Diversidade na Chapter de UX: como evoluímos nossa medição

Bárbara Arena
SicrediDesign
Published in
8 min readJul 31, 2023

Se você chegou em nosso Medium agora, talvez ainda não saiba sobre o nosso Censo de Diversidade. Ele se tornou uma prática anual da nossa Chapter de UX e se você quer saber sobre como ele funciona, nós explicamos nesse artigo:

Aqui, vamos abordar como seguiu a evolução desse censo, quais perguntas adicionamos e que resultados fomos capazes de medir. Vamos lá?

Dados Regionais

No primeiro censo, nós não perguntamos sobre onde as pessoas moravam e onde tinham nascido ou crescido. Essa necessidade surgiu, principalmente, a partir de um cenário modificado pela pandemia, no qual tivemos um aumento do número de pessoas colaboradoras que moram em cidades ou estados diferentes de onde está a sede do Sicredi. Então, para dar conta de compreender os impactos dessa diversidade regional, adicionamos algumas questões:

imagem com sete perguntas e suas opções de resposta. As perguntas são: “qual sua nacionalidade?”, “em que estado você nasceu?”, “em que estado(s) você cresceu?”, “em que estado você mora atualmente?”, “como se caracteriza o local em que você morou a maior parte da sua vida?”, “como você se sente em relação à representatividade da sua origem e/ou cultura regional na Chapter de UX?”, “o que você sente sobre o acolhimento em relação a sua origem e/ou cultura regional na Chapter de UX?”

Com essas questões, conseguimos mapear a distribuição geográfica de nossos designers não apenas no presente, mas também na história de cada pessoa. Dessa forma, também compreendemos um pouco do contexto sociocultural de nossa Chapter e como estamos em relação ao acolhimento dessas diferentes culturas.

Religião

Apesar de os católicos serem maioria no Brasil, muitas outras religiões são praticadas no país. Além disso, também temos as pessoas que não são adeptas a uma religião, podendo ser ateias ou não. Assim, consideramos que seria interessante termos um panorama sobre este assunto em nosso censo, tendo em vista que, para muitos, a religião é uma parte importante de quem são.

Para estas perguntas, começamos com:

A partir da resposta positiva à pergunta anterior, seguimos com as seguintes questões:

imagem com fundo branco e a pergunta “Qual sua religião?”. Abaixo, uma caixa de campo de texto aberto para escrever a resposta.

Aqui, optamos por um campo de texto aberto, compreendendo que as religiões e composições religiosas pessoais são muito diversas para serem previstas. Isso foi comprovado com as respostas que obtivemos, que possuíam diferentes formas de descrever um posicionamento religioso.

Percepções sobre o ambiente de trabalho

Ao fundo, uma parede de vidro que reflete a cidade e, na frente dela, dois homens e uma mulher sentados em volta de uma mesa, sorrindo e conversando entre si. Na mesa, há um calendário e três notebooks, parados na frente de cada pessoa trabalhando.

Adicionamos uma questão muito importante para a coleta de informações sobre o nosso ambiente de trabalho. Infelizmente, por um problema na construção do formulário, essa pergunta acabou sendo exibida apenas àquelas pessoas que marcaram que possuem alguma deficiência. O erro será corrigido para nossa próxima edição do censo.

A questão é constituída de uma matriz, onde a pessoa deve marcar com que frequência determinada situação ocorre. As variáveis de frequência disponíveis eram:

E as situações a serem avaliadas eram:

  • Me tratam da mesma forma que outros colegas de trabalho
  • Tenho acesso às mesmas oportunidades de crescimento que outros colegas de trabalho
  • Falo publicamente sobre minha condição social, orientação sexual, identidade(s), crenças e/ou valores
  • Vivencio comentários ou atitudes negativas devido a minha condição social, orientação sexual, identidade(s), crenças e/ou valores

Composição familiar

Ao fundo, um quarto de bebê com a parede verde. Nele, há uma mãe sorrindo enquanto está sentada, dando colo para o seu bebê. A mãe usa uma blusa verde, enquanto o bebê está enrolado em uma coberta branca.

Na primeira edição do censo de diversidade da Chapter de UX, nós já perguntamos se a pessoa colaboradora tinha filhos ou não. No entanto, em 2022 partimos de uma leitura mais abrangente de família, perguntando, além de “Você tem filhos ou é uma pessoa tutora de criança ou adolescente?”, a seguinte questão:

Escolaridade

Duas mulheres estão sorrindo e se abraçando. Uma delas está vestindo uma roupa de formatura verde enquanto, atrás das duas, estudantes comemoram jogando o seu capelo de formatura para o ar.

Nesse aspecto, nós entendemos que precisávamos de mais informações, além de uma revisão nas opções de respostas do ano anterior, devido à entrada do nível de estágio entre os designers do Sicredi. Além disso, essa revisão também é importante para uma melhor compreensão dos impactos socioeconômicos na formação e carreira dos designers. Para o mapeamento da escolaridade, perguntamos:

Final do questionário

Na versão anterior, nós já fechávamos o questionário com algumas perguntas descritivas e não obrigatórias sobre percepções de diversidade no Sicredi e na Chapter de UX, além da importância do tema para o exercício de UX. Nesta nova edição, para obtermos mais insights de como evoluir no quesito diversidade e inclusão, também perguntamos:

  • Como você acha que podemos trazer mais diversidade para a Chapter de UX?
  • Como você acha que podemos exercer a UX com mais diversidade na Chapter de UX?

Essas foram as atualizações do questionário do nosso Censo de Diversidade. Apesar de termos criado uma maior complexidade a ele, tendo aumentado o número de questões para 44, obtivemos um total de 100% de cobertura do censo, contra 80% do primeiro ano.

Além disso, a repetição do censo, já com parte integrante da Chapter conhecendo o processo, cria uma cultura de importância para essa ferramenta.

Workshop

Outro ponto que mudamos na segunda edição do nosso censo diz respeito à dinâmica de apresentação dos resultados. Enquanto no primeiro ano apenas apresentamos os resultados dos dados coletados, no segundo ano conseguimos focar mais no cruzamento dessas informações, além de propor atividades que fizessem os designers pensarem de forma prática e não apenas reflexiva sobre diversidade e inclusão.

Então, depois da apresentação dos resultados, partimos para um board colaborativo no Figjam para a realização do nosso workshop. Antes de começarmos as dinâmicas, orientamos os participantes a como entrar no board de maneira anônima, caso se sentissem mais confortáveis em colaborar dessa maneira.

Atividade sobre percepções

A nossa primeira atividade, sugerida pela colega Isadora Mejia Antoniazzi, foi uma dinâmica com o intuito de exercitar a reflexão que temos sobre as percepções de diferentes estereótipos. Para tal, foi exibida a imagem abaixo e pedido para que 6 pessoas se voluntariassem para encarnar o papel de diferentes personas e descrever o que viam:

  • Criança
  • Religioso(a) fervoroso(a)
  • Socialite
  • Caminhoneiro(a)
  • Idoso(a)
  • Feminista

Com o exercício, não apenas obtivemos as percepções que temos enraizadas sobre as estigmatizadas drag queens, mas também sobre os padrões mentais formados acerca da visão de cada uma das personas encarnadas.

Desfazendo estigmas

Esta atividade foi adaptada de uma das propostas de atividade do toolkit multiverse de workshop de diversidade e inclusão disponível no Miroverse. Ela consiste no preenchimento do template abaixo, constituído de uma característica da pessoa e uma expectativa que ela sente que lhe é imposta.

A atividade é complementar à anterior, pois depois de pensarmos nos padrões que formamos em nossa mente, refletimos sobre os padrões que nos são impostos e tentamos desconstruí-los.

Jornada da Inclusão

Esta atividade foi inspirada pelo template From Exclusion to Inclusion Workshop, disponível na comunidade do Figma. Ela tem como objetivo pensar colaborativamente em soluções para incluir pessoas que passaram por contextos de exclusão.

Ilustração de 6 mãos sobrepostas

Para a atividade, os participantes foram separados em oito grupos, que recebiam um contexto de exclusão a ser trabalhado. Eles deveriam preencher a jornada com:

  • Barreiras encontradas pela pessoa
  • Sentimentos que a pessoa teve
  • Soluções possíveis à época do ocorrido
  • Soluções futuras, para que isso não volte a ocorrer
  • Próximos passos (o que poderíamos fazer para ajudar)

Os cenários de exclusão apresentados ao grupo, foram:

“Sou a única pessoa trans no setor onde trabalho. Tenho um colega que com frequência erra meus pronomes.”

“Tenho 50 anos e sou senior. Estou tentando uma realocação no mercado, mas está difícil. Além disso, a maioria das vagas para meu perfil são de liderança e eu não tenho essa experiência.”

“Sou uma pessoa autista que tem dificuldade de lidar com grande número de pessoas. No local onde trabalho, está se falando em voltar ao presencial.”

“O local onde trabalho é bastante formal. Quando tenho encontros presenciais, não me sinto à vontade para expressar minha identidade de gênero como gostaria, pois tendem a me achar muito feminino.”

Nossa última atividade saiu prejudicada pela falta de tempo. Ela era um espaço livre para que as pessoas escrevessem e/ou votassem em ações para termos mais diversidade e inclusão. Apesar da orientação de que a atividade poderia ser realizada assincronamente, não obtivemos adesão.

Tem sido muito gratificante trabalhar com o Censo de Diversidade na Chapter de UX. Neste ano, tive a colaboração dos colegas Isadora Mejía Antoniazzi e Flavio Barboni.

Acreditamos que essa iniciativa sempre precisará ser evoluída, não apenas em relação aos resultados, mas também na forma como a medimos. Afinal, este é um tema em constante mudança, assim como nós mesmos.

Eu sou Bárbara Arena, Product Designer da tribo de Experiência de Compra do Sicredi.

Me conta se sua empresa já fez movimentos como esse e como você tem se sentido em relação à representatividade a partir de ações de diversidade dentro do seu time. Se não se sentir à vontade pra comentar aqui, me manda um e-mail (barbara_arena@sicredi.com.br). Será um prazer trocar ideias com você!

E, se quiser saber mais sobre o Sicredi, é só nos seguir no Linkedin: https://www.linkedin.com/company/sicredi/ e no Instagram @Sicredi.

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