A ética jornalística vs. Rachel Sheherazade

Mariana Melro
singular&plural
Published in
3 min readSep 20, 2018

Por Gabriela Berman e Mariana Melro

A mídia é um grande poder e sabe como manipular e influenciar grandes massas, seja para o bem ou mal. Nos últimos tempos, onde o que espetacular é o que vende, parte do jornalismo está migrando para esse tipo de jornalismo sensacionalista.

Ao analisarmos na grande mídia optamos por nos direcionar a jornalista e âncora do telejornal no SBT Brasil, Rachel Sheherazade, porque percebemos que a mesma é um bom exemplo de um comportamento que destoa daquilo que chamamos tradicionalmente de jornalismo.

Rachel Sheherazade (Foto: Arquivo pessoal)

O jornalismo na sua essência informativa deve seguir algumas normas gerais das quais, as mais importantes são: imparcialidade e neutralidade. Entretanto, o que vemos nesse telejornal é uma figura com uma conduta totalmente distorcida do que de fato se deveria ser.

Sheherazade é formadora de opinião, sabe bem o que fala e os impactos que causa. Muito provavelmente aproveita desse privilégio de apresentar o maior telejornal do SBT para, ao invés de se atentar a informação, faz comentários que, em sua maioria, não são bem-vindos, além das expressões de discórdias, atitudes estas, que deveriam ser isentas da parte dela.

É interessante observar os telejornais e seus âncoras com seus discursos articulados no intuito de informar a sociedade. Com todo o cuidado as notícias são descritas, pois o telespectador é sempre colocado em primeiro lugar, é preciso ter cuidado quando a notícia narrada é utilizada como desabafo pessoal, fugindo desse modo dos princípios éticos do jornalista.

Para grande parte dos telespectadores a imagem criada de Rachel Sheherazade é de uma jornalista que usa seu espaço para expor e argumentar seu ponto de vista diante algum fato sem muita cautela, o que acaba resultando em declarações infelizes que são interpretadas de forma negativa.

O modo como a jornalista impõe sua opinião é decisivo para algumas pessoas que veem o papel do jornalista como denúncia social, de modo a relacionar seu discurso a verdade absoluta. É confrontada também a postura de Rachel, uma vez que, a imparcialidade e neutralidade jornalística não são princípios utilizado em seus discursos.

Mas a questão é: Por que a emissora continua renovando contrato do telejornal, de horário nobre, em TV aberta com alguém que não é um exemplo de bom jornalismo?

As teorias são múltiplas. Rachel aproveita assuntos polêmicos para tornar a informação um espetáculo. Seu discurso de “revolta social” é carregado de sensacionalismo, no qual utiliza uma linguagem apelativa, aproveitando de situações emotivas para influenciar de alguma maneira, tendenciosa, o telespectador.

Um exemplo desse tipo de discurso da jornalista é este, feito em 2014: “O Estado é omisso, a polícia desmoralizada e a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que ainda por cima foi desarmado? Se defender, é claro! O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite. E, aos defensores dos Direitos Humanos que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um bandido”.

A fala, um tanto quanto infeliz, gerou inúmeras críticas por parte da população, contudo, dados do Ibope da Grande São Paulo deste ano computaram que o SBT Brasil alcançou 10,4 pontos de média de audiência, 14 pontos de pico e 13,5% de share.

Esses dados significam que, apesar dos discursos que fogem da ética jornalística, a população ainda assim assiste e gosta desse tipo de conteúdo.

Por esse motivo a jornalista aproveita da audiência e conquista sua fama através de seus comentários durante o programa, o que acarreta no poder de influenciar os menos informados.

A mídia faz parte da nossa cultura e a forma como ela se comporta também. O sensacionalismo, o discurso tendencioso, a linguagem persuasiva não é a toa. Assuntos com valores e morais envolvidos, violência, preconceitos, são tratados com frequência porque estão imersos na nossa cultura.

Baseando- se no texto Mídia: Teoria e política, de Vinícios A. de Lima, a mídia é um sistema e possui funções, aquilo que antes era tido como principal, no caso: os efeitos dela, hoje a relevância são as funções dela. Mas atualmente a função é informar ou influenciar? Comportamentos como de Rachel nos fazem repensar naquele tradicional e ético jornalismo.

Talvez essa nova mídia seja uma tendência mercadológica, na qual vender a informação e ter mais audiência seja mais viável que fazer um bom jornalismo.

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