Resenha “O Avesso da Pele” de Jeferson Tenório

O Avesso da Pele • Jeferson Tenório • Companhia das Letras • 192 páginas

💬 “É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo.”

O livro é vencedor do Prêmio Jabuti e está no Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD), infelizmente uma obra tão importante vem sendo censurada nas escolas, como podemos acompanhar nos últimos dias.

A justificativa da proibição são os termos s3xua1s, mas não há nada que não tenha em outros livros que estudamos na escola no Ensino Médio como O cortiço e Capitães da Areia, por exemplo. O foco de O avesso da Pele não é esse e sim denunciar o racismo que os negros sofrem diariamente, somente pela sua cor da pele, onde são julgados, agredid0s, sofrem violênci4/abordagem policial e precisam estar sempre em alerta, sem conseguir viver em paz.

O autor usa do cotidiano para a sua narrativa, tornando tudo semelhante a realidade, quem nunca conheceu alguém que passou por essas situações ou que já passou por isso? Nos indignamos, assistimos no noticiário todos os dias atos rac1stas que muitas vezes levam a m0rt3. Então é preciso sim que obras como essa sejam lidas em escolas e em todo o lugar.

No livro, um filho conta a história de seu pai já m0rt0, com toda a sua sensibilidade, aos poucos o conhecemos, desde a infância até o seu último dia. Como esse personagem é um professor, acompanhamos a sua vivência em sala de aula, mas também os seus medos, seus sonhos, sua tristeza, seus relacionamentos, sua família.

Além disso, conhecemos a história da mãe do narrador e até dele, mesmo que brevemente, pois o foco maior é no pai.

A história se passa um pouco no Rio de Janeiro, mas em sua maior parte em Porto Alegre, então muitos lugares que eu conheço da capital estiveram presentes.

Uma leitura fluída, um livro que apesar de pequeno, nos faz refletir muito por dias, recomendo muito a leitura!

É hora de ler, apoiar o autor e não aceitar a censura do livro. Vamos juntos?

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