Photo by Kaleidico on Unsplash

Como Product Discovery tem me ajudado no trabalho

Daniele Zandoná
SiDi Design
Published in
4 min readNov 28, 2023

--

Trabalho em um Instituto de Ciência e Tecnologia, como UX Designer e lá me deparei com uma situação que até então só tinha visto uma vez na minha vida de designer (no evento Inova Jovem da UNICAMP, com ideações usando algumas das patentes da Universidade): em vez de procurar uma solução para um problema de usuário, nós da equipe de design temos que procurar uma necessidade para ser atendida por nossas soluções tecnológicas. Como já disse anteriormente em outro post aqui, a Inova tem a vantagem de ter as patentes e de atrair um grupo diverso e com a mente já pronta para o empreendedorismo.

Onde eu trabalho existe a premissa de segredo industrial, porque ainda não existe uma patente e os nossos clientes precisam dessa vantagem estratégica.

Mas temos que trabalhar com inovação. A inovação se alimenta de insights. E eu fui atrás de como tê-los e como ajudar as outras pessoas a terem os seus. Fiz um curso de Product Discovery e, além de aprender os assuntos do curso, eu confirmei uma teoria minha: um curso é bom para gente conseguir estruturar nosso conhecimento numa linha lógica. Eu revi durante o curso vários assuntos que já conhecia, mas ver o conteúdo na sequência que eles mostraram me fez perceber como e quando aplicar as ferramentas propostas pelos mentores.

Gostei particularmente da ferramenta Árvore de Hipóteses da Tereza Torres. Antes de ter contato com essa ferramenta, eu pensava em algumas hipóteses e as formulava na cabeça, trazendo para as pessoas algo que deveria parecer muito abstrato para eles no final das contas. Assim que pratiquei aplicar a Árvore de Hipóteses, apliquei-a numa pesquisa em que estava trabalhando no momento. Primeiro montei um plano de pesquisa para enquadrar o problema, verificar o que realmente a gente deveria pesquisar e para que a gente estava buscando soluções. Em seguida, neste documento, apresentei algumas hipóteses, três no total. Não posso revelar o santo, só contar o milagre, portanto, não contarei aqui quais eram. Contudo, só o fato de colocar as três hipóteses na apresentação fez com que os stakeholders visualizassem as opções (incluindo uma delas que não poderíamos seguir por conta de não termos acesso aos dados que precisariam ser analisados) e decidissem qual das hipóteses deveríamos continuar investigando no momento.

Uma afirmação que ouvi no curso da PM3 e achei “matadora” e que podemos usar como argumento durante a defesa para termos um tempo maior para o Discovery para produto, ou até para projeto, é que o objetivo do Product Discovery é a redução de riscos e desperdícios no momento do Delivery. Achei isso brilhante, porque por mais que é sabido que o custo de um erro no momento do delivery é muito maior do que durante o Discovery, algumas empresas acabam se esquecendo disso.

Guardei mais duas como argumentos:

“Falhamos porque não exploramos o problema antes de pensar na solução.” da Elisa Volpato. E “como temos poucas certezas, nós nos movemos por apostas”, do Raphael Farinazzo, ambos professores do curso.

Sim, estamos andando quase no escuro em um Discovery. Todo o processo e as possibilidades de ferramentas e suas aplicações servem para nos ajudar a ascender luzes e reduzir o risco. Não de errar, porque é para isso mesmo que fazemos pesquisa, levantamento de hipóteses e experimentos. E sim para errarmos mais rápido e mais barato e para irmos para a próxima até acertarmos. Não adianta ir para o Delivery sem ter o problema muito bem enquadrado e entendido. Também é importante conhecer a sua empresa, produto, processos, stakeholders, e quanto mais informação RELEVANTE, melhor.

Os cursos trazem o mundo real, só que precisamos aprender como aplicar tudo isso que aprendemos no dia a dia. Para encontrar oportunidades e gerar resultados. Gostaria até de levantar o debate que, ou o Agile não foi feito para incorporar o discovery no processo, ou as empresas em sua grande maioria andam aplicando o método errado. Ouço muitos colegas da área reclamando que não têm tempo de pesquisar o suficiente, que sempre é um processo que é apressado, é feito meio que "informalmente", que é desconsiderado. A não ser, claro, nas empresas que já entenderam que desenvolver soluções sem pesquisa é literalmente jogar dinheiro fora. E para finalizar, quero trazer mais uma reflexão: não adianta correr muito rápido se for para o lado errado.

Tem várias referências interessantes sobre como aplicar a Árvore de Oportunidades, escolhi algumas aqui para facilitar:

Um boa forma de começar, se houver alguma dúvida no processo, é usando o template disponível no Miro.

E um case interessantíssimo de aplicação de uma metodologia de descoberta de oportunidades está nesse post da Luana Menezes no Medium:

--

--

Daniele Zandoná
SiDi Design

UX Designer Master no SiDi, viciada em novidades, tendências e aprender. Professora na Pós Graduação de Design de Interação na PUC e mentora de inovação.