Fuga do casamento

Simonsen
Editora Simonsen
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5 min readNov 24, 2016

Um trecho de “O Outro Lado do Feminismo”

Em algum momento, a cultura do amor livre da juventude atual muitas vezes dá lugar ao casamento, o que pode se considerar uma coisa boa, exceto por um problema: essa geração não tem noção de como é ser casado ou até mesmo como escolher o parceiro correto.

Dois motivos para esse fenômeno são muitas vezes desconsiderados:

Homens e mulheres têm sido criados em uma cultura que se recusa a aceitar a natureza única de machos e fêmeas, assim, suas relações carregam tensão e conflitos desnecessários;

(2) a maioria dos jovens está sendo afetada de forma direta ou indireta pelo divórcio, o que resulta numa falta de confiança no casamento, que, por sua vez, resulta em mais divórcios. O setor editorial até desenvolveu um gênero para esse novo grupo demográfico: biografia de divórcio.

Usando a escrita como uma ferramenta de catarse, mulheres modernas lamentam seus divórcios, questionando o propósito do casamento ou simplesmente tentando fazer dar certo. Nos últimos anos, os livros publicados englobam: How Not to Marry the Wrong Guy: Is He “the One” or Should You Run? A Guide to Living Happily Ever After; Married to Me: How Committing to Myself Led to Triumph After Divorce; A Little Bit Married: How to Know When It’s Time to Walk Down the Aisle or Walk Out the Door; e Split: A Memoir of Divorce.

Mas o maior sucesso entre todas as biografias sobre divórcio é o livro bastante popular (e filme), Comer, Rezar, Amar, em que a autora, Elizabeth Gilbert, relata seu divórcio difícil e a descoberta pessoal durante um ano de traquinagem ao redor do globo. Todos esses livros esclarecem um fenômeno moderno extraordinário: uma suspeita entranhada do casamento como uma instituição social viável.

Como isso aconteceu? Durante séculos, o casamento foi considerado o alicerce da sociedade, a argamassa que mantém uma cultura ligada. A razão mais óbvia do casamento é fornecer um ambiente estável aos filhos, mas há outras vantagens. No livro The Case for Marriage, as autoras Linda Waite e Maggie Gallagher revelam que as pessoas casadas dizem ser mais felizes em geral e mais satisfeitas com suas vidas sexuais. Elas ganham mais, têm melhor saúde física e mental e têm filhos mais bem equilibrados. Certamente, todas são boas razões para se casar e permanecer casado.

Mais significante, no entanto, é o fato de que a maioria esmagadora dos americanos querem se casar. Apesar das mudanças culturais que testemunhamos ao longo do último meio século, a média da idade das pessoas que se casam pela primeira vez não mudou tão drasticamente como poderíamos imaginar. Na era da pós Segunda Guerra Mundial, homens e mulheres se casavam com seus vinte e poucos anos. Hoje, a média é de 26 anos para as mulheres e 28 para os homens que se casam pela primeira vez. Pesquisas de opinião mostram que o casamento e a família continuam sendo a prioridade mais importante para os americanos. “A geração X considera que ser uma boa esposa/mãe ou bom marido/pai é o sinal mais importante do sucesso, antes de dinheiro, fama, poder, religião e ser fiel a si mesmo”, escreveu Pamela Paul em The Starter Marriage.

É claro que a geração moderna tem boas intenções. Infelizmente, as chances de permanecerem casados são desoladoras, e os jovens estão penosamente cientes desse fato. Em Couples take their sweet time, a escritora do USA Today, Sharon Jayson, explica que os jovens adultos de hoje se envolvem em relacionamentos bastante longos antes de se casarem, geralmente porque sentem medo.

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As preocupações deles não são infundadas. Esta geração não só foi criada em uma cultura de divórcios, como a América mudou radicalmente também. Os direitos dos homens foram praticamente eliminados, e a importância dada ao ensino superior resulta numa enorme dívida para os jovens casais. Essas circunstâncias dificilmente são as ideais para se estabelecer uma família. Além disso, o sexo antes do casamento não é mais um tabu, o que significa que muitos casais (cerca de dois terços) se juntam em vez de se casar. Todos esses acontecimentos afetam bastante a instituição do casamento.

A base do problema, entretanto, não é a instituição do casamento, mas a atitude dos americanos em relação a ela. Se queremos salvar o casamento, temos que começar a mudar nossa mentalidade. A forma como enxergamos algo afeta o esforço que colocamos nele, uma vez que esta geração enfrenta uma atitude negativa em relação ao casamento, ela tende a se esforçar menos.

No artigo de Jayson, as pessoas dizem que se amigam em parte porque pensam que podem se preparar melhor para o casamento e afastar os potenciais desastres. Isso não só transmite negatividade logo de cara, é também um exercício de inutilidade. Não existe maneira de saber o que vai acontecer no futuro. O concubinato não é proteção contra o profeta da desgraça, na verdade ele é que causa a desgraça. Os casais que primeiro decidem morar juntos (a menos que já estejam noivos) têm menos chance de sucesso conjugal do que aqueles que não coabitam.

Mas o maior obstáculo que os jovens enfrentam quando se trata de casamento é a falta de maturidade. Diferente de gerações anteriores, os jovens de hoje foram mimados. Eles cresceram com relativamente pouca dificuldade e poucas exigências morais. “Esta é a geração que não vai se comprometer a ir numa festa no sábado porque talvez alguém melhor apareça”, disse a psicoterapeuta Shannon Fox. Além disso, a nossa cultura de recompensa imediata não tem funcionado em prol da geração moderna. Se tudo não for exatamente do jeito que eles querem que seja agora, eles acreditam que nunca será. Eles não percebem que, no futuro, serão recompensados pela paciência. Casamento muda com o passar dos anos, em muitos casos, torna-se mais fácil. Na verdade, estudos mostram que casais que já estiveram insatisfeitos com seus casamentos sentiram o oposto cinco anos depois.

Sair de um relacionamento para entrar em outro não é garantia de uma vida melhor, tampouco. Um cônjuge muitas vezes busca um relacionamento novo e estimulante para escapar dos problemas do atual relacionamento, e apenas acaba com tipos diferentes de problemas no novo relacionamento. As pessoas se deixam levar pela emoção do momento e esquecem que ao longo do tempo as coisas não ficam mais tão empolgantes. A paixão acaba. Como o Dr. M. Scott Peck escreveu em seu livro de grande sucesso publicado em 1978 A Trilha Menos Percorrida: “O sentimento de amor arrebatador que caracteriza a experiência de se apaixonar sempre passa. A lua-de-mel sempre acaba. O florescer do romance sempre se desvanece”. Peck explica que o amor romântico é um mito. O amor verdadeiro implica em nos envolvermos nas necessidades e desejos de outra pessoa. “Devemos nos comprometer além dos limites do eu”.

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