que bela forma
encantadora e reluzente
notável em sua expressão mais pura
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estranha perfeição
seus olhos são um paraíso
tão belo, escultural
invejaria à Narciso
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reflete em sorrisos bobos
olhares em chamas
pouco importa quem são
uma bela forma
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um contorno refletido em uma tela
esmero
aos poucos as cores se dividem
entrelaçam, emergem em uma aquarela
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pequenas linhas se desenham
entre sorrisos e olhares, tudo toma forma
aos desleixados prazeres da vida
uma pequena reação singela
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derrete-se
se desmancha em seu prazer e em seu calor
esvazia todo o sentimento sem qualquer pudor
flagelo, um contorno refletido em uma tela
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despedaça-se em cacos
em ritmos destoantes
os olhos engrandecem os fatos
o que acontece, será
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relatos desconexos
conforme se alteram as frequências
leves batidas internas
o que é o que acontece
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esvazia em suor e calor
deixa o ser exasperado
efusivo, contemple
despedaça-se em cacos
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a completa visão da forma
seus contornos estão fracos
a olho nu, quase não se vê
espasmos de uma existência
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a criação de uma nova
a transformação diurna em que se forma o reflexo
em telas, em celas
cadeias incontroláveis
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o reflexo continua deslumbrante
porém a cada passo, a cada olhar
um questionamento sincero
a completa visão da forma?
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se reconstrói a cada sol
se quebra a cada lua
um recipiente maleável e mutável
o rejuvenescimento eterno
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sincero? pode-se cobrar verdade?
a destruição pacífica da escultura
a decepção no olhar perdido da despedida
a luz some no crepúsculo
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o mar consome a orla
calmamente, domina
sente que o horizonte o fascina
se reconstrói a cada sol
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a dúvida é uma companheira hostil
aloja-se no cérebro e não se deixa sair
atrapalha para caminhar, atrapalha para sorrir
mas já não há mais destas
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se dissipa e encontra um recipiente
um oceano de palavras insípidas
vívidas
cria e recria em novos olhares, reflete-se a certeza
de que esta é uma forma líquida