Naii Litieli
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5 min readJun 26, 2019

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Porto Alegre: obras da Copa de 2014 ainda em andamento

Cinco anos após a Copa do Mundo no Brasil, muitas promessas não foram cumpridas em Porto Alegre, uma das 12 cidades-sede do Mundial de 2014. Do conjunto das 18 obras previstas para sanar as deficiências de infraestrutura, apenas as construções na Edvaldo Pereira Paiva, no entorno do Beira-Rio e o viaduto da Júlio de Castilhos, que fazem parte do Complexo da Rodoviária, foram terminadas a tempo para o evento.

O cronograma das obras beneficiadoras da cidade aconteceria antes, durante e depois realização dos jogos. O prazo dobrou e ainda hoje existem obras que não estão iniciadas. Ao todo, cinco projetos de mobilidade previstos para o Mundial de 2014 serão retomadas. A sequência dos trabalhos foi possível após um financiamento de R$ 120 milhões, obtido junto ao Banrisul. O ato contou com a presença do prefeito Nelson Marchezan Júnior, acompanhado de secretários e vereadores. O prefeito reiterou que nenhuma obra será iniciada ou retomada no município se não tiver os recursos disponíveis, cronograma e projeto executivo para que chegue ao seu final.

Estádio Beira-Rio, reforma aprovada.

A novela das obras na Copa 2014 em Porto Alegre

No quesito Mobilidade Urbana, ações como na Avenida Tronco, na Zona Sul de Porto Alegre, entram para o hall das obras mais demoradas. Iniciada em 2012, seis quilômetros seriam pavimentados. A via começa perto do Jockey Club, seguindo até a rótula da Avenida Coronel Gastão Mazeron, onde haverá uma bifurcação: um caminho para a Terceira Perimetral e outro para a Rótula do Papa. Uma via de mão dupla, com corredor exclusivo para BRT, área e circulação de pedestres e ciclovia.

Para dar continuidade aos trabalhos, será preciso remover mais de 60 famílias. A prefeitura espera retirar todas as famílias até o final deste ano. Atualmente, a previsão de conclusão é 2020.

Obra na Avenida Tronco, iniciada em 2012, com previsão de conclusão somente em 2020.

Obra na Avenida Tronco, iniciada em 2012, com previsão de conclusão somente em 2020

Na Voluntários da Pátria, entre a rua Ramiro Barcelos até a avenida Sertório, um total de 2,6 quilômetros ainda não foram duplicados. Para começar o trecho doisda avenida, precisam ser resolvidas algumas desapropriações, não havendo previsão para que isso aconteça. A Voluntários é uma importante via paralela às avenidas Castello Branco e Farrapos. Via alternativa próxima à Estação Rodoviária, à zona Norte e também ao Aeroporto Internacional Salgado Filho e às saídas para rodovias BR 116 e BR 290, a freeway.

A obra na Avenida Cristóvão Colombo está parada desde que o consórcio que ganhou a concorrência desistiu do contrato alegando dificuldades financeiras. A construção teve início em 2013, com previsão de conclusão antes da Copa. A obra atrasou e em 2017 a construção foi paralisada. Para a conclusão é necessário o alargamento da Cristóvão Colombo, entre Honório Silveira Dias e Luzitana, muros de contenção e o acesso bairro/Sul. As licitações correm sem interessados, porém a previsão é concluir os trabalhos em oito meses, após a contratação da empresa.

Obra na Avenida Cristóvão Colombo, está parada desde que o consórcio desistiu do contrato alegando dificuldades financeiras.

Referente àTrincheira da Ceará, em fevereiro de 2013, iniciaram-se as obras, porém, três meses depois, pararam os trabalhos por conta de problemas com o solo. Foi retomada em janeiro de 2015 e seguiu até dezembro do ano seguinte, quando parou por falta de verba. No dia 26 de maio deste ano, a prefeitura quitou R$ 2,7 milhões que devia para as construtoras. Valor que era referente a um termo aditivo e mais um montante do passado que não havia sido quitado. Retoma-se aos poucos as obras e finalização da trincheira. A previsão da passagem de nível está para outubro deste ano — 94% da obra está pronta. O orçamento inicial era de R$ 29,5 milhões e, hoje, chega a R$ 39,3 milhões.

Já a Rua Anita Garibaldi, entre a Avenida Marechal Andréa e a Rua José Scutari, por causa de obras de drenagem, está liberada apenas para acesso local. Desde o dia 10 de junho, desvios de trânsito estão sendo realizados no bairro Passo d’Areia para nova etapa de macrodrenagem da bacia hidrográfica do Arroio Areia. O reinício das obras foi dado dia 13 de abril, com custo estimado de 9,8 milhões, com 90% dos serviços executados. A previsão de conclusão é de até seis meses.

Trincheira da Anita, 90% da obra concluída.

O prolongamento da Avenida Severo Dullius foi retomado no dia 14 de junho com a montagem do canteiro de obras. Trabalho que estava parado há mais de três anos. A obra permitirá a ligação com a avenida Sertório dando andamento a ampliação de 1,9 quilômetro de via, que está 49% concluída. Faltam ainda serem executadas as construções de duas pontes e o trecho que liga a Severo Dullius à rua Dona Alzira. A previsão da prefeitura é que o empreendimento seja entregue em 18 meses. O valor final estimado, até o término dos trabalhos, é de R$ 122,3 milhões.

Com 50% das obras concluídas, o trecho do corredor de ônibus que ainda falta ser feito na Avenida João Pessoa, entre a avenida Venâncio Aires e a Avenida Ipiranga precisa de nova licitação, após a construtora responsável entrar em recuperação judicial. A prefeitura estima que até janeiro de 2021 o corredor seja entregue.

A trincheira da Avenida Plínio Brasil Milano ainda não tem previsão de início. Em novembro de 2018, uma revendedora de carros foi demolida após a prefeitura conseguir reintegração de posse do local, quase na esquina com a avenida Carlos Gomes. A casa, que era empecilho para o viaduto, foi destruída. Escombros seguem no local.

José Fortunati, prefeito da capital gaúcha durante a Copa, destacou problemas externos para o não cumprimento dos prazos — dentre eles, a demora na liberação de recursos por parte da Caixa Econômica Federal, o que acabou ocorrendo somente em maio de 2013. “Se dependesse da prefeitura, todas as obras estariam prontas. A vida, infelizmente, impõe algumas condições. Tenho certeza de que as obras necessárias para a Copa do Mundo, todas elas acontecerão”, diz ele.

Após a conclusão das 14 obras de mobilidade urbana da prefeitura, Porto Alegre terá 2,4 km de novos viadutos, pontes e trincheiras; 33 km de vias duplicadas e faixas exclusivas de ônibus reformadas; 5,8 km de ciclovia na Avenida Tronco.

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