na hora de voltar para o Brasil. Voltei. Bem mais de mil e uma coisas tinham acontecido comigo nestes três anos que passei fora e me readaptar na minha cidade natal foi mais difícil que eu imaginava. A readaptação, a procura por emprego, e a nova rotina acabaram por me afastar da minha imersão no UX.

Comecei a trabalhar novamente em uma instituição financeira, mas desta vez no produto em si, participando dos projetos, da sua gestão, aperfeiçoamento, campanhas, performance, usabilidade, contribuindo com a melhora na interação do usuário junto ao produto na plataforma… Opa! UX, É VOCÊ DE NOVO? Foi aí que a chama acendeu com força, eu entreguei os pontos e decidi de uma vez por todas mergulhar de cabeça no mundo do Design da Experiência.

#PraCegoVer: Personagem de desenho animado fica apaixonado e vidrado na sua descoberta.

Comecei uma pós graduação em User Experience Design e um MBA em Interaction Design, comprei vários livros sobre o tema, comecei a participar de todas as palestras e encontros possíveis relacionados a UX, fiz uma certificação internacional em UX, fiz vários cursos de curta duração sobre o tema e tudo isso é apenas o comecinho do tanto que ainda tenho a aprender, pois sempre é possível evoluir para ajudar cada vez mais as pessoas e melhorar suas experiências.

Bem, a oportunidade de ingressar na área veio, agora sou uma UX Designer muito feliz e hoje quando me perguntam o que eu faço, ou quando eu mesma me pergunto o que eu estou fazendo aqui, eu sei exatamente o que dizer: eu contribuo todos os dias para que as pessoas tenham uma experiência f*da! :D

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