O que um final de semana pode mudar na sua vida? Aprendizados do Rails Girls Floripa
Eu queria muito compartilhar a quantidade de aprendizados que eu tive durante os quase cinco meses em que falamos, pensamos e finalizamos o Rails Girls aqui em Florianópolis, mas sinto que antes disso eu preciso explicar um pouco sobre as motivações que me trouxeram até aqui.
Há pouco mais de um ano eu faço parte do time da Resultados Digitais, uma das startups ascendentes brasileiras, quando eu cheguei na empresa eu era a primeira desenvolvedora, isso mesmo, A dev, logo depois a Karla Garcia também se juntou ao time, então essa parecia já não ser mais uma questão a ser discutida, acreditava eu.
Hoje nosso time de Produto e Engenharia conta com 10 mulheres, somos quase 11% do time, e vejo pelas reportagens que estamos bem, mas no dia a dia, a sensação não é exatamente essa. Mas como disse, eu não estava prestando muita atenção nesses detalhes até que tive o prazer de conhecer o Ricardo Caldeira, que plantou a sementinha do Rails Girls nas mulheres de produto da RD.
Perguntas simples como “Será que não faltam mulheres no nosso time?”, “Será que nós não poderíamos fazer o Rails Girls para ensinar outras meninas que gostariam de aprender?”, “O que você acha de organizar um evento para aproximarmos as mulheres que gostam de programação em Floripa?”, para todas essas perguntas minha resposta sempre foi “Sim! Vamos!”.
Eu amo organizar eventos, minha primeira experiência em organizar eventos foi em 2008, e era uma das atividades que eu mais curtia fazer, mas, por algum motivo, fui me afastando disso. Mas o Rails Girls não foi só mais um evento na minha conta, foi O evento.
Mas, Ana, o que exatamente é o Rails Girls? É um evento que tem como intuito ensinar meninas que não saibam nada de programação a desenvolver seu primeiro projeto utilizando o framework Rails. É um final de semana onde nós reunimos várias mulheres, aqui em Florianópolis foram aproximadamente 30, e em uma noite fazemos palestras a respeito de Tecnologia e Diversidade, a instalação de todo o ambiente de desenvolvimento. E, no outro dia, nós codamos, isso mesmo, você pode nunca ter escrito uma linha de código na vida, mas nesse dia você recebe todo o suporte para criar seu primeiro projeto, do zero mesmo.
Para mim esse evento foi enriquecedor por um motivo simples: ver várias meninas que tem oportunidades negadas ou que muitas vezes não acreditam que programação, tecnologia é para elas, se desafiando para criar algo incrível, e não, não estou falando da aplicação, estou falando do ambiente de inovação, aprendizado e empoderamento.
Durante 5 meses nós nos preparamos para conseguir a infra, pensar nas mentoras/mentores, organizar coffee break, brindes, palestras. Mas o aprendizado mesmo vem no dia, conversar com várias mulheres com backgrounds diferentes, mães, jornalistas, desenvolvedoras, gerentes, estudantes e descobrir aquilo que no fundo eu já sabia, mas talvez tenha esquecido, que é só preciso dar uma oportunidade.
O Rails Girls ensina mais do que apenas programação, ensina para as mulheres que elas podem sim ter seu espaço reivindicado no mundo da Tecnologia, que você pode ter nascido mulher e querer aprender mais sobre programação, lógica e que ninguém pode te dizer o contrário, que você não é capaz, que homens são mais analíticos, que mulheres devem ficar nas humanas, porque números ou informações complexas não foram feitas para elas.
Ainda tem muito que precisamos fazer, talvez um final de semana não tenha mudado a vida daquelas meninas como mudou a minha, porque agora a sede de fazer mais iniciativas como essa já nasceu, é preciso saciá-la. Mas acredito que esse é o primeiro passo, precisamos mostrar para as nossas mulheres que elas podem e devem fazer o que quiserem, que lugar de mulher é de fato onde ela quiser!
Sonho que se sonha só é só um sonho mas sonho que se sonha junto é realidade
