Pressupostos epistemológicos da educação
Depois do encontro do dia 12/03 fomos separados em grupos e cada grupo ficou com uma abordagem teórica do processo educativo. Tivemos a aula do dia 19/03 para estudar e preparar a apresentação que foi realizada no dia 26/03. A seguir as temáticas do seminário e abordarei com mais ênfase a apresentação da qual fiz parte:
O processo educativo na Pedagogia Tradicional
O processo educativo na Pedagogia Nova — John Dewey
O processo educativo na Pedagogia Tecnicista — Skinner
O processo educativo na Teorias-Crítico-reprodutivistas — Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
O processo educativo na Teoria Crítica — Herbert Marcuse e Adorno
Pedagogia Tecnicista — Skinner
A Pedagogia tecnicista com base na teoria comportamental de Skinner buscava conformar a educação nos novos processos produtivos capitalistas, que buscavam na racionalidade e na objetividade de se transmitir os conteúdos de forma que minimizasse interferências subjetivas. Para tanto o ensino se conformava com uma repetição dos conteúdos e o desenvolvimento de habilidades simples que não vai além do que o processo produtivo requer.
Na Pedagogia Tecnicista, o elemento principal passa ser a organização racional dos meios, ocupando o professor e o aluno posição secundária, relegados que são à condição de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais. (SAVIANI, 2012, p.13)
Origens do tecnicismo: Behaviorismo Radical de Skinner
Com os estudos de psicologia comportamental, busca quantificar e teorizar o que for verificável cientificamente do comportamento humano e assim conseguir moldar o processo educativo. Para Skinner, o comportamento pode ser moldado a partir de reforços positivos e negativos, dentro de uma rigorosa metodologia científica. Para ele o que não pudesse ser verificado cientificamente não poderia ser considerado, por isso questões subjetivas eram descartadas.
Para ele o livre arbítrio era uma ilusão, e tudo era parte de complexas redes de condicionamentos que o meio incidia nos seres humanos e a partir dessas interações determina padrões comportamentais a partir dos reforços positivos ou negativos, que culminam em comportamentos operantes no qual a partir de um estímulo há uma ação para reforçar o comportamento.
O comportamento operante é um processo recípocro entre o meio e o organismo no qual ambos atuam como modelagem de um comportamento futuro.
A partir dos seus estudos em comportamento, Skinner viu na educação um meio para aplicar suas teorias, desenvolveu programas de ensino e testou tecnologias como as máquinas para ensinar, princípios dos programas de computador para a autoaprendizagem. Considerava que feedback em cada etapa de um projeto era fundamental para contribuir com os processo de ensino e não apenas no final do projeto.
Origens do Tecnicismo: Taylorismo
O taylorismo buscava uma maior eficiência e organização científica dos processos produtivos com uma maior racionalização, desumanização e conteúdo especializado, e o processo educativo foi conformado nessa mesma lógica e o professor é visto como mero executor de tarefas, apenas repassa as técnicas necessárias para os alunos, um saber fragmentado e específico.
Surgimento do Tecnicismo no Brasil
Surge no Brasil após o golpe de 64 com os acordos MEC-USAID, onde os EUA investem na educação brasileira ao mesmo tempo que controlam o conteúdo a ser trabalhado. Se o Estado/EUA tinham maior controle, não havia democracia e a qualidade do ensino caiu.
Acordos para seguir religiosamente o modelo organizacional das empresas estrangeiras, principalmente as americanas.
Leis impostas por militares e burocratas:
Lei 5.540/68 funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média (impor medidas disciplinares de cooptação e controle do pensamento crítico das classes estudantis)
Lei 5.692/71 Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus (para se assemelhar ao modelo americano)
Uma das consequências foi a excessiva burocratização do ensino, porque, para o controle das atividades, havia inúmeras exigências de preenchimento de papéis.
A reforma provocada foi autoritária, vertical, domesticadora, que visava a atrelar o sistema educacional ao modelo econômico dependente, imposto pela política norte-americana. Tudo isso também ocorria na América Latina. Reforma:
● educação e desenvolvimento: formação de profissionais para atender às necessidades urgentes de mão de obra especializada no mercado em expansão;
● educação e segurança: formação do cidadão consciente *daí as disciplinas sobre civismo e problemas brasileiros (Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil e Estudos de Problemas Brasileiros);
● educação e comunidade: criação de conselhos de empresários e mestres para estabelecer a relação entre escola e comunidade.
Referências
ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia. São Paulo: Moderna, 2012.
FRANZON, Sadi. Os acordos MEC-USAID e a reforma universitária de 1968 -as garras da águia na legislação de ensino brasileira. XII Educere. out.2015. p. 40619–40632
O Livro da Psicologia -Col. As Grandes Ideias De Todos Os Tempos. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Globo, 2016.
SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2012
SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1974
