o ar está rarefeito
há noites em que não tem como conter
uma nostalgia pecaminosa
tudo machuca e tudo faz chorar
andar por ai ao léu
nada cura, nada a perder
como será daqui para frente?
o que vai acontecer?
nada faz sentido
o canto das sereias
o amor falsificado
a euforia solitária do caos
fora de controle
esmiúça a alma
todo som incomoda
tudo é barulho
nada muda
a agonia de um dia após o outro
sem saber o amanhã
não há futuro possível
um sentimento que passou
se acabou, mas existe
noite após a noite
o relógio corre como um velocista
há tantos pensamentos intrusivos
a queda, impulsionada
o que vai acontecer?
todas as lembranças se acumulam
de uma forma perfeita
geometricamente incorreta
no próprio eixo
as luzes se apagam
mais uma vez, o retorno
algo inacabado que surge de repente
apenas estranhos
incertezas
espirais tão belas
sugam tudo ao redor para a sua perfeição
sacia as dúvidas e acalma o coração
ardente como uma fornalha
aquece o corpo
é disso que se trata, então?
pequenos momentos
histórias longínquas
infinitas na memória de poucos
acabam em um mar de heresia
angústia
culpa
dúvida
dúvida?
quando surge, se perde
na aleatoriedade sem fim
a tela perfeita
o pensar e o agir com frieza
em voltas eternas
tudo que temos é a incerteza