Servidores Inovadores: Implantação do Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid — CARP de Macaé
O projeto foi vencedor do 2º lugar do Prêmio Servidores Inovadores e já contabiliza mais de 600 atendimentos desde sua inauguração há menos de 1 ano.
Por: Renatta Viana/Alice Tavares (Secretaria de Ensino Superior)
Quando o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, em fevereiro de 2020, ninguém imaginava que o número de infectados iria aumentar com tamanha rapidez. No entanto, pouco tempo depois, a situação se agravou em diversos países e a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que o mundo estava vivendo uma pandemia. Não há como negar que diante desse acontecimento, os hábitos da população mudaram e foi necessário realizar grandes transformações na rotina para evitar a disseminação do vírus.
As mudanças e aprendizados se deram e ainda se dão a partir da alta hospitalar ou do quadro pós-Covid, entendendo que a lista de sequelas ainda aumenta a cada dia. E é essa a pergunta que fica: O que vem depois da doença? Essas sequelas ainda estão sendo estudadas pela ciência e vão muito além das consequências respiratórias e pulmonares, como fadiga e falta de ar. Alguns estudos apontam que cerca de 80% dos pacientes de Covid-19 que se recuperam apresentam algum tipo de sintoma até quatro meses depois da infecção.
Pensando nesse panorama, trabalhando na área da saúde e atuando na linha de frente ao combate da doença é que servidores públicos de Macaé vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, desenvolveram um projeto que faz parte do I Prêmio Servidores Inovadores, na categoria Atendimento ao cidadão e foi vencedor do 2º lugar, chamado: “Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid — CARP de Macaé”. A implantação do Centro se deu através dos funcionários públicos: Nichollas Augusto Ribeiro Martins, Fabiana Paschoal dos Santos, David Teixeira dos Santos e Janaina Marques Barreto.
Inaugurado em novembro de 2021, o CARP que funciona no Centro de Reabilitação Dona Sid Carvalho onde fica o Centro de Especialidades Médicas Dona Alba no Centro da cidade, visa o acolhimento/atendimento dos usuários do Sistema Público de Saúde, com sequelas decorrentes da Covid-19.
Segundo Nichollas Augusto, representante do projeto, a adoção do Modelo Desconcentrado de Gestão em Saúde tem como objetivo estabelecer o fluxo de encaminhamento em rede, utilizando o programa de acolhimento e sistema de regulação próprio para as especialidades médicas e exames.
No CARP é possível realizar avaliações, encaminhamentos e tratamentos especializados dos indivíduos com sequelas na saúde física ou mental em decorrência do vírus para atendimento ambulatorial na rede de Atenção Primária à Saúde do município de Macaé, garantindo dessa forma, maior celeridade e principalmente humanização na oferta dos serviços públicos de saúde. Esse projeto é realizado e desenvolvido pela Coordenação da Divisão Especial de Fisioterapia e Reabilitação do Município de Macaé, por meio da Desconcentração Administrativa após aprovação da Resolução CMS/Macaé 008/2021 do Conselho Municipal de Saúde na Sessão Plenária do dia 06/09/2021, pontuou o servidor.
Toda a população de Macaé se beneficia uma vez que muitos pacientes acometidos pela doença, apresentam quadro de sequelas e necessitam de cuidados especializados. A adoção do novo modelo implica na utilização de recursos humanos próprios da Rede Pública (Quadro de Pessoal), tornando os atendimentos dos serviços de saúde mais resolutivos, céleres e humanizados. No CARP há uma equipe multidisciplinar composta por clínico geral, pneumologista, fisioterapeuta, assistente social, psicólogo, entre outros profissionais.
Fabiana Paschoal dos Santos é umas das autoras do projeto e assistente social do CARP. Ela conta que através do serviço social, se conhece mais sobre o paciente e sua história de vida, entendendo de que forma foi afetado pela Covid e após minuciosa análise, esse indivíduo é encaminhado exatamente para onde precisa, para ser tratado da melhor e mais eficaz forma possível.
“Realizamos bioimpedância, exame que analisa a composição corporal indicando a quantidade aproximada de músculo, osso e gordura. O uso do laser com foto biomodulação, que é o uso do laser em baixa potência para recuperação dos tecidos em desequilíbrio e para os casos de fadiga e alteração de olfato e paladar; e também a análise genômica, ferramenta utilizada para estudar e descobrir novos genes de doenças. Além disso, a própria reabilitação do corpo é feita através da fisioterapia”, descreveu Fabiana.
A medicina explica que a “tempestade inflamatória’ causada pelo vírus libera uma série de substâncias que atacam órgãos variados e dificulta a recuperação. O paciente que passou pela Covid antes de retomar suas atividades normais, precisa recuperar sua funcionalidade e isso exige um esforço multidisciplinar no pós-alta. E é justamente esse trabalho multidisciplinar e integrado, que o CARP realiza. Qualquer pessoa que já tenha tido Covid pode receber o atendimento, basta apresentar um resultado/comprovante de que teve a doença. O acesso é facilitado através do instagram e whatsapp.
Marinete Moura teve Covid em fevereiro deste ano e apesar de não ter ficado internada, o período pós doença lhe deixou sequelas como: dores nas articulações, dificuldade de locomoção, dores de cabeça recorrentes e falha na memória. A partir daí, entrou para o programa de pós Covid e começou a fazer os tratamentos com pneumologista, neurologista e outros especialistas que cuidaram das sequelas que ficaram.
Em cerca de 20 dias eu já estava com outro quadro de saúde, praticamente 100% e então, pesquisadores da UFRJ fizeram comigo a terapia a laser que avalia todas as questões respiratórias. Quem não conhece esse órgão, que não sabe que esse local existe, fica convivendo com as sequelas dessa doença sem saber que há uma forma de tratar, encerrou a paciente.
David Teixeira dos Santos, coordenador do Centro de Reabilitação Dona Sid Carvalho e que também integra a equipe, conta que as pessoas que buscam a reabilitação ainda estão tentando entender todo o contexto que envolve a doença, principalmente depois de tê-la vivido. A ideia do CARP é fazer o primeiro contato e encaminhar para atendimento especializado depois que ele passa pelo serviço social e acolhimento.
- “Antes de mais nada pensamos no atendimento humanizado. O paciente quando chega aqui é assistido e encaminhado, não fica perdido na rede aguardando sem saber pra onde vai, porque temos uma resolução própria. São tantas histórias, tantos casos, tantas situações vividas. Esse lugar é a esperança de muita gente”.
DADOS GERAIS — No Brasil, ainda não há estudos que detalhem os sintomas mais comuns entre os ‘recuperados’, mas, de acordo com pesquisadores de universidades da Suécia, Estados Unidos e México, os cinco sintomas de Covid prolongada mais recorrentes são a fadiga (58%), dor de cabeça (44%), problemas para manter a atenção (27%), queda de cabelo (25%) e falta de ar (24%). Para chegar a esses resultados, eles avaliaram estudos feitos sobre o tema com 48 mil pacientes.
Saiba mais:
A publicação Cartas da Pandemia: o que você diria para as próximas gerações sobre a Pandemia de Covid-19? foi elaborado em parceira entre o CARP/ Prefeitura de Macaé e a Universidade Federal Fluminense (UFF). O acesso ao livro pode ser feito pelo link: https://drive.google.com/u/0/uc?id=1z9ses4XuqGO2dO2PMMpfIFL742686n8n&export=download . Ou pelo QRCODE da imagem abaixo:
