Crédito às ideias: Você reconhece e atribui suas fontes de inspiração?

Paula Prado
She Leads Brasil
4 min readMay 5, 2024

--

A inspiração é um motor criativo poderoso, que impulsiona a inovação e o progresso em todas as áreas da vida. No entanto, sua manifestação levanta questões éticas importantes, incluindo a atribuição adequada de créditos à propriedade intelectual e a regulamentação dos direitos autorais em plataformas de mídia social.

O ano é 2024 e, em algum momento da sua vida, já deve ter ouvido que nada se cria, tudo se copia. Mas será? Vivemos o fim da era de ideias originais?

Há tantos questionamentos em torno da discussão ética sobre a linha tênue que separa a inspiração do plágio e do uso indevido de propriedade intelectual, que não há como dar conta de todos em apenas um ensaio.

Mas, convido você a refletir, se questionar e, quem sabe, ajudar a promover um ambiente digital sadio e que, principalmente, proteja mulheres e seus negócios das armadilhas dos algoritmos.

Obra livremente inspirada em evitar plágio na criação de conteúdo

A linha que separa a inspiração do plágio pode ser tão sutil quanto complexa. Inspirar-se em ideias, conceitos ou obras de outros é natural e, muitas vezes, essencial para o processo criativo. Isso é chamado de criar repertório. Tudo que você cria é fruto do que viu, ouviu, viveu, das pessoas que você conheceu e das histórias com que teve contato. Cada experiência serve pra te ajudar a formar esse repertório.

Vamos a um exemplo. Eu, como consumidora do gênero de ficção científica e fantasia, observo em diversas obras referências a criações que vieram antes. É natural e até me divirto buscando referências e inspirações. Isso contribui para o meu repertório. George Lucas não criou Jedis do nada. James Cameron viu em alguma fonte a centelha para o enredo do Exterminador do Futuro. Antes e até durante seus processos criativos, eles consumiram muito conteúdo que ajudou a dar corpo as suas ideias, a abrir portas à criatividade.

O nome disso é inspiração e é preciso atenção para não passar dessa fronteira.

Quando a inspiração se transforma em cópia, ocorre uma violação de ética e direitos autorais. Por exemplo, você pode compartilhar um pensamento original e cometer plágio, quando faz isso usando uma obra de terceiros sem citar a fonte. Se você lê um livro, ou um artigo e o usa como base para produzir um conteúdo original, você também comete plágio. Porque usar a linha de raciocínio lógico de outra pessoa, mesmo colocando suas palavras e conceitos por cima, ainda é usar o trabalho de outra pessoa. Isso acontece na música quando um artista muda tonalidades, mas mantém toda estrutura original. É uma obra nova e mesmo assim, um plágio.

É crucial reconhecer e respeitar a contribuição intelectual dos outros, dando crédito quando apropriado, abrindo diálogos e fortalecendo as relações entre as pessoas.

Uso Indevido de Propriedade Intelectual

O uso indevido de propriedade intelectual é uma preocupação, especialmente em um ambiente digital onde a informação é facilmente compartilhada e replicada em escala global. Plataformas de mídia social oferecem espaços e fomentam a expressão criativa e o compartilhamento de conteúdo.

E a regulamentação dos direitos autorais em redes sociais é um assunto complexo. Como equilibrar os interesses dos criadores, plataformas e usuários?

Mesmo com leis, politicas e ferramentas como uso de algoritmos de detecção de conteúdo protegido para ajudar a inibir o uso indevido, é muito difícil a fiscalização, por isso é fundamental respeitar os direitos autorais e as licenças associadas às obras, não importa o tamanho do negócio, ou abrangência da sua rede. Creditar devidamente protege a todos.

Mas para isso, há uma necessidade de educação e conscientização sobre os limites legais e éticos do uso de conteúdo protegido.

Proteção dos negócios das mulheres

A sororidade, ou solidariedade entre mulheres, é um princípio fundamental para promover um ambiente online mais inclusivo e respeitoso.

Usar ideias e conteúdo sem dar crédito ou a referência adequada acontece dentro e fora do ambiente corporativo. Mas são as mulheres as mais afetadas. Elas são frequentemente mais interrompidas e descredibilizadas. As redes sociais dão a elas a chance de ter voz, mas ainda as deixam vulneráveis a ter seus projetos e criações usadas sem que recebam o devido crédito.

Isso conta até mesmo se você não é uma empreendedora monetizando com a ideia de outra, pois existem diversas formas de ser beneficiada: você pode não estar ganhando dinheiro, mas pode estar construindo uma imagem, reputação e credibilidade em cima de ideias que não partiram de você.

Apoiar e valorizar as contribuições das mulheres nas redes sociais, reconhecendo suas realizações, ajuda a combater o sexismo, a misoginia e a criar uma cultura onde as redes sociais podem se tornar espaços mais seguros e empoderadores para todas as pessoas, independentemente de gênero.

A inspiração é uma força criativa poderosa, mas sua expressão deve ser acompanhada de responsabilidade e respeito pelos direitos autorais e pela propriedade intelectual. Aqui, acreditamos que vamos todas, juntas, sempre. Assim, seremos um espaço que promove, valoriza e fortalece a força criativa feminina.

--

--

Paula Prado
She Leads Brasil

Jornalista, Swifitie, ativista dos direitos femininos e equidade de gênero. Aprendendo e compartilhando sobre humanidade, comunicação e Jurassic Park.