Uma viagem ao berço do cooperativismo de crédito na América Latina

Conexão entre profissionais de design e a origem do Sicredi

Fellipe Pacheco Melo
SicrediDesign
7 min readJun 5, 2023

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Praça Theodor Amstad. Homenagem ao Iniciador do Cooperativismo de Crédito no Brasil. Linha Imperial, Nova Petrópolis/RS. Acervo pessoal

Durante a última semana de maio, as lideranças de Design do Sicredi proporcionaram uma das mais incríveis experiências que já tive no mundo corporativo. Nós, designers do Sicredi, embarcamos em uma viagem de aproximação entre profissionais de design e a história de nossa empresa. Nesta jornada, conhecemos o que nos move, do passado ao presente e uma visão de futuro.

E assim como Pe. Theodor Amstad, pai do cooperativismo de crédito registrava suas viagens no início do Sicredi, esse é meu diário de bordo.

Atualmente, no Sicredi, contamos com cerca de 90 profissionais de design organizados na área de experiência de usuário de nossos produtos. O propósito é atender às necessidades de associados e colaboradores. Contamos também com times de centro que buscam construir padrões e auxiliar lideranças no comando de toda essa tripulação.

Com esta área crescendo cada vez mais, nossas lideranças promoveram o Design Pass 2023 Sicredi: embarque nessa viagem. Foram 3 dias de imersão sobre o porquê existimos, o que fazemos e como atuamos. Assim, foi possível relacionar nossos valores com a origem do cooperativismo.

Design Pass 2023 Sicredi. Porto Alegre/RS — Acervo Chapter UX.

Esse momento de conexão possibilitou nos aproximarmos como organização. Foi excepcional compreender que, de certa forma, as equipes têm percepções semelhantes sobre o que sentimos e acreditamos ser. Entre as dinâmicas realizadas, a cooperação foi primordial para que pudéssemos alcançar os objetivos. Quando trabalhamos sobre nossas percepções quanto a valores pessoais e para nossa área, mesmo que as formas de expressar fossem diferentes, conceitos se conectaram. As visões entre participantes se relacionaram e foi possível compreender que estamos em um caminho comum como área no Sicredi.

O berço do cooperativismo de crédito

Nestes 3 dias de imersão, tivemos a oportunidade de, literalmente, viajar ao berço do cooperativismo de crédito na América Latina. Nossa história como cooperativa começou em Nova Petrópolis, na região Linha Imperial dos Boêmios. Viajamos cerca de 90 quilômetros para conhecer nossa origem como instituição.

Trajeto entre Porto Alegre/RS e Linha Imperial, Nova Petrópolis/RS, cerca de 96km — Google Maps.

A primeira parada foi no Memorial Amstad. O museu é localizado junto ao prédio preservado da Caixa Rural, patrimônio histórico-cultural de Nova Petrópolis. Theodor Amstad é o patrono do cooperativismo de crédito na América Latina e criador da Caixa Rural de Empréstimos e Poupança Amstad. Hoje chamada de Sicredi Pioneira, sendo a primeira sede própria. Foi possível perceber como a população da Linha Imperial é muito grata pelos feitos do padre jesuíta. Ele proporcionou melhores condições para a sociedade por meio de crédito para as famílias que viviam da atividade agrícola e necessitavam de melhores recursos de vida e de trabalho.

Memorial Amstad, Linha Imperial. Nova Petrópolis/RS. Acervo Chapter UX

Além disso, encontramos artigos históricos no Memorial, objetos utilizados por Amstad e peças históricas da Caixa Rural. À primeira vista, nos deparamos com a conservação do que é história. Por isso, foi surpreendente perceber a inclusão da tecnologia no museu. Isso nos mostra que a tecnologia a serviço da sociedade é uma marca do Sicredi que está não só presente nas soluções que entregamos, mas utilizada também para contar a origem de tudo.

Mesa escrivaninha da época de Pe. Theodor Amstad. Memorial Amstad, Linha Imperial. Nova Petrópolis/RS — Acervo Chapter UX.

Logo ao lado da Casa Cooperativa encontramos a primeira sede própria da Sicredi Pioneira, denominada no passado como Caixa Rural de Nova Petrópolis.

Caixa Rural de Nova Petrópolis, primeira sede da Sicredi Pioneira. Linha Imperial, Nova Petrópolis/RS. Acervo pessoal.

Em frente a Casa Cooperativa e a primeira sede, conhecemos a Praça Padre Theodor Amstad. O espaço é uma homenagem ao patrono do Cooperativismo Brasileiro, aquele que trouxe direção para um povo que precisava de ajuda.

Monumento na Praça Theodor Amstad. Ao iniciador do Cooperativismo de Crédito no Brasil. Linha Imperial, Nova Petrópolis/RS. Acervo pessoal.

Além desses dois momentos, visitamos também a Igreja São Lourenço Mártir e, ao lado, o túmulo de Theodor Amstad. A história nos diz que o padre jesuíta faleceu em São Leopoldo/RS. Porém, segundo historiadores locais, a população do berço do cooperativismo de crédito solicitou que seu túmulo estivesse na Linha Imperial dos Boêmios, onde ajudou a construir.

Túmulo do Pe. Theodor Amstad ao lado da Igreja São Lourenço Mártir. Linha Imperial, Nova Petrópolis/RS. Acervo pessoal

A última parada na comunidade da Linha Imperial foi na Associação Cultural e Esportiva Concórdia. Fundada em 1924, ali eram realizadas as assembleias. Nesse lugar nos foi fornecido um almoço popular, feito por pessoas da comunidade.

No roteiro de viagem também estava previsto uma visita a um associado Sicredi. O que eu não imaginava, é que seria um momento que faria conexão com a visita de nossa origem como instituição. Visitamos Seu Cláudio Hillebrand, do Moinho e Serraria Hillebrand, que funcionou de 1878 a 1977 na divisa da Linha Imperial e Linha Brasil. Mais uma vez vivenciamos uma experiência de entender a história e conhecer como o cooperativismo transformou Nova Petrópolis.

Moinho e Serraria Hillebrand, entre Linha Imperial e Linha Brasil. Nova Petrópolis/RS. Acervo pessoal

Hoje o local é um ponto turístico em Nova Petrópolis. Lá é possível conhecer a história, ver ferramentas usadas pela antiga população, ver o moinho em funcionamento, consumir no local e adquirir souvenires.

Cláudio Hillebrand do Moinho e Serraria Hillebrand — Acervo Chapter UX

Ao conversar com Seu Cláudio, foi possível entender a essência do cooperativismo, sobre os benefícios que sua geração e sua família tiveram pelos feitos do Pe. Theodor Amstad.

Antes de retornarmos para Porto Alegre, passamos na comunidade de Cerro Largo e Região Missioneira, ainda Nova Petrópolis, para conhecermos o Monumento ao Centenário do Cooperativismo. A obra compõe sete estátuas de homens e mulheres e representa as pessoas que começaram a construir essa história. O monumento também representa os sete princípios do cooperativismo e todas elas, juntas, seguram o símbolo do cooperativismo em um grande globo.

Monumento ao Centenário do Cooperativismo em Cerro Largo, Nova Petrópolis/RS. Acervo Chapter UX

Como diz Heródoto, para entender o presente é preciso conhecer o passado. A Jornada Origens possibilitou entender o princípio de tudo. Vimos a origem, conhecemos a história, os personagens do passado e do presente do cooperativismo.

Foi excepcional ver o impacto do cooperativismo quando visitamos o associado. Por mais que saibamos a importância de Amstad para o cooperativismo na América Latina, ver na prática seus ideais e entender sua importância para aquela população foi extremamente importante. As pessoas com quem conversamos ou que ouvimos transmitiram mensagens que, de alguma forma, se encaixam com os princípios do cooperativismo.

Toda a jornada de entender o passado trouxe pra mim um ponto importante: a mensagem de união, entre todos aqueles que viveram e ainda vivem o cooperativismo. Sem essa premissa, Amstad não teria conseguido contribuir para ajudar o desenvolvimento da comunidade.

Time de design do Sicredi — Acervo Chapter UX.

Os aprendizados da viagem

Nosso último dia de Design Pass foi divido em dois momentos: no primeiro, decantamos a visita a nossa origem.

Uma entre tantas cartas dinâmicas trabalhadas no Design Pass Sicredi 2023. Porto Alegre/RS. Acervo pessoal.

Abertamente conversamos sobre coisas importantes que vimos, quais curiosidades geraram, o que nos marcou, nossas descobertas. Quando conversado em grupo, foi valioso entender o ponto de vista de cada pessoa. A jornada Origens nos impactou e trouxe transformação.

No segundo e último momento, buscamos entender a relação entre passado e presente: como nos enxergamos como horizontal de design do Sicredi? Nesse ponto falarei por mim e como fui impactado nessa viagem:

Como disse no início do texto, conhecer o passado para entender o presente foi uma das melhores experiências que já tive no mundo corporativo. Com todas as letras, posso dizer que houve conexão e transformação. Quando nos enxergo como horizontal de design, vejo união e cooperação. Ao ver nossa origem, consegui perceber que precisamos estar conectados nesses princípios porque eles sempre estiveram ali. Esses princípios estavam quando Amstad entendeu e atendeu à necessidade de uma população, reuniu pessoas em suas diferentes classes em busca de um objetivo em comum: construir um lugar mais justo.

Esse momento de conexão entre designers e instituição também foi um fator de transformação para nosso protagonismo. Não só ter uma visão clara sobre onde atuamos, mas também entender nosso papel como instituição Sicredi na sociedade.

Por fim, também quero registrar aqui a importância de uma liderança

Reunir quase 100 pessoas, visitarmos o berço do cooperativismo, foi um desafio que, parafraseando Amstad, não seria possível individualmente. Mas, que ao se unirem, sobre o comando de uma liderança, foi possível.

Ir ao berço do cooperativismo e nos entender como instituição, só foi possível através dos esforços realizados por nossas lideranças, isso engloba diretorias e gestores. No fim das contas, tudo é cooperação.

Embarcar nessa viagem reafirmou o que acredito:

Lideranças são como capitães: estão no comando, fornecem a direção e determinam estruturas para que sua tripulação possa atingir um objetivo coletivo.

Assim como 120 anos atrás fez Pe. Theodor Amstad.

Post card para o Futuro. Minha carta de despedida da imersão entre Design e Cooperativismo promovida pelo Sicredi. Porto Alegre/RS — Acervo pessoal.

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