Cooperativismo e UX design

Julia Pelegrini
SicrediDesign
Published in
7 min readDec 6, 2022
A imagem mostra um círculo com fundo de cores neutras e 6 mãos que se unem no centro, representando a colaboração e cooperativismo. Cada uma das mãos presente na imagem pertence a uma pessoa diferente, sendo representada por roupas e acessórios diferenciados para cada um, como mangas de roupas de cores diferenciadas e pulseiras nas cores azul e dourada.

Parte 1: O que é o cooperativismo

Olá, caro leitor, eu sou a Ju do Sicredi. Comecei por aqui a menos de um ano como product designer, mas já estou no mercado de Design há 3 anos. E, durante todo esse tempo, antes de trabalhar para uma cooperativa de crédito, minha única reação quando ouvia sobre era:

Ué, mas uma cooperativa de crédito não é um banco comum?

E realmente não é!

Eu trabalho com um produto muito especial, chamado Capital Social, que irei falar em outros posts, com o devido amor e cuidado que ele merece, mas antes a minha pergunta é:

Você sabe que uma cooperativa de crédito não é um banco comum, certo?

O cooperativismo é um instrumento de organização econômica da sociedade. Criado na Europa no século XIX, ele se caracteriza como uma forma de ajuda mútua por meio da cooperação e da parceria. Ou seja, não existe um “chefe”, um “dono” ou até mesmo “acionistas” dentro de uma cooperativa de crédito. Todos que compõem a cooperativa estão no quadro de sócios.

“Nossa, Ju, então quer dizer que, quando eu vou criar a minha conta em uma cooperativa, eu estou virando dona dela?”

Sim, você vai ser uma das donas da cooperativa de crédito.

A arte é composta por um gif contendo 7 imagens, representando cada um dos tipos de cooperativa citados no texto. Imagem 1: um trator nas cores da marca. Imagem 2: duas caixas de presente com um laço verde e um bilhete mostrando a palavra “Promoção”. Imagem 3: um calendário na cor verde e uma pilha de moedas douradas. Imagem 4: um painel de energia solar. Imagem 5: uma máscara de proteção na cor branca. Imagem 6: ilustração de um currículo com letras “CV” impressas e sem maiores informaçõe

Quando falamos sobre “cooperativa de crédito”, estamos segmentando o termo “cooperativa”. No Brasil, ela pode se dividir em outras vertentes, como:

  1. Cooperativas agropecuárias: voltadas a produtores rurais;
  2. Cooperativas de consumo: as quais visam abastecer seus cooperados a partir de compras em comum, com preços menores;
  3. Cooperativas de crédito: associação entre pessoas que buscam administrar suas finanças;
  4. Cooperativas de infraestrutura: as quais oferecem serviços essenciais, como segurança, telefonia e energia;
  5. Cooperativas de saúde: contam com profissionais da área, como médicos e dentistas, que se dedicam a preservação e recuperação da saúde humana;
  6. Cooperativas de trabalho, bens e serviços: integradas por categorias específicas de profissionais que buscam conseguir melhores condições de trabalho e de remuneração para seus serviços;
  7. Cooperativas de transporte: formadas por trabalhadores que se dedicam a prestar serviços de carga ou de passageiros.

Ou seja, quando falamos que o Sicredi é uma cooperativa de crédito, ela também pode ser formada por uma categoria específica (ou não).

Por exemplo: Pode existir uma cooperativa de crédito focada para profissionais da saúde, onde tenham produtos financeiros específicos para as necessidades deste setor!

Agora que entendemos que tipos de cooperativas existem no Brasil, queria trazer alguns dos princípios que regem o cooperativismo e, também, o design que montamos dentro das experiências de usuários.

Imagem verde, dividido entre duas partes: do lado esquerdo está escrito: "Quais são os princípios do cooperativismo que podemos levar para o design?". Do lado direito está a imagem do padre Theodor Amstad.

O cooperativismo possui 7 princípios que representam a base e a essência de uma cooperativa e norteiam a prática dessas entidades em todo o mundo. Eles surgiram em 1902 pelas mãos do padre suíço Theodor Amstad. São eles:

  1. Adesão livre e espontânea: As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir suas responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.
  2. Gestão democrática: As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões. As pessoas, eleitas como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são, também, organizadas de maneira democrática.
  3. Participação econômica de todos os membros: Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. — OLHA O CAPITAL SOCIAL AÍ GENTE.
  4. Autonomia e independência: As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros para que seja mantida a autonomia da cooperativa.
  5. Educação, formação e informação: As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, para que estes possam contribuir de forma eficaz com o desenvolvimento de suas cooperativas. Além de informar o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
  6. Intercooperação: É a cooperação entre as cooperativas, para o fortalecimento do movimento como um todo e dos princípios cooperativistas. Isso pode ocorrer em diversos níveis: através das estruturas locais, regionais, nacionais, internacionais; entre cooperativas do mesmo sistema; com cooperativas de outros sistemas; e com cooperativas de outros ramos do cooperativismo.
  7. Interesse pela comunidade: As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão inseridas, através de políticas aprovadas pelos membros. Prezam por investimentos em projetos economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos.

Sem a prática desses valores e diretrizes universais, implantadas há mais de 120 anos, esse modelo de empreendimento bancário passaria a ser como qualquer outro existente no mercado. Você pode ler mais sobre os princípios do cooperativismo aqui.

Agora que sabemos mais sobre os princípios, também gostaria de falar mais sobre os valores do cooperativismo, que também podemos relacionar com a experiência de usuário.

Imagem com fundo brando dividido em duas partes. Do lado esquerdo está escrito "Quais são os valores do cooperativismo que podemos levar para o design?". Do lado direito está um fluxo circular que mostra uma mulher segurando um porquinho, onde leva uma flecha até uma cooperativa. Há outra flecha que leva a uma mulher morena com diversos empreendimentos pertos. Ligada a uma flecha onde há várias pessoas, que está ligada a um gráfico, que está ligada a primeira mulher com o porquinho

As cooperativas se baseiam em valores de:

  1. Responsabilidade: Cumprimento dos deveres e obrigações comuns por parte de todos os associados, o que garante o bom funcionamento da cooperativa. Cada cooperado é igualmente responsável por seus atos, sua participação e pelo cumprimento das regras de convívio e decisões coletivas.
  2. Responsabilidade socioambiental: Compromisso do empreendimento cooperativo com o bem-estar da comunidade, o desenvolvimento social e econômico e a proteção do meio ambiente na sua área de atuação.
  3. Democracia: A democracia, aqui, não se entende apenas na forma de participação e organização política dentro das cooperativas, mas sim na participação de todos os associados nas reuniões, do direito de opinião, da oportunidade do exercício das funções diretivas, entre outros. A aplicação do valor da democracia inibe a distinção entre pessoas, bem como o surgimento de grupos de interesse ou figuras de poder.
  4. Igualdade: Evita qualquer tipo de distinção ou preconceito entre os associados. Todos têm direitos e obrigações iguais e merecem o mesmo tratamento independente de crença, religião, ideologia, sexo, cor, gênero, condição socioeconômica, idade ou qualquer outro aspecto.
  5. Equidade: A equidade garante o tratamento igual, de acordo com o grau de participação nas relações humanas e de contribuição para os associados. Através da equidade, as cooperativas põem em prática um direito igual para todos os associados de participarem da organização, partilharem igualmente os benefícios resultantes.
  6. Solidariedade: A solidariedade é um valor essencial que deve estar presente nas diversas instâncias de uma cooperativa, é um fator primordial para a existência e o fortalecimento da cooperação entre os associados.
  7. Liberdade: O valor cooperativista da liberdade permite aos associados da cooperativa retirarem-se do empreendimento no momento que for conveniente e também aos pretendentes de tornarem-se cooperados por livre e espontânea vontade. A liberdade é relativa dentro da organização e é limitada por regras de conduta impostas pelo próprio grupo.
  8. Honestidade: A honestidade é um aspecto importante na formação do caráter do ser humano, um que se tornou cada vez mais desprezado no mundo atual. Com a intenção de promover uma reforma moral, os pioneiros do cooperativismo buscavam sempre alertar para as atitudes e o comportamento dos indivíduos na sociedade. Através da honestidade, a cooperativa é capaz de estender cada vez mais sua influência com o ambiente externo, visto que é, devido às suas ações a sociedade acreditará cada vez mais no sistema cooperativista.
  9. Transparência: Clareza em relação a atividades, gestão, regras, dados e números da cooperativa, de modo que todos os associados tenham conhecimento sobre seu empreendimento.

Agora, sabendo o que é uma cooperativa, os tipos de cooperativas, princípios e valores, podemos falar como o design se inclui nesse contexto complexo.

Os próximos posts serão:

  • Parte 2: Como o cooperativismo se relaciona com o design
  • Parte 3: O que é o Capital Social e como destravamos as barreiras do design para este produto desconhecido

Até mais galera!

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Julia Pelegrini
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