Aplicando teste de usabilidade pela primeira vez.

Raquel Roverssi
SiDi Design
Published in
6 min readNov 30, 2022

A minha primeira experiência como designer júnior no SiDi aplicando o teste de usabilidade com um projeto real.

fonte: Freepik

O início

O teste de usabilidade que realizei foi voltado para aprendizado, uma vez que eu nunca tinha aplicado essa técnica de UX Research (pesquisa) antes. Quando tive essa oportunidade, vi a chance de estudar sobre o assunto e treinar o conhecimento de uma maneira prática.

Para a montagem do teste, comecei pesquisando seu funcionamento. Consultei também o grupo de Especialização de UX Research aqui do SiDi para mais informações e dicas de como poderia me preparar melhor, uma vez que eu estava com um tempo mais curto para fazer a aplicação.

Para definição de objetivos, levei em conta o tempo que eu tinha para trabalhar e aplicar os testes. Decidi focar em uma funcionalidade específica que eu já havia desenvolvido no projeto, pois ela era bastante aguardada pelo cliente.

Primeiros passos

Apesar de ela ser uma funcionalidade muito aguardada, seu conteúdo era extenso, então tive que dissecar de alguma forma e decidir o que seria mais importante ser estudado no teste. Por conta disso, apliquei entrevistas com possíveis usuárias para entender quais tópicos, dentro do tema da pesquisa, geravam ou poderiam vir a gerar dúvidas. Depois que compilei os dados, escolhi os que mais apareceram em comum nas respostas.

Em seguida, aproveitei entrevistas e os dados que compilei para montar uma matriz CSD, com a qual defini os tópicos eu iria focar dentro do teste de usabilidade.

Após de definir os pontos focais, aproveitei um modelo de questionário que aprendi em um curso, junto a artigos que pesquisei e os enviados pelo pessoal de UX Research, e montei um pequeno descritivo sobre o que meu teste iria trabalhar, quem era o público-alvo, e o que eu gostaria de ter como resposta com o teste.

Com isso respondido, acabei por montar o roteiro de condução do teste, e quais as tarefas que deveriam ser aplicadas na dinâmica.

Recrutamento

O próximo passo foi o recrutamento. Dentro do tempo que eu tinha, apliquei um formulário para recrutamento, mas o que deu mais certo para conseguir participantes foi mapear os 3 requisitos e ir procurando e chamando de maneira “direta”.

Usei como ferramenta o chat do Teams. Fui chamando uma a uma, explicando o motivo do meu contato, os requisitos, perguntando se elas possuíam disponibilidade e interesse em participar do teste. Se o retorno fosse positivo, também complementava que futuramente eu traria mais informações como: tempo de duração do teste, além de agendar a data e o horário para executar o teste.

Por seguir esse “caminho” meu esforço de recrutar foi menor do que se eu tivesse aplicado um formulário, processo que demandaria mais tempo de resposta das candidatas e acompanhamento dos convites.

O recrutamento é uma parte da pesquisa que demora um pouco mais, pois depende de quantas pessoas que irão responder o formulário, quais atendem os requisitos ou não, muitas podem ver e não ter interesse em participar. Além de que, o tema do teste de projeto era muito especifico, voltado apenas para o público feminino. Contudo, dentro do que li em UX Research, o formulário para recrutamento é o mais recomendado para você reunir os possíveis usuários para depois chamá-los para participar do teste, dentro da quantidade de participantes que você precisa, claro.

Um outro ponto a que precisei me atentar foi a quantidade de participantes. Depois de definir os objetivos, o roteiro e de chamar pessoas que estariam dispostas a participar, o recrutamento ainda não estava finalizado… e, tendo em mente que o recrutamento é um dos processos mais demorados e que eu não tinha um grande tempo, segui a recomendação de Jacob Nielsen, de que 5 usuários é numero "mínimo" para aplicar o teste de usabilidade.

Como o recrutamento é uma das partes que mais leva tempo para fazer, eu decidi, buscar em um grupo de mulheres que fazem parte de uma iniciativa interna na empresa, e fui perguntando para algumas que eu já conhecia e que faziam parte desse grupo.

Organizando tudo

Também nesse meio tempo, fiz a organização do material, o que eu iria precisar, quais os equipamentos. Nesse momento, também pedi um feedback do grupo de Especialização de UX Research.

Depois de reunir os equipamentos, fiz alguns testes com câmera, celular, computador, para ver se eu não teria problemas de conexão, tempo de tela e gravação.

Dentre os equipamentos, usei um notebook (mais especificamente a câmera dele, para gravação de rosto), com o objetivo de captar as reações dos entrevistados. Também usei um celular para gravar a tela e a voz, para entender, onde ela estava clicando e o porque escolheu clicar em determinada “área” do aplicativo durante o teste, enquanto a usuária narrava suas decisões e ações em voz alta.

Tentei utilizar um segundo celular para gravar a tela de outro ângulo, mas não deu certo depois do teste piloto, pois ele gravou apenas 20 min e não 1h40 completa da pessoa usando o celular para navegar.

Também fui conversando com algumas possíveis usuárias, que poderiam se encaixar no público-alvo que eu estava procurando para o teste.

Execução e aprendizados

Para fazer o agendamento do teste de usabilidade, apliquei um teste piloto, que me ajudou a definir se as perguntas foram fáceis de entender, quanto tempo duraria o teste, se precisaria reescrever alguma pergunta, etc.

Com o teste piloto aplicado, fiz o agendamento de: data, local e horário com as pessoas recrutadas. A sala que utilizei para aplicação do teste foi uma das salas de reunião da própria empresa.

Sempre procurei deixar as participantes confortáveis, usando algumas perguntas estilo “quebra-gelo” para evitar que ficassem tensas ou preocupadas, de modo que eu pudesse conhecê-las melhor e que elas me falassem sobre fatos do cotidiano ou situações que já vivenciaram.

Acho que um ponto importante a comentar é que a famosa frase “você não é seu usuário” nunca fez tanto sentido para mim.

Eu como designer, logicamente, tenho um entendimento mais "fácil" em relação ao aplicativo do que as mulheres recrutadas para o teste. Mas acho que, por ser "fácil" para mim, parte minha “projetou” que a experiência seria fácil para elas, mas não é uma verdade.

Outro ponto é que a preparação para o teste de usabilidade é crucial, sem ela, as chances de o seu experimento dar errado são grandes. Acredito que, mesmo sem as ferramentas ideais para aplicar o teste, pude aprender o “se vira nos 30” dentro do que eu conhecia e tinha de equipamentos, para aplicar o melhor o teste.

A sala era voltada para reuniões, não tinha uma estrutura de laboratório de pesquisa — não possuía microfone para o teste nem câmera especifica para filmar. Tive a oportunidade de pegar uma câmera emprestada, mas não a peguei devido a conflito de agenda nos dias presenciais de trabalho, pois eu poderia precisar da câmera por mais tempo. Então utilizei ferramentas e equipamentos que eu tinha disponíveis para tentar fazer o teste da melhor maneira possível.

Ainda assim, obtive aprendizados interessantes que posso utilizar no próximo teste.

Dentro de tudo o que escrevi aqui, pude ter um entendimento sobre processo, recrutamento, o que é necessário para executar, etc.

Através dessa minha primeira vez com o teste, reflito que vou ganhar mais experiência com o tempo + novas oportunidades de preparar e de executar, para que eu possa fazer uma entrega melhor dos resultados que obtiver sejam eles positivos ou negativos ( e que precisem de planos de ação).

Portanto, você meu colega designer que terá esse desafio de aplicar um teste de usabilidade de primeira vez, eu tenho um conselho que resumi tudo: encare como uma chance de aprender, usar as ferramentas que você tem (mesmo que não ideais), ralar os joelhos, levantar e seguir em frente para novas experiências.

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