Reflexões/Entrevista com Beatriz Lonskis

Surdez: acessibilidade, inclusão e UX

Para começar, você sabia que existem 500 milhões de surdos no mundo, e mais de 10 milhões de surdos no Brasil (com vários níveis de perda auditiva)? Pois bem, parece que são pouquíssimas pessoas aleatórias passeando por aí, mas na verdade é importante lembrar que a surdez é totalmente invisível, não há como ver a deficiência fisicamente.

Há vários tipos de comunicação entre pessoas surdas:

1. Oralizadas — que falam;
2. As que se comunicam através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS);
3. As que utilizam as duas formas de comunicação: LIBRAS e ORAL.

Nos últimos tempos, os surdos vêm ganhando espaço no mercado de trabalho em diversas áreas e principalmente na área de Experiência de Usuário (UX), na qual estou atuando no Sicredi e estou amando! Para expandir meus conhecimentos, resolvi fazer um breve bate-papo com a Beatriz Lonskis que é surda, bem conhecida pelo seu desenvolvimento com acessibilidade, e hoje atua como UX na empresa Thougthworks. Ela começou como designer em outubro de 2006 e ingressou na área de UX em setembro de 2011. Legal, não é?! Olhem o perfil da Beatriz no Linkedin aqui.

Principais mensagens do meu bate-papo com a Beatriz

Como se identificou com a disciplina de UX? Quando ela trabalhava como designer, na editora Abril, percebeu que havia uma demanda muito grande de designers de experiência, sendo uma lacuna preocupante nesse sentido. Ela então começou a participar de palestras e cursos sobre design de interação e foi ali que modificou a sua cabeça e percebeu que UX era um “guarda-chuva” que indicava todos os caminhos: UX Design, UX Writing, User Research e etc.

Ela também disse que UX trouxe para o seu lado pessoal e profissional que humildade, e ter a mente aberta, são características muito importantes para uma escuta ativa. Precisamos evitar nossas suposições e trazer dados, validar e trabalhar com provas reais.

Um dos pontos que me chamou mais atenção em nosso bate papo foi sobre a palavra “dificuldade”, que ela sabiamente sempre substituiu por “desafios”. Pessoalmente, é o ponto que eu também me identifico, pois todas as pessoas encontram obstáculos pelo caminho, e é através deles que buscamos aprendizados, em todos os tipos de níveis.

Beatriz diz que antes da pandemia costumava conversar oralmente com os ouvintes, mas, dependendo da comunicação, partia para a escrita. Quando o trabalho passou a ser remoto devido a pandemia covid-19, passou a utilizar mais a LIBRAS e interpretação — voz (intérprete) para as reuniões e palestras.

O maior desafio na esfera da acessibilidade para pessoas surdas é que ainda falta o conhecimento sobre esse aspecto nas organizações. No Sicredi, existem diversas ações para apoiar a inclusão de pessoas surdas, incluindo um grupo de apoio que busca tornar a organização cada vez mais diversa e inclusiva, tanto para os seus colaboradores quanto para as pessoas associadas.

Acessibilidade e o mundo de UX

Compartilho agora mais dicas que a Beatriz nos trouxe, para que possamos, cada vez mais, ter insights e desenvolvermos a inclusão e acessibilidade fazendo o encaixe com UX.

1. Desenvolver a cultura de inclusão;
2. Desenvolver maior conscientização e também práticas que promovam acessibilidade;
3. Trazer pessoas de fora, especialistas em acessibilidade, para disseminar o conteúdo e a experiência.

Eu acrescentaria que trazer pessoas com deficiência que tenham larga experiência com UX pode agregar ainda mais valor para a nossa empresa!

O que vocês acham?

Eu sou a Patrícia Witt, surda oralizada (também me comunico em LIBRAS) e Product Designer no Sicredi. Ingressei no Sicredi na área de qualidade e hoje estou me desenvolvendo como pessoa de UX com o suporte e direcionamento da empresa e dos meus colegas UX.

Eu gostaria de saber o que você conhece ou tem curiosidade de saber sobre produtos, serviços ou tecnologia que facilitam a vida de pessoas com deficiência auditiva. Deixa seu comentário aqui para a gente continuar trocando!