Três dicas para os maridos católicos chefiarem espiritualmente suas famílias

Simonsen
Editora Simonsen
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5 min readNov 4, 2016

Por Rafael Vitola Brodbeck

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O marido é a cabeça do casal e o chefe de família. Mas isso não importa em uma falsa liderança despótica, dando ordens descabidas, como se a mulher e os filhos fossem sua propriedade. A liderança cristã é baseada na verdadeira hierarquia, não na tirania, e aquela está sempre a serviço. O marido lidera não para mandar, mas para servir. O exemplo de São José deve ser sempre lembrado: embora chefe da Sagrada Família e cabeça do casal que formava com a Santíssima Virgem, sendo que ela lhe era cristamente submissa (não subserviente), Jesus e Maria, que lhe deviam obediência, eram superiores em santidade e em virtude ao santo!

Com base nisso, passo a dar três dicas de como os maridos podem liderar suas famílias, cumprindo a vontade de Deus. A liderança do marido tem um fim: proteger a família e levá-la ao céu. As dicas, portanto, serão apenas na esfera da espiritualidade e da santificação da família pela qual ele foi colocado por Deus para ser responsável.

01.

O marido deve ser o sacerdote da Igreja doméstica. Muitas vezes lembramos das piedosas mulheres que sustentavam espiritualmente a família. Isso deve continuar acontecendo, pois a intercessão da esposa e mãe é poderosa. Todavia, essa quase exclusividade do papel da mulher na família é própria de tempos em que os homens não eram convertidos ou não praticavam a fé católica como deveriam. A mãe, por vezes, substituía o pai na liderança espiritual da família — não a liderança secular. Em uma família realmente católica, o pai deve reassumir seu papel e imitar São José.

Como sacerdote da família, deve oferecer sacrifício de louvor cotidianamente, agradecendo e pedindo a Deus pelos que lhe foram confiados.

Deve, igualmente, oferecer-se a si mesmo a Deus pela esposa e os filhos: um sacerdote é aquele que oferece as vítimas em holocausto (no caso do pai, as vítimas são espirituais, o sacrifício de louvor, pois o sacrifício por excelência é feito por Cristo na Cruz e tornado presente na Missa, pelo sacerdote propriamente dito, o padre), mas também quem oferece a si mesmo a Deus (Cristo foi sacerdote, mas também vítima, na Cruz e na Missa). E como o pai se oferecerá a si mesmo? Renunciando aos seus gostos e caprichos em prol da família, fazendo pequenas mortificações por ela, e sabendo que o bem maior é dos filhos e da esposa, e não os seus. Quantos jogos de futebol na TV não poderiam ser sacrificados, se se sabe que os filhos, justo naquele momento, precisam de atenção? Não se trata de renunciar a tudo, pois em família as coisas se ajeitam e é preciso conversar — e ensinar a esposa e os filhos a também fazerem renúncias, para melhor formarem a vontade -, mas, em conflito sem possibilidade de negociação, o chefe da família deve dar o exemplo!

Sendo sacerdote da família, o marido irá também aumentar suas orações, suas meditações, suas visitas a Jesus no sacrário, para ser modelo de todos os membros da casa, que lhe emularão a piedade.

O pai rezará com sua família, liderará a ida à Missa, estará presente na recitação do rosário, mas também rezará, sozinho, em sua oração pessoal, pela esposa e filhos.

02.

Decorrência de seu sacerdócio doméstico, o pastoreio da esposa e dos filhos é um dever do marido. É o guia espiritual de sua família, aquele que deve primeiro se formar em doutrina e em piedade, para ajudar a todos. Sem substituir o diretor espiritual da esposa ou de cada filho, que, no mais das vezes, é um sacerdote ou religioso, procurará ouvir a vontade de Deus na oração, e a apresentará aos filhos e esposa. Aliás, deve procurar ouvir essa vontade divina junto com a mulher, que será sua grande conselheira e um meio pelo qual Deus fala de modo ordinário.

O pai que é pastor, orientará a oração dos filhos, ajudará a esposa em sua própria oração, se ela precisar, e estará ao lado da mãe quando ela der seus conselhos de piedade às crianças e rezar com os filhos. O pai, com a mãe, é o primeiro catequista, estimulará a leitura das Sagradas Escrituras, do catecismo, dos livros de piedade e de doutrina, e das vidas dos santos.

É dever do pai comprar bons livros católicos à esposa e aos filhos e assegurar-se de que os leiam, ajudando-os a refletir, conversando sobre os temas neles tratados etc. Exemplares da Bíblia ou alguma sua paráfrase, adequados à idade e condição, vidas de santos, catecismos, devem ser sempre apresentados à biblioteca das crianças.

Duas sugestões são pregar um pequeno retiro aos filhos e esposa, de vez em quando, de meio-dia, nem que seja, e ler juntos um trecho espiritual, da Bíblia ou outro livro, e conversarem sobre ele. O pai e a mãe guiarão os filhos nos primeiros passos de sua oração e da meditação.

03.

Outra consequência do sacerdócio paterno é o poder da bênção. A mãe também pode abençoar, mas parece-me que a bênção do pai tem aquele ethos de imitação mais perfeita do Pai Celestial e do sacerdote ordenado.

Reze, pois, por seus filhos, imponha-lhes as mãos, abençoe a cada um deles. E abençoe sua esposa. Pode-se, aliás, usar bênçãos litúrgicas, dado que a edição pós-conciliar do Rituale Romanum traz previsões de bênçãos a serem dadas pelos pais e mães. É uma poderosa ferramente de bênção e unção da família.

Tenha em casa água benta e sal exorcizado e faça uso frequente deles para abençoar a esposa e os filhos.

Rafael Vitola Brodbeck é delegado de Polícia, e diretor do apostolado “Salvem a Liturgia”. É autor de dois livros jurídicos — “Inquérito policial. Instrumento de Defesa e Garantia dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana” e “Lei de Drogas Anotada” — e vários religiosos — entre os quais “Santo Elias, o Doutor de Israel” e “Jesus Cristo, Rei do Universo”. Estão no prelo outras obras suas, tanto jurídicas quanto religiosas. Ministra palestras e conferências sobre doutrina católica, família, liturgia e o tema do laicismo e das relações entre a Igreja e o Estado.

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