116 pessoas mortas. E quem vai pagar a conta?

Gabriel Santos
singular&plural
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3 min readMar 25, 2018

A irresponsabilidade deixa centenas de mortes e casos de febre amarela no Estado de São Paulo

Por Bianca Ninzoli e Gabriel Santos

Segundo a Secretaria da Saúde do estado de São Paulo, 326 casos de febre amarela foram confirmados e 116 pessoas foram a óbito pela doença. A campanha de vacinação se iniciou em setembro de 2017, porém a cobertura midiática foi feita apenas meses depois, quando o primeiro macaco morreu após ter contraído o vírus.

O papel da mídia é prevenir ou remediar? Se é função dos meios de comunicação prestar serviços de utilidade pública à população, por que não alertar a população para ter sido vacinada antes do surto? Será que cobrir uma morte devido ao vírus é mais importante do que divulgar uma prevenção?

Se pararmos para analisar a edição de um jornal 90% das notícias dadas são coberturas de fatos políticos e tragédias. Os outros 10%, normalmente, são notas sobre jogos de futebol ou eventos culturais. Isso acontece porque é mais polêmico e lucrativo falar sobre a estrela da seleção nacional de futebol, do que dos recursos oferecidos pela saúde pública. É mais fácil e atraente atacar o governo do que uma entidade privada como a CBF.

Na atual sociedade, muitas vezes as tragédias dão mais audiência do que serviços de apoios a população. Uma prova disso foi o surto de febre amarela que aconteceu no estado de São Paulo no final do ano de 2017 e início de 2018. A doença pegou a população de surpresa, mas o que muitos não sabiam é que o governo já oferecia a vacina gratuitamente nas unidades básicas de saúde, assim como a vacinação contra, que também é distribuída porém, só é divulgada quando uma nova epidemia aparece. Apenas nessa defasagem de informação, quantas mortes poderiam ser evitadas?

Claro que não podemos culpar somente os meios de comunicação, uma vez que o estado também tem sua responsabilidade na divulgação de suas campanhas. O fato é que muitas vezes a população não tem acesso, ou interesse, à informação, e acaba vivendo em virtude do que está exposto em TVs e jornais.

A mídia também deveria ser responsável em criar conteúdos que desmistificam os efeitos das vacinas no organismo humano. Ora, será que é mais importante a audiência que gira em torno das mortes e casos registrados pela doença, do que a prevenção da mesma? Após o surto dos últimos meses, começaram a circular notícias de que as vacinas tinham efeitos colaterais e de que as pessoas não deveriam tomá-las. Aqui entramos em outra discussão, o fake news, que não nos aprofundaremos. Mas, ao invés dos veículos de comunicação apurar as informações e produzir conteúdos consistentes que quebrassem esse tabu, eles continuaram a estampar em letras garrafais que ocorrera mais uma vítima letal em alguma cidade do estado de São Paulo.

É fato que a cobertura da imprensa pressionou as pessoas a tomarem a vacina. Então, mais uma vez, a mídia exibiu como troféus as filas quilométricas nos postos de vacinação. Aparentemente ver o desespero no rosto do cidadãos que moram nas regiões mais afetadas pela febre amarela, é mais importante do que ter criado medidas anteriores para que o povo já estivesse preparado e imunizado para enfrentar essa epidemia.

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