Semiótica — Conceitos iniciais para o UI designer
Autores: Haida Martins (https://medium.com/@haidamam), Laís Oliveira (https://medium.com/@lais.mool), Túlio Franklin (https://medium.com/@tulio.franklin)
Conceito
Quando falamos de Semiótica, nos transportamos para suas origens na Filosofia. Mas hoje, por meio de vários autores, a Semiótica tem vasto uso na Publicidade e no Design, no tocante ao trabalho com embalagens, mídias, capas de livros, artes, vídeos e outros formatos.
O que é semiótica?
É tudo o que é usado para estudar os significados, seja na linguagem verbal ou não-verbal.
A pesquisadora Lucia Santaella, uma das principais divulgadoras do tema no Brasil, afirma em seu livro “O que é semiótica” (1983) que a semiótica pode ser entendida como o estudo de toda e qualquer forma de linguagem que gere produção de sentido e significado através de signos.
Signo
E o que vem a ser um signo?
“Em uma definição mais detalhada, o signo é qualquer coisa de qualquer espécie (uma palavra, um livro, uma biblioteca, um grito, uma pintura, um museu, uma pessoa, uma mancha de tinta, um vídeo etc.) que representa uma outra coisa, chamada de objeto do signo, e que produz um efeito interpretativo em uma mente real ou potencial, efeito este que é chamado de interpretante do signo.”
Santaella, semiótica aplicada, São Paulo: Pioneira Thomson Learnin, 2005, pág. 8
É preciso compreender como o signo interage com o ser humano, pois esse é o objetivo do estudo da semiótica.
Vamos exemplificar para entender melhor:
Imagine um vídeo do Youtube sobre a cidade de Campinas. Ele é um signo que tem por objeto a região retratada no vídeo. Os efeitos interpretativos que o vídeo produz em seus espectadores é o que chamamos de interpretante do signo.
O exemplo mostra que os efeitos interpretativos dependem diretamente do modo como o signo representa seu objeto, além da cultura e repertório pessoal do interpretante. Pode ser que uma pessoa de uma cidade pequena fique impressionada com o tamanho da cidade de Campinas e outra pessoa de uma cidade maior possa olhar para a representação de Campinas e achar ela pequena.
Não existe maneira errada de interpretar um signo. As pessoas leem, interpretam o objeto representado e criam uma narrativa singular e pessoal para aquela mensagem.
Nos deparamos com signos o tempo todo, ainda mais agora na era digital, onde as representações que temos nos nossos aparelhos são variadas e em grande escala.
Para compreender os símbolos, os classificamos em 3 categorias: ícones, índices e símbolos.
Ícones
Os ícones são uma representação fiel do mundo real, eles têm uma grande semelhança do que vemos tornando-os mais fáceis de serem reconhecidos. Esse signo é muito utilizado em vários projetos digitais. Um bom exemplo é o ícone de câmera em um aplicativo de celular.
Símbolos
Os símbolos estão atrelados a um conhecimento prévio para que se passe a informação. O usuário precisa compreender o que aquela imagem significa, tendo conhecimento do seu sentido. Todo o texto, por exemplo, é um símbolo, pois requer que o interpretante tenha um conhecimento prévio da língua e do alfabeto representado. Um exemplo controverso é o disquete, que hoje se tornou um símbolo que significa a ação de salvar.
Índice
O índice tem como significado a indicação de algo sem a necessidade de representar a figura real. No caso de um app de câmera, um exemplo de índice comum é o som de clique quando se tira a foto. Na realidade, não houve nenhum movimento mecânico que produziu o som, mas ele representa que a foto foi tirada para o usuário. Um outro exemplo é quando um usuário tira um print da tela e o celular deixa a tela branca por alguns instantes para indicar que a tela foi capturada, imitando o efeito de um flash de câmera.
Por que estudar Semiótica?
“Ordenar, rotular e criar mecanismos de entendimento dentro de um mundo de informação é a essência da nossa profissão — e é a essência da semiótica também. Não conseguimos projetar uma boa experiência sem termos bem claro o sentido que queremos criar.”
A maneira como o usuário final vai interpretar o nosso produto, seja em uma tela de aplicativo, pôster, vídeo, é algo extremamente importante para o design, já que podemos facilitar o entendimento e a conexão do usuário utilizando nossas criações.
Lembrando que a semiótica não é uma atividade prática na profissão do designer: ela faz parte do estudo por trás das práticas de design.
Como exemplificado nos tópicos anteriores, a semiótica também está presente no mundo digital e é uma grande ferramenta para o estudo da comunicação com o usuário. É importante que os designers visuais tenham conhecimento dela para que seja possível se comunicar efetivamente através da interface. É importante refletir sobre o uso dos signos para ter escolhas mais assertivas e grande parte dos usuários interpretem da esses signos da maneira planejada.
Autores importantes:
- Umberto Eco
- Charles Sanders Peirce
- Roland Barthes
- Lúcia Santaella
- Iuri Lotman
Fontes:
O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983, SANTAELLA, Lucia
Semiótica & Literatura. 2017, PIGNATARI, Décio
Semiótica no Design: um guia rápido | by Rafaela Melo Ribeiro | Medium