Conhecimento e tecnologia adquiridos com o SGDC servirão de base para o desenvolvimento de novos satélites brasileiros

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4 min readJan 25, 2018

Com o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) em operação, uma série de benefícios e serviços serão usufruídos pelo país, as Forças Armadas e a população em geral, como a ampliação do acesso à internet e a segurança das comunicações estratégicas do governo federal e de defesa. Mas as vantagens com o advento do equipamento vão muito além e têm condição de alavancar a participação do Brasil como uma potência mundial no setor aeroespacial.

A projeção é que sejam produzidos mais dois satélites de comunicações da classe do SGDC — previstos para irem ao em um período de cinco anos entre eles. Com um diferencial importante: a utilização da mão de obra especializada durante o desenvolvimento do equipamento na França e de partes do satélite construídos a partir do processo de transferência de tecnologia firmado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Thales Alenia Space, empresa construtora do satélite.

VÍDEO DO MINISTRO GILBERTO KASSAB FALANDO SOBRE BENEFÍCIOS DA ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA — ESTÁ NO NOSSO ARQUIVO DA ASCOM

O processo de construção do SGDC envolveu um Acordo de Transferência de Tecnologia Espacial (ToT, na sigla em inglês) para que empresas brasileiras tivessem acesso a tecnologias de última geração utilizadas na construção do equipamento geoestacionário. Em setembro de 2015, uma chamada pública conjunta entre a AEB e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) selecionou cinco companhias para participarem dessa iniciativa. Até 2018, R$ 22,5 milhões devem ser repassados às empresas por meio de subvenção econômica — sem a devolução do capital investido.

COLOCAR INFO COM AS EMPRESAS E SUAS AÇÕES

- Fibraforte

Recebimento de capacitação técnica voltada ao domínio do ciclo de desenvolvimento do sistema de propulsão monopropelente (que utiliza só um tipo de combustível) para pequenos satélites.

- Orbital Engenharia

Absorção de tecnologias aplicáveis à construção de sistemas de potência e geradores solares para satélites.

- AEL Sistemas

Obtenção do projeto de transferência de tecnologia de dois tipos de circuitos integrados para aplicações embarcadas em satélites.

- Equatorial Sistemas

Designada para receber tecnologia de controle térmico para equipamentos espaciais.

- Cenic Engenharia

Encarregada do desenvolvimento de estruturas mecânicas à base de fibra de carbono para cargas úteis de observação da Terra, como câmeras ópticas.

“Esses foram os maiores ganhos em termos de tecnologia para o Brasil. O desafio agora é reter o conhecimento adquirido. Começamos a ter condições de ingressar em uma cadeia de fornecimento para satélites geoestacionários”, afirmou o presidente da Visiona, Eduardo Bonini, em entrevista à Revista Finep.

Base para outros satélites

O conhecimento e a tecnologias adquiridos no processo de construção do SGDC, por meio dos acordos de absorção e transferência de tecnologia firmados, servirão também para alavancar o programa brasileiro de desenvolvimento de satélites. E não apenas os geoestacionários e de grande porte.

O futuro para o Brasil é apostar em equipamentos espaciais cada vez menores, mas com alta capacidade de realizar missões com as mais diversas finalidades. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu a Plataforma Multimissão (PMM), uma estrutura-base para a fabricação de satélites de médio porte — de até 500 quilos — de conteúdo nacional que poderão ter diversas aplicações.

O primeiro equipamento espacial que utiliza essa base é o Amazonia-1, projetado para ir ao espaço no ano que vem. Ele terá a capacidade de fazer imagens de qualquer ponto do planeta em até cinco dias — período necessário para dar uma volta completa ao redor da Terra.

“Não tem no Brasil uma plataforma desse nível de complexidade e com essas características. Passamos a dominar o ciclo completo de satélites estabilizados em três eixos. Conquistamos uma autonomia para o país”, destacou o coordenador do Programa de Satélites Baseados na PMM do Inpe, Adenilson Silva.

Outra aposta nacional é o desenvolvimento de satélites de pequeno porte. A avaliação da Agência Espacial Brasileira é que, no futuro, os artefatos espaciais tendem a ser cada vez menores. São cubesats, nanossatélites e até microssatélites, pesando poucos quilos ou até mesmo gramas e, ainda assim, executando as suas missões com alta qualidade.

COLOCAR CARTELA INDICANDO OS TAMANHOS DE SATÉLITES

- SATÉLITES GEOESTACIONÁRIOS

- NANOSSATÉLITES

- CUBESATS

- COLOCAR TAMBÉM ÓRBITAS (BAIXA, INTERMEDIÁRIA E GEOESTACIONÁRIA)

Para se ter uma ideia, o SGDC pesa seis toneladas (ou seis mil quilos). Constelações de satélites de observação da Terra, já em operação, são capazes de mapear todo o planeta pesando algo em torno de cinco quilos em apenas uma hora. No Brasil, as iniciativas com os artefatos de menor porte, nanossatélites e cubesats, estão concentrados em universidades, atuando em conjunto para a formação de recursos humanos para o setor aeroespacial.

“Hoje se fala em satélites de quilos, até de gramas. Essa tecnologia de satélites precisa ser amplamente dominada pelo Brasil e precisamos ser capazes de fazer satélites para diferentes propósitos, de diferentes tamanhos. E, além disso, termos condição de lançar esses equipamentos. Nossa expectativa é que o segundo satélite da família do SGDC possa ser inteiramente nacional e que possamos lança-lo ao espaço”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Alvaro Prata.

CARTELA COM PROGRAMAS DE PEQUENOS SATÉLITES APOIADOS PELA AEB

- SERPENS

- ITASAT

- NANOSATBR-1

Veículo próprio

O esforço nesse sentido já está em andamento. A Agência Espacial Brasileira (AEB) capitaneia o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS), um foguete brasileiro que será capaz de levar artefatos de médio porte — como os da série Amazonia citados acima — ao espaço.

“A Agência Espacial tem conhecimento dessas novas tecnologias [de satélites de menor porte]. O que temos estudado é o casamento dessas novas tecnologias com o programa de lançadores. Nós almejamos, para um futuro próximo, viabilizar um lançador que nos permita operar na faixa de satélites de 500 quilos, o que vai nos dar uma vantagem competitiva. O conhecimento obtido na construção vai ajudar nesse desenvolvimento”, ressaltou o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Carlos Gurgel.

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