Editorial: O espelho de Momo ao reverso— Algo flutua no ar
O Carnaval já está aqui. Se o ano só começa depois do Carnaval, o que acontece com 2021? A canoa virou e o entendimento ainda está longe de ser alcançado sobre o ano passado e seus acontecimentos traumáticos, mas a vida continua — para muitos de nós.
Ainda assim, o banquete de SIESTA não cessa de ser servido em travessa de prata para seu deleite, e com inovações e melhorias no cardápio.
Em oposição ao preço proibitivo da carne no mercado, oferecemos o moscow mule de LIFESTYLE, coluna em que Mathias Stenders apresenta o que a vida de melhor pode proporcionar ao redor do planeta.
A fortuna crítica do poeta Saulo Xupinsky é o antepasto picante preparado em parceria com a chef Clarita Negrão, que abre espaço para a pièce de resistance que é a reportagem, a segunda da série sobre cemitérios, investigando as idas e vindas do Estado austríaco ao lidar com os restos mortais seus cidadãos judeus.
Ainda em Viena, Lucas Wertheimer nos serve o digestivo em seu Boteco Literário ao seguir os passos trôpegos, as centenas de páginas e os copos úmidos deixados por Joseph Roth no entreguerras.
Nossas tradicionais rubricas também estão de volta: o anedotário dos Originais em Branco e Preto, incluindo o Folhetim das desventuras subheroicas de Alfredo — nossa sobremesa agridoce.
Servimos bem para servir sempre aos foliões, nutridos no conforto do lar. Embora seja tudo cortesia da casa, a conta chega também para o Caderno Cultural Tagast, subsidiado com prazer pela Indústria de Bebidas Silveyra Telles.
Devido às contingências econômicas e trágicas presentes, nesta edição optamos por dedicar espaços a anunciantes. O que se há de fazer? Esse é o estado do mecenato no Brasil de hoje. Era isso ou emplacar publicidade de energético e cassinos virtuais.
Felizmente, você não corre o risco de acordar com aquele gosto odioso de guarda-chuva na boca ao fim da SIESTA. Nossos anunciantes são empresas confiáveis e responsáveis, em sintonia com a sustentabildiade e as necessidades dos consumidores modernos.
Em condições normais, o Carnaval é o regime do anormal: a inversão da ordem diária sob o reinado de Momo. Nesse sentido, nosso banquete de fevereiro de 2021 é a inversão da inversão, que nos leva a um território também longe do ordinário! Existe algo no ar e nos cabe tentar entender o que resta suspenso e o que o vento há de levar.
– Marlon Silveyra Telles
