Aroldo Medina
2 min readJun 20, 2019
Estádio Beira Rio: reforma aprovada.

Copa de 2014: um legado de dívidas.

Copa América de 2019. Não tem como esquecer, cinco anos após o término da Copa de 2014 no Brasil, observamos no país, um rastro largo de desperdício de dinheiro público, em obras inacabadas ou concluídas bem acima do preço inicialmente orçado. Basta pesquisar “obras da Copa de 2014”, nos principais mecanismos de busca na Internet e, vamos nos deparar com um grande legado de dívidas e de apontamentos de Tribunais de Contas dos Estados.

Os exemplos mais iconográficos da indefectível mania de grandeza da gestão pública brasileira na Copa de 2014, são a reforma do Maracanã que custou mais de um bilhão de reais, no Rio de Janeiro, se tornando o estádio de futebol com a manutenção mais cara do mundo e, a reforma do Estádio Mané Garrincha, em Brasília que custou por volta de um bilhão e meio de reais, o mais caro do Brasil, com uma manutenção mensal de 800 mil reais. Há quem diga até que estes campos de futebol se tornaram locais ideais para a criação de elefantes brancos.

Em Porto Alegre, embora tenham ocorrido embaraços em algumas obras, terminadas com empurrões e outras ainda em andamento, nosso legado parece ser o mais promissor do Brasil. O Inter, de pés no chão, fez uma reforma de 367 milhões, a mais barata do Brasil, porém, igualmente, se endividando. O entorno do Estádio Gigante da Beira Rio ficou melhor. A avenida Edvaldo Pereira Paiva, ampliada, se tornou um dos principais locais de lazer dos porto-alegrenses. Ali, na orla do lago Guaíba, nos finais de semana ensolarados, a paisagem fica repleta de pessoas e famílias, indo e vindo no passeio, para lá e para cá, principalmente a pé, de patins, de bicicleta ou guiando patinetes elétricos.

Olhando ainda para o lado do Parque Marinha do Brasil vemos bebês em carrinhos, descansando na sombra das árvores, ao lado de casais sentados em cadeiras de praia, curtindo um chimarrão. É um bom legado, descansar os olhos, nesta paisagem que alivia a mente e o coração.

O Poder Público de Porto Alegre, na gestão dessa copa e o atual, não são perfeitos. Restam obras de 2014 incompletas, felizmente em andamento, nas trincheiras da Terceira Perimetral, na avenida Tronco, na Voluntários da Pátria, na ampliação da pista do Aeroporto Salgado Filho, atrasadas por questões legais ou técnicas, licenças ambientais, desapropriações, burocracias, falta de dinheiro. Porém, é preciso reconhecer, mesmo com dívidas a pagar, não temos na capital do Rio Grande do Sul, nenhuma obra abandonada ou faraônica que possa nos incluir na triste história brasileira de esbanjamento do dinheiro público, na Copa de 2014. Nossa única tristeza deve ficar restrita aos sete gols que levamos da blitzkrieg, sem deixar de sonhar em pegar a Argentina nesta Copa América, vencendo de goleada.