Design de interação no SiDi

Uma conversa com o grupo que estuda essa área tão ampla dentro do SiDi

SiDi Design
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7 min readJul 7, 2023

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Esta é uma continuação da série sobre os grupos de especialização dentro da equipe de design no SiDi. Hoje, iremos conhecer mais sobre o grupo de Design de interação com a participação de Fernanda Alves, Nathália Miguel, Caio Bezerra, Guilherme Lourenço e giulia lima.

Imagem: Caio Provasi

O que vocês mais aprenderam durante os estudos sobre Design de interação no SiDi?

Por meio do grupo de especialização, aprendemos a criar o hábito de reservar um tempo para pesquisa e fundamentação teórica como forma de aprofundar ainda mais o conhecimento em uma área específica. Também ficou muito claro o quanto a disciplina de Design de interação e informação contempla diversas áreas do Design de forma integrada. Por ser uma área que possui integração profunda com outras áreas de design, o Design de interação e informação mostrou-se fundamental para o entendimento da experiência de usuário em sua totalidade, exercendo grande influência inclusive nos estudos, abordagens metodológicas e práticas de Design Centrado no Usuário, Visual Design, UX Writing, UX Research, entre outras áreas.

No grupo de especialização, também foi possível entender a complexidade, diversidade e mudança constante nos padrões comportamentais dos usuários e esses pontos são essenciais para um bom design da interação entre humano e computador.

Como vocês aplicaram as técnicas de Design de interação no SiDi?

Nathália Miguel — Aplicamos as técnicas do Design de Interação considerando vários fatores interdependentes, incluindo contexto de uso, natureza do projeto, tipo de tarefa que o usuário provavelmente precisará executar e perfil de usuário.

Para isso, precisamos ter um bom entendimento acerca do problema, identificar as necessidades de negócio e do usuário, estabelecer requisitos através de entrevistas e questionários, ter integração com analistas de requisitos, desenvolver soluções alternativas utilizando critérios de usabilidade, analisar a viabilidade técnica e coletar feedback do usuário através de testes de usabilidade.

Em suma, observar quem são os usuários e entender suas necessidades, solicitar opiniões e pontos de vistas dos usuários, solicitar as opiniões dos especialistas envolvidos, testar o desempenho das interfaces diante das necessidades dos usuários e projetar as interações promovendo uma experiência satisfatória para realização de tarefas pelos usuários.

Grupo de design de interação durante a quarta semana do design no SiDi. Da esquerda para a direita: Nathalia Miguel, Guilherme Lourenço, Fernanda Alves, Caio Bezerra

Quais os maiores desafios encontrados para fazer Design de interação? Como vocês conseguem superá-los?

Fernanda Alves — Por ser uma área ampla, que inclui outras áreas e é um estudo sobre comportamento humano e interação com máquina, é comum que, como designers de interação, encontremos desafios de natureza diversa em nosso cotidiano durante as práticas.

"É natural que haja mudanças de comportamento e, consequentemente, das interações ao longo da vida. Além de existir a busca pelo novo conscientemente feita por cada indivíduo, a mudança também pode estar relacionada a vários fatores externos."

Fernanda Alves

Por exemplo, fatores relacionados aos cuidados com higiene durante a pandemia causada pelo vírus COVID-19 impulsionaram mudanças tecnológicas, de comportamento e de interação, especialmente relacionadas ao uso de dispositivos digitais.

Podemos observar que, por causa da COVID-19, as pessoas foram obrigadas a utilizar máscaras para se protegerem e mitigar a propagação do vírus nos ambientes. Diante dessa nova realidade, muitas pessoas enfrentaram dificuldades para desbloquear o celular, pois o reconhecimento facial não tinha capacidade técnica para reconhecer faces que estivessem utilizando máscara. A partir desse problema, algumas marcas evoluíram tecnicamente e passaram a oferecer atualizações de software que tornaram possível o desbloqueio do celular por meio de reconhecimento facial mesmo utilizando máscaras. Esse é um exemplo perfeito de como a interação de pessoas com máquinas pode sofrer mudanças por fatores diversos.

O que vocês acham mais interessante sobre Design de interação?

Caio Bezerra — Por ser uma área tão abrangente, existem diversas áreas de estudo dentro de uma única disciplina, isso é fascinante! Dentro do design de interação e informação, é possível estudar diversas áreas, como Usabilidade, UX Writing, Design Visual… mas o Design de Interação acaba sendo a base de todas essas áreas. O foco do IxD (Design de Interação) é de projetar produtos e serviços interativos que permitam que um usuário atinja uma meta ou objetivo específico de forma simples, sem grandes atritos ou frustrações.

Quando se estuda o design de interação, é possível encontrar “leis básicas”, como as cinco dimensões do design de interação, arquitetura de informação, as Heurísticas de Nielsen, a Gestalt, entre outras. Esses fundamentos estão intrínsecos na maioria dos produtos digitais e físicos com que temos contato, computadores, celulares, carros, até mesmo geladeiras e máquinas de lavar.

Grupo de Design de interação explicando sobre Card Sorting durante a quarta semana do Design do SiDi

Como vocês enxergam o futuro do Design de interação?

Guilherme Lourenço — O jeito pelo qual interagimos com qualquer produto muda conforme tecnologias novas suplantam antigas e criam jeitos diferentes de contato entre a pessoa e a máquina. Os próprios computadores pessoais, ao adquirirem uma central gráfica de informação ou o mouse, alteraram completamente a interação que tínhamos com eles e como consumimos conteúdos.

Ao popularizar a tela sensível ao toque, Steve Jobs estabeleceu uma nova forma de interagir com celulares, ao perceber que o caminho seria um aparelho que é um computador de bolso que, por acaso, realiza ligações, em vez de um aparelho que realiza ligações e que tem funções de computador pessoal. Essa mudança sintática reordenou toda uma indústria e como nos relacionamos com esse produto.

Nos dois exemplos acima, designers de interação trabalharam para adaptar e melhorar o contato das pessoas usuárias com essa nova maneira de operar produtos com os quais elas já tinham um modelo mental preestabelecidos. O futuro do IxD (design de interação) exatamente nesse sentido, busca entender as novas tecnologias, serviços, produtos e modelos mentais e facilitar o uso das pessoas a essas novas interfaces.

Há poucos anos presenciamos a mudança completa de modelo mental e usabilidade das redes sociais baseadas em grafos sociais, como todas da Meta e Twitter, para redes sociais baseada em recomendação de conteúdo, como o TikTok. Essa mudança, muito pautada pela mentalidade da geração Z, suscitou um novo jeito de interação dos usuários com os aplicativos, o que fez designers de interação do Google elaborarem saídas para adaptar o buscador a esse cenário. Isso ocorreu depois que um levantamento divulgado em junho de 2022 pela Alphabet (dona do Google) afirmou que “40% dos jovens quando procuram um lugar para almoçar, não vão ao Google Maps ou à Pesquisa, eles vão para o TikTok ou Instagram” e em outro ponto afirma que “as perguntas que eles fazem são completamente diferentes.” Em setembro de 2022, o Google passou a indexar vídeos e tópicos do TikTok às pesquisas realizadas no seu buscador. Tem muito IxD nessa solução.

Enquanto novos problemas desafiadores estão fazendo designers de interação trabalharem para solucioná-los a curto prazo, como o citado acima, existem tecnologias que rompem com o nosso modelo mental por completo, fazendo com que esses profissionais mapeiem soluções completamente novas. Alguns exemplos são: como integrar de maneira real o metaverso às nossas vidas ou como usar tecnologias de realidade aumentada para resolver problemas de que os usuários se queixam. Além disso, como simplificar o entendimento do que é Blockchain a fim de incorporá-lo a nosso dia-a-dia.

"Existem muitas tecnologias que podem fazer a vida das pessoas mais simples ao saírem do âmbito puramente especulativo. O papel atual do IxD e, principalmente, seu futuro em um mundo complexo, é facilitar o acesso. Quando uma pessoa idosa consegue se comunicar com seus netos de outro estado pelo WhatsApp, é porque o design de interação cumpriu seu papel."

Guilherme Lourenço

Se vocês pudessem dar uma dica para quem está iniciando os estudos em Design de interação, qual seria?

Giulia Lima — Uma excelente maneira de promover um bom Design de interação e informação é se cercar de boas referências sempre e, por atividades práticas, tornar sólido os conteúdos que consumimos. Muitas vezes somos passivos em relação às telas e interfaces que nos cercam, e incorporar um olhar observador a coisas como elementos que compõem uma interface, o tipo de interação requerido por esta interface e usuário, o layout e como que estes elementos estão dispostos, já é suficiente para começar a se aprofundar no tópico de design de interação.

Essa foi uma conversa com o grupo de Design de interação do SiDi e os designers que fazem parte dele.

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