Editorial: Estilo de vida — Siesta descansa em paz

Revista Siesta
SIESTA
Published in
2 min readDec 24, 2020

As coisas poderiam começar menos solenes, mas é impensável dispensar solenidades presentemente:

O Caderno Cultural Tagast orgulhosamente introduz — Siesta

Quebrado o gelo, peço licença para trocar as calças por uma bermuda por trás do biombo. Enquanto isso, explico-lhe a que viemos. Siesta é uma revista como pouco se ousa fazer hoje: o típico “revistão”, feito como um bom digestivo. O gosto se prolonga na boca de leitores e leitoras que percebem a urgência de questões republicanas, mas que também prezam o sossego diante do absurdo que é a vida. Pessoas atentas a novidades, mas sem pressa para adotá-las.

Siesta é uma publicação que preza o indivíduo. Agendas vêm e vão, mas os indivíduos ficam (alguns). Ficam e deixam suas marcas, constroem belas futilidades ou visões únicas, impagáveis. Reservamos nosso máximo respeito ao discernimento do leitorado.

Na melhor tradição das revistas de alto padrão, nossa preocupação comercial é acessória. Certamente, você verá nossas grandes marcas patrocinando relatos notáveis. Porém, o Uísque Tagast, a Vodka Tagastka, os cigarros Delano e toda a linha de produtos Tagast são apenas coadjuvantes de uma equipe cosmopolita e diversa, que traz notícias do mundo e pontos de vista que vão temperar a vida que teimamos em viver nesse momento estranhamente singular da vida humana.

Já na primeira edição, Siesta descansa em paz — em paz e grata pelo tempo que nos resta. Num ano tétrico, descemos à mansão dos mortos na terra dos vivos, começando uma série de apresentações a cemitérios de variados perfis. Aumentamos dois pontos com os contos de Lucas Wertheimer e JP Jorge, inauguramos o folhetim Alfredo e olhamos de perto a lírica de Saulo Xupinsky.

Na vida, todos os momentos são únicos. O senso de compromisso cotidiano faz derreter essa noção, tristemente limitando nossas percepções, e mesmo nossas possibilidades. Nada melhor do que uma siesta entre correrias para reavivar a percepção e o valor da vida diante do grande sono. De que você seria capaz se não tivesse medo? Bebamos aos que se foram e aos que ficam, na esperança de que tudo isso sirva para algo!

– Marlon Silveyra Telles

--

--