inacabado

Gustavo
Simetria
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2 min readMar 27, 2024

não há palavras para descrever
porque os dedos não conseguem se movimentar
no interior, um abismo escuro
cheio de memórias, pensamentos e vontades

dores, por vezes são intensas
elas abafam o som interno e suprimem o oxigênio
apagam as luzes, mas jamais calam
calaram

em um súbito olhar se cria uma história proibida
engatilhada para o desespero da culpa
por dias, martela
até que cala

as confusões e devaneios dão lugar a um tom mais intenso
vívido, raivoso, fugaz
um lampejo no ócio que desencadeia a fúria do abismo
ilumina teus olhos

em golpes fortes, gritos incomodam o tímpano
lágrimas vertem e os membros não param de tremer
tantos pormenores ocultos estão revelados
olhares, palavras, jogos, intenções

em falas confusas, as explicações se multiplicam
nenhum ponto acertado, nada resolvido
as memórias são resgatadas para o bem, e para o mau
não há como descrever

o sentimento particular de se sentir reduzido
postergado, até que se desconstrua
durante o movimento repetitivo do ciclo
empaca em algumas vontades subconscientes

latentes no fundo da mente
aspas e parênteses por toda a história
durante o passar das páginas, percebe-se
ignora, ofusca, inibe

o sentimento particular de se sentir oprimido
qualquer objeto pode ser o maior
e com certeza vale mais
então, para quê?

as mordaças e as rédeas são tantas
pequenas estruturas criticadas
exaltadas, quando necessário, evocadas a todo momento
paredes móveis, volúveis, mas sólidas

inquebráveis, independente do esforço
rígidas, como uma montanha
e manipuláveis, como a água
essenciais, imutáveis, incorruptíveis

são todas visões incríveis
permanentes no mundo da fantasia
a luz do dia, tudo vai recomeçar

a violência visual de presenciar a covardia
manifestações de força
infestando o paraíso das memórias com este sentimento vil

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Gustavo
Simetria

Jornalista, apaixonado por história e futebol. Um integrante da sociedade dos poetas mortos.