NA ESBÓRNIA
NA ESBÓRNIA
Se, de pernas para o ar, me alucinares,
Entregue aos meus desejos; aos meus beijos.
Talvez te dedilhasse alguns arpejos
Pelas tuas auréolas, com vagares…
— Dar-te-ia mil amores por me amares!…
Confesso que ao rondar por lupanares,
D’outras tantas beldades fiz ensejos;
Entre alheias alcovas, percevejos
Aturei para o mal de meus azares!
— Dar-te-ia mil amores por me amares!…
Ébrio fauno, por todos os lugares
Onde uma luz vermelha aos azulejos,
Eu fiz a meretrizes mil gracejos
No afã de conhecer-lhes os folgares.
— Dar-te-ia mil amores por me amares!…
Aceita, bela dama, meus bons ares
Em troca de carinhos benfazejos:
Pelas noites de Vênus, sem bocejos,
Eu terei os prazeres que me ousares!…
— Recebe mil amores por me amares!…
Betim — 09 07 2020