a travessia não é fácil
a sensação de estar em um longo caminho
árduo, tortuoso, chato, tedioso
e está longe de acabar
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nada, nada fácil
a cada dia, uma respiração diferente
trancada, sufocada, suspirada
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a cada dia, um novo sol
uma nova lua
e a mesma velha história
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falta de concentração, falta de foco
como não percebi que o problema estava em mim?
que inundar os outros me deixaria vazio?
como?
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foram tantos finais forçados que nem sinto
mas estes, oh, os finais como estes me doem
arrancam meu coração, tiram todo o meu sangue
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tenho certa simpatia ao vitimismo
o caos parece reconfortante quando todo o resto é uma grande interrogação
o sofrimento é o lugar seguro dos covardes
talvez simpatia seja um eufemismo
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quando verdadeiramente preciso sentir
é como se eu estivesse em um cilindro retrátil
tenho o mesmo espaço o tempo todo
nada diferente
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meus pensamentos divergem a todo instante
sinto dificuldade para me concentrar, prestar atenção, desenvolver
preciso forçar, mas são tantas distrações
inúmeros vórtices temporais
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5 minutos aqui, mais 40 ali
tudo para não pensar
não pensar, sem coração
tão difícil, tão longo, fica para depois
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e logo chegamos ao caos novamente
o destino final de todas as noites
o momento em que os sonhos se perdem com a realidade
uma coisa só
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o vislumbre de um dia bonito
a visão de olhos marejados
apenas distração
para não pensar
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quando o tempo fecha, e o cronômetro cessa
a distração não funciona mais
todas as sombras adentram pela janela
personificam o caos, existem, me tocam
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encarar as próprias divisões não é nada fácil
admiti-las, menos ainda
a raiva, o drama e a lamúria são mais simples
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o caos ainda é um lugar calmo
um abraço de mãe
sensações que ninguém pode esquecer
um abraço de mãe
soa como o caos para mim
mas como é que eu poderia saber?