Uma breve história das DSLRS no filmmaking independente

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6 min readAug 16, 2018
original por: Daniel Cheung

O termo DSLR significa digital single-lens reflex camera, uma denominação dada às câmeras que usam mecanismos de uma câmera reflex com um sensor de imagem — oposto ao usar um filme fotográfico. Por meio de espelhos dentro da câmera, a imagem é diretamente refletida no viewfinder (o pequeno quadradinho no qual você olha para perceber a imagem captada pela câmera), fazendo com que você veja exatamente o que a câmera está captando.

As DSLRs se diferenciam pelos tamanhos de sensores. As câmeras voltadas a profissionais são semelhantes às analógicas no tamanho do sensor, 35mm e são categorizadas atualmente como full-frames, por dispor justamente deste quadro completo; já as que são voltadas para o público consumidor, não disposto a pagar tão caro, são as câmeras conhecidas como “sensor croppado”, que tem um sensor menor, variando em um fator de corte (crop) de 1.4 a 1.6, influenciando diretamente na resolução, mas não no tamanho do quadro. A lente em um sensor croppado pega um ângulo menor, mas ainda assim produz os 1080p.

São câmeras muito versáteis, com plenas capacidades e features de gravação e fotografia. A produção audiovisual moderna não foge dessas pequenas câmeras. Com a modernização da tecnologia, fabricantes começaram a produzir câmeras para fotografia digital capazes de produção de vídeo.

Em 2008, a japonesa Nikon lançou a D90, a primeira câmera fotográfica digital capaz de produzir vídeo e captar áudio simultaneamente. A D90 é capaz de gravar em 720p, 24 frames por segundo. Ainda em 2008 a Canon lança a primeira câmera fotográfica profissional capaz de gravar vídeo Full HD, a Canon 5D Mark II.

No começo da produção das DSLRs, muitas delas usavam frame rates e especificações longe do considerado padrão pelos técnicos. A Canon t1i, lançada em 2009, já era capaz de gravar em 1080p, porém em um diferente frame rate de 20 frames por segundo. Foi uma das primeiras, junto com a D90 da Nikon, a estar disponível por um valor relativamente baixo ao consumidor.

Com o passar do tempo, mais e mais resoluções foram disponibilizadas ao consumidor, deixando de lado as estranhas resoluções das primeiras DSLRs de entrada no mercado. Hoje com pequenas câmeras já é possível alcançar até mesmo frame rates de slow motion em 240p.

A real versatilidade das DSLRs foi explorada pela primeira vez por Vincent Laforet, em 2008. Laforet é um fotógrafo reconhecido internacionalmente, com publicações na National Geographic, Life, New York Times Magazine e também foi vencedor do prêmio Pulitzer em 2008; além de participar do programa Explorers of Light da Canon, que reconhece grandes fotógrafos ao redor do globo, recebendo a oportunidade por uma questão de estar no lugar certo na hora certa.

Laforet conta que David Sparer, então gerente de produtos e marketing da Canon, tinha uma reunião marcada com ele em uma sexta feira de 2008. A reunião foi no dia que Sparer recebeu o protótipo da Canon 5d Mark II. Laforet se impressionou com o produto, mas a empresa não deixava que tocasse na câmera antes de assinar um acordo de silêncio. Após muita insistência, Laforet conseguiu que lhe liberassem o primeiro protótipo da 5D, quando levou a câmera para produzir um pequeno curta durante o fim de semana, a fim de testar os méritos da câmera que seria supostamente capaz de, igualmente, produzir fotografia e vídeo com a mesma qualidade.

O resultado do trabalho de Laforet com o protótipo foi o primeiro curta-metragem produzido com uma DSLR, o short film Reverie. É a história de um homem que deseja uma mulher, cuja lhe invade os pensamentos, mas que ele é incapaz de encontrar pela noite. É um filme beirando os três minutos, curto e produzido durante 72 horas. Desde seu lançamento, o filme já contabiliza mais de 2 milhões de views e é um marco do que uma câmera e uma ideia são capazes de fazer.

A grande vantagem das DSLRs mora em seu tamanho e na possibilidade de troca de lentes, o que traz um vasto leque de possibilidades ao filmmaker. O encaixe da lente na câmera é conhecido como lens mount. Cada fabricante tem o seu exclusivo encaixe para lentes, vendendo a sua própria linha exclusiva. Isso é facilmente contornável, mas torna necessário um adaptador para que possa se usar uma lente da Sony em uma câmera Panasonic, por exemplo. A Nikon, entretanto, é uma das empresas que manteve a mesma mount desde o início de sua fabricação, logo é possível usar de um arsenal de lentes que abrangem mais de 80 anos de história.

Nos projetos que realizei e estão documentados neste guia, usei a câmera que posso chamar de minha: uma Canon t5i, que custou R$ 3300, com uma lente inclusa (falaremos de lentes mais a frente). É uma DSLR Canon lançada em 2014, considerada semi-profissional pela fabricante, é relativamente simples de usar e vem sendo a minha ferramenta para criar por dois anos. A câmera já mostra sinais de cansaço do trabalho, não vou negar. Nunca esqueça, porém, do que falamos antes: vamos contar a história com o equipamento disponível.

Tenha em mente que, se em 2008 a D90 foi lançada como um produto revolucionário que estaria disponível ao consumidor por um valor baixo e ainda assim era uma câmera que fotografava e filmava, hoje temos iPhones ou smartphones sendo lançados todo ano, cada vez menores e reproduzindo vídeo em maior qualidade. A Sony anunciou em 2015 o Xperia z5 Premium, o primeiro smartphone capaz de gravar e reproduzir vídeo 4k. Isso que nem falamos de câmeras de ação como a GoPro ou a Mokacam, que são pequeníssimas, praticamente indestrutíveis e, ainda assim, captam imagens excelentes.

As ferramentas se diversificam ano a ano e você tem de escolher as mais interessantes para contar a sua história. Independente de tendências criativas ou possíveis dúvidas, contar histórias através de narrativas visuais continuará sendo uma arte e o processo de construir essa narrativa por meio de filmagem, edição e captação, pelo menos na ideia, permanecerá o mesmo.

O mais importante

Apesar dos pesares, independente de qualquer câmera que vá se usar, o mais importante aqui é você, que vai estar atrás dessa câmera. Você, que estará nervoso no dia da filmagem, que não dormiu direito na noite anterior e que já está ansioso para ver o resultado final, antes mesmo de sequer ter ligado a câmera e gravado os primeiros megabytes de arquivos.

A câmera é só uma peça de um coletivo muito maior que, inclusive, não vai parar de aumentar. É gravador, rebatedor, microfone, lente grande angular, lente telefoto, estabilizador, fish eye, tripé, slider e dolly. São muitos itens, mas antes de mais nada vem você e ela, a câmera.

Um conselho: conheça seu equipamento. Independente de qualquer restrição orçamentária ou física, a capacidade para solucionar problemas no set vem de você, se souber com o que trabalha. Saiba o que o equipamento disponível é capaz de fazer e também entenda que ele tem limitações. Leia sobre, assista outros filmmakers com o mesmo equipamento, faça de tudo para ter um entendimento maior e nunca pare de mexer no que você tem.

Quando vier um problema gigante, você será capaz de trazer melhores soluções com base no que já viu e na experiência, e isso já resolve um bom caminho por si só. Se você está lendo esse gguia, você quer dirigir uma produção e vai fazer isso de maneira independente. Seja você um curioso ou alguém com experiência, tome um tempo para conhecer seu equipamento e faça todas as escolhas da pré-produção com base nele, mas nunca esqueça que independente de qualquer equipamento, o que importa são as pessoas.

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