Porto Alegre: obras da Copa de 2014 ainda em andamento
Cinco anos após a Copa do Mundo no Brasil, muitas promessas não foram cumpridas em Porto Alegre, uma das 12 cidades-sede do Mundial de 2014. Do conjunto das 18 obras previstas para sanar as deficiências de infraestrutura, apenas as construções na Edvaldo Pereira Paiva, no entorno do Beira-Rio e o viaduto da Júlio de Castilhos, que fazem parte do Complexo da Rodoviária, foram terminadas a tempo para o evento.
O cronograma das obras beneficiadoras da cidade aconteceria antes, durante e depois realização dos jogos. O prazo dobrou e ainda hoje existem obras que não estão iniciadas. Ao todo, cinco projetos de mobilidade previstos para o Mundial de 2014 serão retomadas. A sequência dos trabalhos foi possível após um financiamento de R$ 120 milhões, obtido junto ao Banrisul. O ato contou com a presença do prefeito Nelson Marchezan Júnior, acompanhado de secretários e vereadores. O prefeito reiterou que nenhuma obra será iniciada ou retomada no município se não tiver os recursos disponíveis, cronograma e projeto executivo para que chegue ao seu final.
A novela das obras na Copa 2014 em Porto Alegre
No quesito Mobilidade Urbana, ações como na Avenida Tronco, na Zona Sul de Porto Alegre, entram para o hall das obras mais demoradas. Iniciada em 2012, seis quilômetros seriam pavimentados. A via começa perto do Jockey Club, seguindo até a rótula da Avenida Coronel Gastão Mazeron, onde haverá uma bifurcação: um caminho para a Terceira Perimetral e outro para a Rótula do Papa. Uma via de mão dupla, com corredor exclusivo para BRT, área e circulação de pedestres e ciclovia.
Para dar continuidade aos trabalhos, será preciso remover mais de 60 famílias. A prefeitura espera retirar todas as famílias até o final deste ano. Atualmente, a previsão de conclusão é 2020.
Obra na Avenida Tronco, iniciada em 2012, com previsão de conclusão somente em 2020.
Na Voluntários da Pátria, entre a rua Ramiro Barcelos até a avenida Sertório, um total de 2,6 quilômetros ainda não foram duplicados. Para começar o trecho doisda avenida, precisam ser resolvidas algumas desapropriações, não havendo previsão para que isso aconteça. A Voluntários é uma importante via paralela às avenidas Castello Branco e Farrapos. Via alternativa próxima à Estação Rodoviária, à zona Norte e também ao Aeroporto Internacional Salgado Filho e às saídas para rodovias BR 116 e BR 290, a freeway.
A obra na Avenida Cristóvão Colombo está parada desde que o consórcio que ganhou a concorrência desistiu do contrato alegando dificuldades financeiras. A construção teve início em 2013, com previsão de conclusão antes da Copa. A obra atrasou e em 2017 a construção foi paralisada. Para a conclusão é necessário o alargamento da Cristóvão Colombo, entre Honório Silveira Dias e Luzitana, muros de contenção e o acesso bairro/Sul. As licitações correm sem interessados, porém a previsão é concluir os trabalhos em oito meses, após a contratação da empresa.
Referente àTrincheira da Ceará, em fevereiro de 2013, iniciaram-se as obras, porém, três meses depois, pararam os trabalhos por conta de problemas com o solo. Foi retomada em janeiro de 2015 e seguiu até dezembro do ano seguinte, quando parou por falta de verba. No dia 26 de maio deste ano, a prefeitura quitou R$ 2,7 milhões que devia para as construtoras. Valor que era referente a um termo aditivo e mais um montante do passado que não havia sido quitado. Retoma-se aos poucos as obras e finalização da trincheira. A previsão da passagem de nível está para outubro deste ano — 94% da obra está pronta. O orçamento inicial era de R$ 29,5 milhões e, hoje, chega a R$ 39,3 milhões.
Já a Rua Anita Garibaldi, entre a Avenida Marechal Andréa e a Rua José Scutari, por causa de obras de drenagem, está liberada apenas para acesso local. Desde o dia 10 de junho, desvios de trânsito estão sendo realizados no bairro Passo d’Areia para nova etapa de macrodrenagem da bacia hidrográfica do Arroio Areia. O reinício das obras foi dado dia 13 de abril, com custo estimado de 9,8 milhões, com 90% dos serviços executados. A previsão de conclusão é de até seis meses.
O prolongamento da Avenida Severo Dullius foi retomado no dia 14 de junho com a montagem do canteiro de obras. Trabalho que estava parado há mais de três anos. A obra permitirá a ligação com a avenida Sertório dando andamento a ampliação de 1,9 quilômetro de via, que está 49% concluída. Faltam ainda serem executadas as construções de duas pontes e o trecho que liga a Severo Dullius à rua Dona Alzira. A previsão da prefeitura é que o empreendimento seja entregue em 18 meses. O valor final estimado, até o término dos trabalhos, é de R$ 122,3 milhões.
Com 50% das obras concluídas, o trecho do corredor de ônibus que ainda falta ser feito na Avenida João Pessoa, entre a avenida Venâncio Aires e a Avenida Ipiranga precisa de nova licitação, após a construtora responsável entrar em recuperação judicial. A prefeitura estima que até janeiro de 2021 o corredor seja entregue.
A trincheira da Avenida Plínio Brasil Milano ainda não tem previsão de início. Em novembro de 2018, uma revendedora de carros foi demolida após a prefeitura conseguir reintegração de posse do local, quase na esquina com a avenida Carlos Gomes. A casa, que era empecilho para o viaduto, foi destruída. Escombros seguem no local.
José Fortunati, prefeito da capital gaúcha durante a Copa, destacou problemas externos para o não cumprimento dos prazos — dentre eles, a demora na liberação de recursos por parte da Caixa Econômica Federal, o que acabou ocorrendo somente em maio de 2013. “Se dependesse da prefeitura, todas as obras estariam prontas. A vida, infelizmente, impõe algumas condições. Tenho certeza de que as obras necessárias para a Copa do Mundo, todas elas acontecerão”, diz ele.
Após a conclusão das 14 obras de mobilidade urbana da prefeitura, Porto Alegre terá 2,4 km de novos viadutos, pontes e trincheiras; 33 km de vias duplicadas e faixas exclusivas de ônibus reformadas; 5,8 km de ciclovia na Avenida Tronco.