O DIA EM QUE CAÍ NO HYPE DE KILL BILL E PAGUEI UM PAU FEDERAL

Jaqueline Packowski
Silva Home Reads
Published in
4 min readOct 15, 2018

Então, digamos que eu sempre fui muito fã de cinema e filmes em geral, cresci com o meu pai assistindo O Senhor dos Anéis em uma época em que tudo isso aqui era mato e os filmes em famigeradas fitas VHS; que, inclusive eram duas e tu tinhas que trocar elas no meio do filme pra poder continuar assistindo.

Já tive épocas da vida em que assistia mais de 3 filmes por dia — prova disso são os mais de 500 filmes que tenho marcados como assistido no meu Filmow, rede que inclusive não atualizava desde 2016. Entretanto, nunca fui uma grande apreciadora dos chamados “clássicos”, minha praia era mais o drama ou a ficção cientifica, chorar ou ver nave espacial.

Porém, nesses últimos três meses me percebi com uma leve inclinação a querer ver os tais “clássicos”. Talvez um pouco impulsionada pelas referências citadas em aula, com a disciplina de introdução ao audiovisual e pelas dicas e comentários de um amigo, lá fui eu assistir Tarantino. Até então o único que tinha assistido havia sido Bastardos Inglórios (2009) e gostado bastante, mas não o suficiente pra catar outros filmes do mesmo diretor.

E foi nessas de ver filme do Tarantino acabei encontrando o tal Kill Bill (2004) e conhecendo “a noiva” (Uma Thurman) que, até boa parte do filme, tem o nome censurado por um beep, como quando alguém diz um palavrão em rede nacional. O que me deixou curiosa, fazendo com que eu catasse o motivo, descobrindo que, basicamente, é só Tarantino sendo Tarantino (me sinto muito cult/cinéfila ao dizer isso). Inclusive até tem uma galera que criou mil explicações e teorias sobre, mas nada confirmado.

Resumindo um pouco a tal da história e sem dar spoiler, o filme é dividido em dois volumes e fala sobre uma ex-assassina — a tal da “noiva” que eu disse antes ali. No filme, traída pelo seu grupo, conhecido como as Víboras Mortais, e seu ex-chefe, Bill (David Carradine) — detalhe: de quem ela estava grávida e levou um tiro, deixando-a em coma por 4 anos. Após esses anos em coma, ela acorda com muito sangue no olho, faz uma listinha com o nome da gurizada e sai a mil pelo brasil atrás de vingança.

O primeiro volume foi o que mais gostei, apresenta ambientações orientais, cenas de luta, inúmeras referências a cultura pop e MUITO sangue, sangue pra todo lado, litros dele, esguichando pra tudo que é lado, escorrendo da tela ou do que quer que seja que você esteja usando pra assistir, de uma forma bem exagerada mesmo. Mas o que mais me chamou atenção e que gostei, devo dizer PRA CARALHO, foi a animação em estilo anime que utilizaram pra contar a história de uma das personagens; acho muito interessante a ideia de utilizar diferentes formas de arte pra contar a história e nisso Kill Bill já me conquistou de primeira. O filme é longo, entretanto, o jogo com as cores, cenas, cenários, sombras e inserção dessas animações não te fazem perceber isso, tornando o primeiro filme, na minha opinião, mais fluído em relação a sequência.

O segundo volume praticamente não tem sangue se for comparado com o primeiro e digamos que é menos violento, porém segue com a cenas de luta, trocando um pouco do ambiente oriental por algo muito mais faroeste. Com jaquetas de couro, trailers e deserto. Há mais diálogos entre os personagens e uma aproximação maior do espectador com “a noiva”, transformando ela em algo mais humano.O que diferencia muito um filme do outro sem perder a essência e o foco principal do filme. Tudo isso tornando essa divisão em dois volumes que ocorre no filme, uma ótima opção tendo em vista esses ritmos diferentes, deixando mais balanceado. Com um final que é simplesmente incrível, Kill Bill traz plot twist, cenas, enquadramentos e diálogos que te deixam tenso exatamente até o final.

Após terminar o filme eu só tive duas reações: A primeira foi me perguntar “Porque eu não vi esse filme antes?”. E a segunda foi abrir o navegador e digitar na barra de pesquisa “asics kill bill”, pois eu queria muito um tênis amarelo escrito “Fuck U” no solado, que mais tarde eu descobri que nem é Asics, mas sim Onitsuka Tiger.

Agora consigo entender porque existe tanta galera que paga pau pras produções do Tarantino. Kill Bill é, de fato, incrível em inúmeros aspectos, mas ele é capaz principalmente de englobar muitas referências e coisas que, até então, eram consideradas distintas de uma forma natural, fazendo com que seja compreensível todo esse hype e a intitulação de clássico.

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