Um satélite para garantir a segurança das informações de defesa e do governo, além de promover o acesso universal à banda larga

MCTIC
SGDC
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5 min readDec 11, 2017

O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) é o primeiro equipamento geoestacionário brasileiro de uso civil e militar. Fruto de uma parceria entre o MCTIC e o Ministério da Defesa, recebeu R$ 2,7 bilhões em investimentos. Adquirido pela Telebras, o equipamento é ancorado em duas premissas: a garantia da segurança das comunicações estratégicas das Forças Armadas e do governo e a implementação do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).

Para tanto, ele foi munido com equipamentos que atuam nas bandas Ka e X, com diferentes utilizações. A primeira será utilizada para comunicações estratégicas do governo e para a ampliação do acesso à banda larga no território nacional — especialmente em áreas remotas. Já a segunda, que corresponde a 30% da capacidade do satélite, é de uso exclusivo para a comunicação das Forças Armadas.

“Nos últimos 30 anos, o Brasil conseguia desenvolver esses serviços de comunicação, seja civul ou militar, por meio da utilização de satélites estrangeiros. E isso não é o ideal, especialmente quando se trata de comunicações estratégicas de defesa. Havia um apelo muito forte para que o país tivesse o seu próprio satélite geoestacionário de comunicação, não só para o atendimento das comunicações de defesa, mas para outros serviços importantes”, observou o presidente da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Braga Coelho.

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Ficha Técnica

SGDC

Cliente: Visiona Tecnologia Espacial S.A., no âmbito de um contrato-chave com a Thales Alenia Space

Contratante principal (prime contractor): Thales Alenia Space

Missão: Telecomunicações — acesso à internet banda larga, defesa e comunicações estratégicas

Massa: 5,8 toneladas

Estabilização: 3 eixos

Dimensões: 7,10 m x 2,20 m x 2,0 m

Envergadura ( com os painéis solares abertos): 37 metros

Plataforma: Spacebus 4000C4

Energia a bordo: 12 kW

Vida útil: mais de 18 anos

Posição orbital: 75° Oeste

Área de cobertura: Brasil

Cobertura das bandas X e Ka: nacional

Transponders da banda Ka: 57

Canais da banda X: 5

Para o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, o SGDC tem um importante papel social. Com ele, será possível incluir os cidadãos de todo o país e garantir que tenham acesso aos serviços públicos, além de impactar positivamente a atividade produtiva.

ASPA DESTACADA

”Inclusão digital é ferramenta essencial ao Brasil, para que se torne mais desenvolvido e justo, e permitindo que se explore em sua amplitude os diferentes potenciais da internet. Isso vale tanto para o acesso à banda larga pelo cidadão, quanto aos serviços públicos, como o atendimento em saúde e educação — e a conexão à rede de unidades distantes dos grandes centros que vamos promover em parceria com os respectivos ministérios –, quanto para a nossa produção econômica, com impacto, por exemplo, no agronegócio brasileiro”.

Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

CONHECIMENTO ABSORVIDO

Além de assegurar a independência e a soberania das comunicações de defesa, o acordo de construção do satélite envolveu largo processo de absorção e transferência de tecnologia, com o envio de 50 profissionais brasileiros para as instalações da Thales Alenia Space, em Cannes e Toulouse, na França. São especialistas da Agência Espacial Brasileira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), além do Ministério da Defesa e das empresas Visiona e Telebras.

Esses profissionais capacitados na Europa, engenheiros e técnicos, aprenderam a operar e controlar o equipamento em solo, um trabalho que será feito por militares a partir do 6° Comar e da Estação de Rádio da Marinha, no Rio de Janeiro (RJ). Também há outros cinco gateways — estações terrestres com equipamentos que fazem o tráfego de dados do satélite — que serão instalados em Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Campo Grande (MS) e Salvador (BA).

INFOGRÁFICO MOSTRANDO COMO FUNCIONA O SATÉLITE

Sequência de funcionamento

1 — O SGDC está posicionado a 36 mil quilômetros de altitude, na linha do equador. Nessa órbita, ele gira na mesma direção e velocidade de rotação da Terra. Por isso, para um observador na superfície do planeta, ele parece estar parado.

2 — Satélites da classe do SGDC criam canais de comunicação entre uma fonte transmissora e outra receptora, situadas em regiões geográficas distintas.

3 — A principal estação de controle está instalada no 6º Comando Aéreo Regional (VI Comar), em Brasília — com uma unidade de backup na Estação de Rádio da Marinha, no Rio de Janeiro. Há cinco gateways (Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Campo Grande e Florianópolis) responsáveis por enviar para o SGDC sinais eletromagnéticos, que são amplificados e rebatidos de volta ao Brasil.

4 — O sinal enviado pelo SGDC é captado por uma rede de antenas distribuídas pelos Brasil, que levam o sinal aos consumidores. Aviões e navios também vão utilizar o satélite para se comunicarem com centros de controle.

“Durante toda a construção do satélite, houve uma atuação coordenada dos engenheiros da Telebras e da Visiona, que acompanharam o processo de construção do equipamento na França, além da transferência de tecnologia para as empresas nacionais que participaram desse processo. A partir da entrada em operação, os engenheiros capacitados terão todo o controle do equipamento nos centros de operação de Brasília e Rio de Janeiro”, afirmou o assessor de Assuntos Internacionais da Telebras, Luiz Fernando Ferreira Silva.

A aquisição do satélite da Thales Alenia Space ocorreu após uma competição internacional, via contrato com a Visiona, uma joint venture entre a Telebras e a Embraer. A criação da Visiona, em 2012, corresponde a uma das ações selecionadas como prioritárias no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para atender aos objetivos e às diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).

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PONTA DE LANÇA

Desde os anos 1960, o Brasil tem trabalhado para alcançar a autonomia espacial. Em busca disso, firmou parcerias para desenvolver veículos lançadores e satélites de exploração, começando com o Satélite de Coleta de Dados (SDC), responsável por recolher informações atmosféricas, e passando pela família do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers), capaz de fazer sensoriamento remoto da superfície do planeta. O passo seguinte foi a construção de um equipamento capaz de garantir o fornecimento e a segurança das comunicações no país, papel que é cumprido pelo SGDC. A criação de um artefato com essas utilizações é parte, também, do desenvolvimento do programa brasileiro de produção de satélites.

“É um marco para o Brasil, assim como o Cbers foi para o segmento de observação da Terra. O SGDC marca por ser geoestacionário e de comunicações. Nós estamos completando o desafio de poder desenvolver para o país satélites de várias categorias e fundamentais para qualquer nação, que são de comunicações e de observação da Terra”, afirmou o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho.

Para o secretário de Telecomunicações do MCTIC, André Borges, o satélite representa um marco para a inclusão digital no Brasil. A entrada do SGDC em operação vai permitir que qualquer brasileiro, em qualquer ponto do território nacional, possa acessar recursos digitais que, anteriormente, não tinha condições por conta da falta de infraestrutura de acesso à internet.

“A banda larga é o pilar essencial, a fundação da agenda digital. Isso significa que as pessoas vão desenvolver suas atividades cada vez mais suportadas pela infraestrutura de tecnologias da informação e comunicação [TIC]. A população excluída vai passar a ser incluída no mundo digital”, apontou.

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