Page Experience: se conteúdo é rei, como a UX virou a ‘rainha’ do SEO?

Renan Oliveira de França
SEO Lab
Published in
9 min readAug 30, 2020

Uma nova fronteira entre UX e SEO foi criada com o Google Page Experience. Entenda as mudanças que podem alterar o desempenho de um site

Por mais de uma década, SEOs confiaram no conteúdo de qualidade para obterem bom ranqueamento.

Uma nova fronteira, no entanto, começa a se desenhar no horizonte.

É um cenário em que o conteúdo continua como protagonista no trabalho de SEO, mas, ao seu lado, a experiência do usuário (UX) ganha ainda mais peso como fator para ranqueamento no Google.

Em outras palavras: tratar bem quem visita um site vai continuar ajudando a chegar ao topo.

Mas há uma novidade: a análise ficou menos subjetiva. Para ajudar a medir essa avaliação, o Google desenvolveu indicadores.

Esse conjunto de novos números, que contribuem diretamente na experiência do usuário, ajudam a compor o que o buscador chamou de Google Page Experience.

Para entender melhor essa história, preparei esse artigo. Confira!

Google Page Experience: combinando novas métricas com fatores de ranqueamento que conhecemos

Ilustração: Blog WebShare

Em um mundo ideal, seria fantástico clicarmos em um resultado na página de busca e, imediatamente a página aparecesse carregada com texto, imagem e até vídeos. Ou seja, prontos para a interação com os usuários.

Infelizmente, sabemos que não é assim que funciona. Muitas vezes, os sites são lentos e não carregam os elementos esperados. Aliás, até páginas que estão bem ranqueadas apresentam problemas.

O Google, claro, também sabe disso e uma das formas que encontra para melhorar isso é considerar a experiência que um usuário tem numa página. Ou seja, sites com uma boa UX recebem benefícios.

Em sua documentação, o buscador lista os critérios que considera para avaliar a experiência em um site.

Além de uma navegação segura, fatores como compatibilidade com dispositivos móveis e o tempo de carregamento de uma página são alguns dos pontos centrais do Page Experience.

Há toda uma equação que compõe uma classificação, mas quem acompanha os anúncios do Google, sabe da obsessão que a companhia tem com o tempo de carregamento de uma página na web.

Basta lembrar que já completou uma década que o Google anunciou que velocidade de um site era critério para ranqueamento.

Não era difícil imaginar que o Google caminharia neste sentido para aprimorar o Page Experience.

Bom, e como chamam as métricas de refinamento o Google? Core Web Vitals (imagem abaixo).

Fonte: Webmasters Central Blog

Em essência, o Google está criando um sinal de classificação, que é uma combinação de métricas antigas, como velocidade de carregamento e mobile-friendliness, e novos indicadores.

Para ficar mais claro, vamos aprofundar o assunto no próximo tópico.

O que são Core Web Vitals?

Conforme falamos, Core Web Vitals são as novas métricas de experiência que o Google está analisando e respondem a questões como: Qual a velocidade de carregamento de uma página? Quão rápido permite o usuário interagir? Quão rápido a página fica estável?

Uma análise mais fria, poderia dizer que o Core Web Vitals seria uma forma chique de falar sobre o tempo de carregamento de uma página e, consequentemente, sobre experiência do usuário em termos de velocidade.

Mas isso não é verdade. O Core Web Vitals vai além disso.

Velocidade da página é algo binário. Ou seja, se um site carrega em até x segundos, ele é considerado rápido, se demora mais, não é rápido. O Core Web Vitals aprofunda a análise.

Pense um treinador que está analisando a performance de um atleta numa corrida.

Não se trata de dizer se o corredor é rápido ou não, mas, sim, se ele tem uma boa largada, se faz os movimentos adequados dos braços, se respira do jeito correto, se consegue manter a performance durante a prova e se tem oxigênio suficiente para terminar a corrida.

Sacou?

É sobre a forma como você corre, não o quão rápido você corre.

Para isso, o Google quebrou a análise em três métricas principais:

● Desempenho de carregamento;

● Interatividade;

● Estabilidade visual.

Os três pilares do Page Experience

Antes de mais nada, é preciso dizer que SEOs vão ter que lidar com frequência com mais três novos acrônimos: LCP, FID e CLS. Vamos explicar cada um deles.

1 — Em relação ao desempenho de carregamento

Métrica: Largest Contentful Paint (LCP)

O que mede: o LCP mede quanto tempo leva para que o maior conteúdo apareça na tela. Pode ser uma imagem ou um bloco de texto.

O que não mede: o tempo necessário para o carregamento completo da sua página. Reforçando: o LCP simplesmente analisa quando a parte mais importante é carregada.

O que pode influenciar: tempo de resposta do servidor, peso de arquivos CSS, JavaScript e a renderização do lado do cliente.

Avaliação: o LCP deve ocorrer dentro de 2,5 segundos após o início do carregamento da página. Até 4 segundos, o site precisa de ajustes. Acima disso, o Google considera a experiência de acesso ruim.

Fonte: https://web.dev/lcp/

Exemplo prático: Abaixo, na primeira imagem à esquerda, o primeiro objeto identificado como LCP é a linha “Visual Stories”. Na sequência, à medida que o site carrega, o título aparece como candidato ao LCP. Na última tela, no entanto, você vê que a imagem grande ultrapassa o header como LCP.

Análise: O LCP é dinâmico. O primeira objeto a ser carregado foram textos, mas quando a imagem carregou, ela se tornou o LCP.

2 — Em relação à interatividade

Métrica: First Input Delay (FID):

O que mede: o FID mede quanto tempo leva para o site reagir à primeira interação de um usuário como toques, cliques e pressionamentos de teclas

O que não mede: zoom e rolagem da página.

O que pode influenciar: JavaScript do site, código de terceiros, problemas no banco de dados.

Avaliação: as páginas devem ter um FID inferior a 100 milissegundos. Qualquer valor entre 100ms e 300ms precisa de melhorias.

https://web.dev/optimize-fid/

Exemplo prático: grande parte dos sites podem melhorar a performance ao diminuir o tempo para executar, por exemplo, o JavaScript.

Análise: nem sempre é possível retirar linhas de código de um site para acelerar o carregamento de uma página. Uma página pode precisar deste código para que nosso site funcione corretamente. É preciso analisar e determinar o que pode fazer. Tente encontrar as melhorias mais fáceis de fazer ou resultar nos maiores saltos de desempenho.

3 — Em relação à estabilidade visual.

Métrica: Cumulative Layout Shift (CLS)

O que mede: o CLS mede se os objetos se movimentam na tela enquanto carrega — e com que frequência isso acontece.

O que não mede: em quanto tempo o conteúdo carrega. Reforçando: o CLS mede a frequência com que os elementos “pulam” durante o carregamento.

O que pode influenciar: uma das principais razões pela qual o site coisas não são estáveis é que os tamanhos das imagens geralmente não são definidos no HTML.

Avaliação: O Google considera algo abaixo de 0,1 como bom, enquanto algo entre 0,1 e 0,25 precisa de ajustes. Você pode considerar tudo acima de 0,25 como ruim.

Fonte: https://web.dev/optimize-cls/

Exemplo prático: sites de conteúdo podem ser complexos e lentos para carregar. O site abaixo, por exemplo, ao carregar duas imagens, empurra o texto para baixo, levando os elementos juntos, demorando mais para estabilizar a página.

Análise: em uma página com imagens e texto, o conteúdo normalmente aparecerá primeiro. O problema é que se o desenvolvedor não tiver reservado espaço para essas imagens, a parte superior da página de carregamento será preenchida com texto. Logo, à medida que a imagem for carregada, o texto será empurrado para baixo enquanto o usuário lê. É necessário especificar a largura e altura das imagens no CSS para reservar um local para o carregamento das imagens.

Vale lembrar: Apesar de novo, o CLS já estava sendo coletado como um “sinalizador experimental” desde maio de 2019 no Chrome UX Report.

Onde posso testar as métricas do Core Web Vitals?

O Google permite acessar dados do Core Web Vitals em suas ferramentas de desenvolvimento. Vamos citar algumas e para você poder testar se suas páginas estão performando bem.

O Google permite acessar dados do Core Web Vitals em suas ferramentas de desenvolvimento. Vamos citar algumas e para você poder testar se suas páginas estão performando bem.

a) Lighthouse

Para ver os dados, baixe a extensão Lighthouse para Chrome ou use a guia “Audits” do Chrome DevTools (clique com o botão direito do mouse e vá em “inspecionar”. Em seguida, clique na guia Lighthouse Em um URL e clique na guia “auditorias”).

b) PageSpeed Insights:

Ao acessar o PageSpeed Insights é possível gerar um relatório normalmente ao inserir uma URL. As novas métricas do Core Web Vitals serão apresentadas com destaque na parte superior do seu relatório.

A imagem abaixo é um exemplo dessas novas métricas na ferramenta PageSpeed Insights:

Fonte: Page Speed Insight

c) Ferramenta de medida Web.dev:

Você pode acessar o https://web.dev/measure/ para ver os dados do Core Web Vitals em qualquer URL executado por meio da ferramenta.

Fonte: https://web.dev/measure/

d) Google Search Console: o relatório “Core Web Vitals” no Google Search Console agrupa o desempenho por status, tipo de métrica e tipo de URL.

Fonte: Google Search Console

Conteúdo e Google Page Experience: o ‘rei’ continua no seu trono

Antes de mais nada, é preciso ser repetitivo. Conteúdo continua sendo fundamental para bons resultados.

Ao apresentar as métricas do Core Web Vitals, o Google deixou claro que, embora todos os componentes da experiência da página sejam importantes, a empresa prioriza as páginas com as melhores informações gerais, mesmo que alguns aspectos da experiência da página sejam inferiores.

Em outras palavras, o conteúdo é e continua como o fator mais importante na hora de ranquear.

No entanto, esse tipo de mudança do Google ajuda a lembrar que o trabalho vai muito além de procurar palavras-chaves e fazer monitoramento do seu ranqueamento.

É preciso, agora, pensar constantemente na funcionalidade do site e no design e se perguntar: será que eu estou entregando a melhor experiência para o meu usuário?

Conclusão

Se a preocupação com a experiência do usuário já é tratada como um pilar para o SEO, ótimo. A partir de agora há métricas consolidadas em um relatório que ajudam a entender essa avaliação.

Estamos prestes a entrar em uma nova era em que o SEOs terão também uma tarefa de influenciar o time de design e UX.

Aliás, mais do que influenciar, será fundamental ter conhecimentos para entender como extrair valor do UX no SEO.

A boa notícia é que essa tarefa nada mais é do que o foco do profissional de SEO: ir ao encontro daquilo que o usuário deseja.

As mudanças do Google estão sempre caminhando neste sentido. As métricas do Core Web Vitals são apenas mais algumas ferramentas para ajudar nesta missão.

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