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🔹 Boletim Ser Linguagem #005

Destaque: A área de Linguística e Literatura sob a caneta de uma mulher depois de 23 anos (!)

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Alô, pensantes! Dawton aqui.

No domingo 17/06, liberei a edição #004 do Boletim, com uma primeira parte do tanto de conteúdo que acumulamos do lado de lá. Se você não recebeu, pode clicar aqui para conferir. Na edição de hoje, com um layout reformulado, trago mais notícias que tenham a ver com a área de Linguística e Literatura.

Suprimi, mais uma vez, a seção de eventos, mas você pode acompanhar divulgações nos perfis do blog nas redes sociais (botões logo acima). Viu alguma notícia legal sobre linguagem? Publicou ou leu um artigo legal? Soube de algum evento, concurso ou chamada para publicação? Manda pra mim em serlinguagem@gmail.com e construamos um espaço cada vez mais colaborativo de compartilhamento de informações.

Não deixe de responder esta mensagem dizendo se curtiu o novo design do boletim. Se gostar do conteúdo, fique à vontade para compartilhar! :)

Vamos às pautas!
Dawton Valentim

Linda né? Criada por Minna Sundberg, essa imagem tá num post do site Visual Capitalist que aborda uma série de dados sobre as centenas de idiomas mundo afora. Tem outros gráficos bem legais lá.

Castelhano versus basco | Conflito ao norte da Espanha nos dá uma ótima chance de observar a importância de discutir política linguística

No começo do mês, dia 02, 30 mil (de acordo com a organização) ou 15 mil (de acordo com a Polícia Municipal) pessoas foram às ruas para protestar contra uma medida do governo de Navarra que implementou a obrigatoriedade do uso do idioma basco ou euskera para a redação de documentos estatais. A intenção do governo é ampliar a promoção de iniciativas que preservem o euskera, idioma que já fora proibido em ditaduras do passado (e em situações nem tão passadas assim, considerando o árbitro de futebol que ameaçou expulsar jogadores que falassem em basco) e cujas raízes linguísticas são desconhecidas até pra quem é da área.

Nas nações que falam basco, esta não parece ser uma polêmica recente. Uns dizem que o governo de esquerda quer banir o castelhano (ou espanhol), outros dizem que os governos de direita nunca tomaram atitudes para preservar o basco, historicamente marginalizado, apesar de ser um dos idiomas oficiais de Navarra.

Enquanto quem marchou no 02 de junho diz que foi contra a medida estatal e não contra o euskera, há quem discorde. Koldo Martínez acredita que a antiga polêmica, que desconsidera o fato de plurilinguismo ser soma e não exclusão de línguas, é uma manobra política de ataque ao atual governo.

Se isso tudo já não é suficiente para lembrar textos de Rajagopalan sobre Política Linguística, li o termo “dialeto” sendo usado em referência ao basco e foi impossível não ser remetido ao linguista afirmando que o que diferencia um dialeto de um idioma é que este tem bandeira e exército. Seja uma perspectiva ou outra, achei interessante ver a relevância da discussão de forma tão palpável.

Áreas da CAPES têm novas coordenações | E a área de Linguística e Literatura, depois de 23 anos, voltou a ser coordenada por uma mulher

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) publicou no dia 6 de abril os nomes dos novos coordenadores de área de avaliação. São 49 áreas, cada uma contanto com uma coordenação composta por três pessoas: uma coordenadora, uma coordenadora adjunta e uma coordenadora adjunta de mestrado profissional. Segundo a agência, coordenadores “são consultores designados para coordenar, planejar e executar as atividades de suas áreas junto à CAPES, incluindo aquelas relativas à avaliação dos programas de pós-graduação”. A gestão desses consultores dura 4 anos e começou em 17 de maio.

A grande área de Linguística e Literatura passou, assim a ser coordenada pela Prof.ª Dr.ª Germana Maria Araújo Sales, do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) e diretora de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Ah, e graduada em Letras pela UECE! \o/

Prof.ª Dr.ª Germana Sales

Ao portal eletrônico da UFPA, Germana destacou que uma mulher não ocupa o cargo desde 1995. A professora, segundo a própria UFPA, é a única, dentre as 49 pessoas coordenadoras, vinculada a uma instituição do Norte. Também integram a coordenação os professores José Sueli de Magalhães (UFU) e Sulemi Fabiano Campos (UFRN).

Aliás, o Jornal Nexo fez uma matéria em que apresenta o mais recente perfil das pessoas mestras e doutoras no Brasil. Em 1970, mulheres eram apenas 20%; hoje, são a maioria. E a leitura da Galoá vai além: a pós-graduação está cada vez mais jovem. Vale a pena dar uma lida.

Você já fez o seu ORCID? | Organização sem fins lucrativos fornece identificador internacional para pesquisadores, uma espécie de DOI para pessoas

DOI (Digital Object Identifier) ou Identificador Digital de Objetos é famoso na academia científica por ser um código único de identificação, especialmente, de artigos acadêmicos publicados. Quem nunca viu o Lattes cobrando DOI quando entramos lá? Ele serve como um CPF para documentos/arquivos publicados. Agora imagine haver um código assim para pesquisadores. Pois bem, esta é a proposta do da ORCID (Open Research and Contributors Identification), uma plataforma sem fins lucrativos que fornece uma identificação única que pode individualizar pesquisadores, evitar confusões de homonímia e contribuir para uma comunicação científica mais internacionalizada. Se a proposta já é relevante per si, fica mais: CAPES, CNPq, IBICT, CONFAP e SCIELO discutiram e lançaram o Consórcio Brasileiro ORCID, de modo que, a partir do ano que vem, o número ORCID passará a fazer parte de nossa rotina obrigatoriamente. Será nosso CPF acadêmico, pelo que tudo indica. Já fez o seu?

Residência pedagógica entra em vigor | Iniciativa visa fortalecer cursos de licenciatura

Você já deve ter ouvido falar da residência médica, aquele período de tempo em que o médico recém-formado (ou em formação? Sou de humanas) atua em ambientes médicos para especialização e aperfeiçoamento. Há alguns anos, rumores davam conta de que o governo lançaria algo semelhante para as licenciaturas. Depois de ameaças ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), finalmente, chegou a residência pedagógica. UECE e UFC foram contempladas e já estão selecionando estudantes que estejam para lá da metade do curso de graduação e que disponham de até 18 horas para as atividades da bolsa, que pode durar 18 meses. Mais detalhes aqui.

Artigo da edição

O colega Marcos Roberto Amaral enviou um artigo publicado em coautoria com o Prof. Dr. João Batista Gonçalves para compartilharmos. Com o objetivo de discutir a contribuição da Análise Dialógica do Discurso (ADD), fundada nas ideias bakhtinianas, sobre uma metodologia de análise textual que mostre efeitos de sentido decorrentes da relação com o discurso de outrem constitutivo do próprio discurso, notado pela emergência de vozes em tensão num mesmo enunciado, o artigo pode ser acessado a seguir.

Quer compartilhar uma publicação também? Envie para serlinguagem@gmail.com

Gostou dessa edição? Não se esqueça de dar um feedback. Gratidão e até!

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