Um jovem negro indo ao encontro de uma mulher de cadeira de rodas, um homem cego usando óculos escuros e uma jovem loira com a mão levantada.

Diversidade na Chapter de UX: como medimos

Diversidade é uma pauta importante na Chapter de UX do Sicredi. Para tratarmos o assunto com mais clareza e assertividade, decidimos realizar um censo a fim de coletar alguns dados.

Bárbara Arena
SicrediDesign
Published in
11 min readFeb 16, 2022

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A diversidade é múltipla, ela pode se referir a uma série de fatores e características que nos constituem enquanto pessoas e sociedade: gênero, etnia, sexualidade, crenças, situação ou origem socioeconômica, entre outras. O Brasil é conhecido por ser diverso, não apenas em seu meio ambiente, mas também em povos que o habitam. O que pode, e deveria, ser algo lindo e benéfico não deve ser encoberto por uma capa de ignorância ou por uma não vontade de enxergar.

É preciso reconhecer toda a carga histórica, as mazelas, a violência, a discriminação, as injustiças e incongruências que criaram essa diversidade, bem como a mantém. Não basta pensar em diversidade, é necessário entendê-la em seus vários recortes e agir para que não haja apenas uma multiplicidade de realidades, mas que exista também uma equidade. Pois diversidade sem equidade é sinônimo de discriminação.

Porque pensar em diversidade 🌈

A pauta da diversidade vem sendo discutida no âmbito empresarial, seja pela sua capacidade de impulsionar a criatividade e inovação (Berkeley e Harvard Business Review), seja por gerar lucro (McKinsey e Harvard Business Review) ou simplesmente porque é o que devemos fazer se quisermos contribuir para um mundo melhor. Passamos boa parte de nossas vidas em dedicação ao trabalho. Assim, esse ambiente tem grande influência em como nos sentimos e nos entendemos enquanto pessoas. Portanto, um ambiente inclusivo é mais favorável ao pertencimento, ao engajamento e, consequentemente, à produtividade.

No entanto, devemos ter cuidado ao ligar temas como lucro e produtividade à temática de diversidade. Não podemos assumir que a diversidade é uma substância mágica que irá trazer benefícios à sua empresa sem que você coloque real empenho nisso.

Empresas diversas lucram mais. As pesquisas de mercado apontam esse dado. Mas se nem esse argumento é o suficiente, a falta de diversidade nas organizações deixa de ser um problema da ordem do “porquê” e passar a ser do “querer” (disse Monique Evelle em artigo no linkedin)

Então, conscientes do porquê e munidos do querer, ainda nos falta saber o como. Não basta inserir pessoas diversas em um ambiente, é preciso fomentar seu crescimento, conscientizar sobre as diferenças e fornecer ferramentas e reconhecimento. Precisamos saber ainda que as estratégias não devem ser apenas top to bottom, mas precisam estar em todos os níveis. E por falar nisso, é importante também ressaltar que a diversidade deve estar não apenas na linha de frente, mas também em cargos gerenciais.

Uma estratégia para alcançar essa equidade é a criação de vagas afirmativas em diversos níveis organizacionais. Nós inclusive já falamos sobre como foi o processo seletivo exclusivo para mulheres para a liderança de design no Sicredi, dá uma conferida no link abaixo.

Precisamos salientar que, enquanto vagas afirmativas podem ajudar a aumentar a diversidade em número, faz-se necessário pensar além da contratação.

Para reter e nutrir os melhores talentos, é fundamental analisar honestamente a experiência do funcionário de ponta a ponta, com o objetivo de criar condições que promovam a inclusão diariamente e projetar maneiras de medir o impacto.

*(tradução livre de trecho retirado de https://www.cio.com/article/228581/diversity-and-inclusion-8-best-practices-for-changing-your-culture.html)

Mas como fazer isso quando nem sequer temos uma visão clara de como estamos em relação à diversidade?

Por isso, tomamos a iniciativa de realizar um censo de diversidade dentro da Chapter de UX no Sicredi: para obtermos um panorama de como estamos e assim traçar estratégias mais assertivas em prol da diversidade e da equidade. A expectativa é que, mesmo entre erros e acertos, a pesquisa sirva como inspiração para outras Chapters e a mensuração, discussão e realização de ações sobre a pauta da diversidade se tornem algo comum entre os grupos que constituem o Sicredi.

Agora que já falamos um pouco sobre porquê, e como pensar e agir em prol da diversidade, vamos destrinchar nossa pesquisa: percorrer as perguntas que fizemos para explicar o que queríamos entender com cada uma delas.

O que fizemos

Lupa sobre documento

Nosso primeiro passo nessa jornada foi a elaboração de um formulário. O trabalho de construção do formulário foi realizado por mim, Bárbara Arena, e pela colega Vanessa Gehrke. Utilizamos a plataforma Typeform, com preenchimento não obrigatório e anônimo.

1. Termo de aceite

Elaboramos um termo de aceite para esclarecer como conduzimos a pesquisa e ter o consentimento explícito dos participantes. O termo de aceite consistia em:

A presente pesquisa tem como objetivo avaliar a diversidade na Chapter de UX. Os resultados servirão como insumo para melhorias no nosso processo seletivo, bem como outras questões ligadas à diversidade. A participação é anônima e seus dados não serão compartilhados. Apenas um pequeno grupo de pessoas terá acesso aos dados, para formulação da análise dos resultados que será futuramente compartilhada com a Chapter de UX, sem identificação dos respondentes.

Opções:

  • Aceito
  • Não Aceito
Símbolo de feminino, símbolo de masculino e símbolo de masculino e feminino

2. Em relação a gênero, como você se identifica?

A pergunta é formulada entendendo que o gênero é uma questão de autoidentificação. Apesar da imposição que nos é dada ao nascermos a partir de nossa biologia, o gênero é uma construção social e não binária, ou seja, extrapola as identidades homem e mulher. Por isso, para a resposta desta pergunta temos:

  • Homem
  • Mulher
  • Não binárie
  • Agênero
  • Prefiro não me classificar
  • Prefiro não responder
  • Outro (acrescentar opção)

Acrescentamos a opção de “prefiro não me classificar” entendendo que algumas pessoas não se sentem confortáveis com rótulos de gênero. Já a opção “prefiro não responder” existe para contemplar quem não se sente confortável, seja por quaisquer motivos, em identificar-se com algum gênero no momento. A opção de outro, que permite que a pessoa preencha de forma descritiva o gênero com o qual se identifica, dá margem para abarcar outras configurações e identidades de gênero não previstas no formulário, como gênero fluido ou travesti, por exemplo. Apesar de a identidade gênero fluido poder ser entendida como abarcada dentro do guarda-chuva não binárie, assim, temos a opção de que a pessoa possa escolher a identidade que melhor lhe representa.

3. Você se identifica como uma pessoa CIS ou TRANS?

Optamos por perguntar “Você se identifica como uma pessoa CIS ou TRANS?” separadamente do gênero por dois motivos. Primeiramente, preferimos não fazer a distinção entre mulher ou homem trans por entendermos que a marcação diferenciada dessa característica no marcador de gênero poderia ser interpretada como discriminatória, afinal, homens e mulheres trans, são legitimamente tão mulheres e homens quanto pessoas cis. Em segundo lugar, achamos que ao tratar essa característica de gênero em separado, teríamos a oportunidade de esclarecer os termos para quem ainda não os compreendia ou conhecia. Por isso, na descrição da pergunta, colocamos:

Utilizamos CIS para quem se identifica com o gênero atribuído ao nascimento e TRANS para pessoas que não se identificam com o gênero atribuído ao nascimento.

4. Como você se sente em relação à representatividade de seu gênero na Chapter de UX?

Entendemos que apenas números não são suficientes para compreender como estamos em termos de diversidade. Acreditamos que, além da diversidade, necessitamos de sentimento de pertencimento. E para isso, precisamos de acolhimento e representatividade. Portanto, precisamos entender como as pessoas se sentem. Assim, acrescentamos perguntas que buscavam medir o senso de representatividade em relação aos diferentes recortes de diversidade.

Opções:

  • sub-representado
  • representado
  • neutro

5. O quanto você se sente acolhide em relação a seu gênero na Chapter de UX?

Entendemos também que apesar dos números, é importante que o ambiente seja acolhedor para o sentimento de pertencimento. Para essa pergunta, tínhamos uma escala de 1 a 5, sendo 1 deslocade e 5 muito acolhide.

Emoji de mulheres com coração no meio, emoji de homem e mulher com coração no meio e emoji de homens com coração no meio

6. Em relação à sexualidade, como você se identifica?

Aqui, diferentemente do gênero, permitimos que as pessoas marcassem mais de uma opção, por entender que algumas identidades ou orientações sexuais podem se sobrepor. Por exemplo, uma pessoa pode ser bissexual e assexual. As opções de marcação que configuramos foram:

  • Assexual
  • Bissexual
  • Heterossexual
  • Homossexual
  • Pansexual
  • Prefiro não me classificar
  • Prefiro não responder
  • Outro

7. Como você se sente em relação à representatividade da sua sexualidade na Chapter de UX?

  • sub-representado
  • representado
  • neutro

8. O quanto você se sente acolhide em relação a sua sexualidade na Chapter de UX?

Para essa pergunta, tínhamos uma escala de 1 a 5, sendo 1 deslocade e 5 muito acolhide.

Seis emojis de palma da mão, cada um com tom de pele diferente

9. Em relação a cor ou etnia, como você se identifica?

Para essa pergunta, buscamos referências em outros formulários que já havíamos preenchido ou que estavam referenciados em artigos da internet e também nos formulários do censo do IBGE. Uma dessas referências foi um formulário da Mergo | Redação. Depois da pesquisa, chegamos às seguintes opções:

  • Asiática — Amarela
  • Asiática — Marrom
  • Branca
  • Indígena
  • Parda
  • Preta / Negra
  • Prefiro não me classificar
  • Prefiro não responder
  • Outro

10. Como você se sente em relação à representatividade da sua cor ou etnia na Chapter de UX?

  • sub-representado
  • representado
  • neutro

11. O quanto você se sente acolhide em relação a sua cor ou etnia na Chapter de UX?

Para essa pergunta, tínhamos uma escala de 1 a 5, sendo 1 deslocade e 5 muito acolhide.

Emoji de orelha, olho e braço

12. Você possui alguma deficiência?

  • Sim
  • Não

A partir da resposta obtida na pergunta 12, redirecionamos a pessoa para outras questões. No caso da pessoa possuir alguma deficiência, também perguntamos as questões de 13 a 15.

13. Qual(is) deficiência(s)?

Deixamos a resposta como descritiva, por compreender que temos uma gama muito ampla de deficiências.

14. Como você se sente em relação à representatividade de PCDs na Chapter de UX?

  • sub-representado
  • representado
  • neutro

15. O quanto você se sente acolhide em relação a deficiência Chapter de UX?

Para essa pergunta, tínhamos uma escala de 1 a 5, sendo 1 deslocade e 5 muito acolhide.

Emojis de crianças

16. Você tem filhos ou é uma pessoa tutora de criança ou adolescente?

  • Sim
  • Não

Essa pergunta aparece com o intuito de compreender quantas famílias são contempladas nas oportunidades de emprego da Chapter de UX. Entendemos que essa é uma questão importante em termos socieconômicos e também que pode ser uma característica alvo de discriminação, principalmente para mulheres.

Emoji de adultos idosos de diferentes gêneros e adultos jovens de diferentes gêneros

17. Qual a sua idade?

Etarismo, idadismo ou ageísmo são palavras para descrever a discriminação por idade. No âmbito empresarial, infelizmente, é comum que pessoas mais velhas tenham dificuldades em encontrar oportunidades. Quando falamos de áreas relativamente recentes, como a TI e o UX Design, é ainda mais comum termos o prevalecimento de pessoas jovens.

Emojis de chapéu de formatura

18. Qual seu nível de formação acadêmica?

  • Ensino médio completo
  • Graduação incompleta
  • Graduação completa
  • Especialização incompleta
  • Especialização completa
  • Mestrado incompleto
  • Mestrado completo
  • Doutorado incompleto
  • Doutorado completo
  • Pós-doutorado incompleto
  • Pós-doutorado completo

Essa pergunta vem não apenas para visualizarmos o nível de formação acadêmica da Chapter, mas também para fazermos o cruzamento com outras perguntas e problematizarmos questões como:

  • Como estamos assimilando nível acadêmico x senioridade?
  • Quais recortes de diversidade tem mais acesso à educação?

19. Você é a primeira pessoa da sua família a entrar na universidade?

Essa pergunta tem o intuito de ser um marcador de origem socioeconômica, tendo em vista que o nível de acesso à educação é maior em classes sociais mais favorecidas.

20. Qual seu nível de senioridade no Sicredi?

  • Júnior
  • Pleno
  • Senior
  • Especialista

Essa pergunta, assim como a de número 18, serve para cruzamentos e problematizações sobre como distribuímos nossas oportunidades e reconhecemos nossos profissionais, além de. nos dar um panorama sobre quais perfis de senioridade temos e devemos favorecer.

21. Qual seu tipo de contratação?

  • Sicredi
  • Terceirizade

No Sicredi temos dois tipos de contratação: Sicredi, quando o vínculo empregatício é diretamente conosco, e terceirizado, quando o vínculo se dá com uma empresa que presta serviço para o Sicredi. Resolvemos fazer essa distinção por entender que os terceirizados, apesar do vínculo com outra empresa, fazem parte da nossa comunidade, e precisamos olhar como os tratamos e como contratamos essas pessoas também.

Emoji de arco-íris e de mão segurando caneta

22. Qual a importância da diversidade para o exercício da UX?

Essa pergunta era descritiva e não obrigatória. Queríamos saber o que as pessoas pensam sobre diversidade e como relacionam com suas atividades profissionais.

23. Espaço livre para compartilhar suas impressões e sentimentos sobre diversidade no contexto da Chapter de UX.

Pergunta descritiva e não obrigatória.

24. E no contexto do Sicredi como um todo (CAS, centrais, cooperativas), quais suas impressões e sentimentos sobre diversidade?

Compreendemos que às vezes nossos pequenos círculos de convivência podem configurar bolhas sociais. Queremos saber como estamos em termos de diversidade na Chapter de UX, mas não podemos esquecer que fazemos parte de uma instituição maior.

25. A pergunta que faltou

Ao realizarmos a análise e cruzamento dos dados obtidos com a pesquisa, mais especificamente sobre senioridade, nos deparamos com a falta de informação sobre o tempo de exercício da profissão ou experiência na área. Julgamos este dado como muito importante para compreender de forma justa e completa como temos lidado com nossos níveis de senioridade e, portanto, a pergunta deve ser adicionada em uma próxima edição da pesquisa.

Esse foi o nosso formulário. Ele foi respondido por 40 pessoas da nossa Chapter de UX. Quer saber qual foi o resultado da pesquisa? Então acompanhe o nosso Medium que logo mais vamos postar um artigo sobre o assunto!

Mas, enquanto isso, vamos conversar?

Eu sou Bárbara Arena, UX Designer dos times de Preço e Fidelidade do Sicredi.

Me conta se sua empresa já fez movimentos como esse e o quanto você tem se sentido representada pelas ações de diversidade dentro do seu time. Se não se sentir à vontade pra comentar aqui, me manda um e-mail (barbara_arena@sicredi.com.br). Será um prazer trocar ideias com você.

E, se quiser saber mais sobre o Sicredi, é só nos seguir no Linkedin: https://www.linkedin.com/company/sicredi/ e no Instagram @Sicredi.

Quer ajudar a tornar nossos serviços e produtos financeiros cada vez mais acessíveis e nosso ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo? Que tal trabalhar no Sicredi e fazer parte desse grande time? Acompanhe nossas diversas oportunidades de carreira em https://sicredi.gupy.io

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