A adaptação dos telejornais no Brasil
A busca por técnicas para atrair telespectadores
Por Ana Selaibe e Cecilia Ferreira
O telejornalismo no Brasil começou nos anos 50, com a TV Tupi, de Assis Chateaubriand. Porém, um dos primeiros momentos mais marcantes da televisão foi o programa “Repórter Esso, ” conduzido por Heron Domingues; o programa fazia sucesso no radiojornalismo, e se adaptou a TV, mas somente em termos de transmissão. Tentava atrair atenção dos telespectadores dando a notícia mais impactante do dia por último, aumentando o clímax.
O “Repórter Esso, ” mesmo não sendo o primeiro programa televisivo introduzido no país, explorava, em um primeiro momento, seu espaço na televisão com textos produzidos para o rádio, o formato com que estavam habituados.
Por 18 anos, ‘O Repórter Esso’ foi a referência para os telejornais implantados em outras emissoras. No início, o telejornal apresentava as notícias no formato do programa de rádio que originou a sua criação. Como os profissionais não estavam ambientados com a televisão e os equipamentos para gravar e transmitir imagens boas eram raros, o telejornal não era interessante em seu começo. Isso porque era composto basicamente de textos e com poças imagens. Estas chegavam com até 12 horas de atraso e, quando davam suporte à notícia, o telespectador, muitas vezes, já tinha se desinteressado pelo assunto. (NOVAES)
Entre os anos 1964 e 1985, período da ditadura militar, houve grandes investimentos na área televisiva do Brasil, como o sistema de transmissão de satélite e microondas da Embratel (Piccinin, 2008). Como no caso do Jornal Nacional, que era um programa patrocinado pelo governo militar, com intenção de integrar o país, transmitindo sua programação por todo território nacional, com um padrão de produção igual dos Estados Unidos.
O Jornal Nacional tornou-se então um modelo nacional de telejornalismo no Brasil, sempre sendo pioneiro a inovar os padrões brasileiros de jornalismo, inicialmente com a fala de entrevistados e depois com novas vinhetas e mudanças na fala e entrevistadores, assim como cenário e introdução de tecnologias. Atualmente, os programas informativos seguem este mesmo padrão, que foge do tradicional “Repórter Esso, ” e concluem sua programação com informações leves, como esporte.
Seguindo influências, a televisão brasileira, segue temas, ideias, estrutura, produção, roteiros do padrão norte-americano. Fazendo assim com que o telejornalismo siga uma forma de texto mais coloquial, sendo curto e objetivo, para chamar a atenção do telespectador;
Em busca do telespectador — tendo a proximidade como meta a fim de garantir a audiência (e, consequentemente, o patrocínio de anunciantes) — os telejornais têm sido instigados a pensar uma forma diferente de fazer o noticiário de TV, com linguagem mais próxima e afetiva. A ordem nas redações é ousar, criar, sem medo de errar; romper paradigmas por muitos anos cultivados, mas têm se revelado ineficientes na conquista do telespectador na atualidade. (MAIA, 2011)
As redes de comunicação vêm sofrendo constante concorrência entre si e com a Internet e tecnologia em geral. O que vem obrigando os canais televisivos a buscar novas ideias de formato de produção e texto, para garantir a audiência. A linguagem coloquial está sendo muito explorada nessa fase da televisão, como se o âncora estivesse conversando com o telespectador, junto com o posicionamento de câmeras, que sempre trazem proximidade ao discurso. Outros recursos explorados são a Internet e a transmídia, onde os apresentadores pedem sugestões ao telespectador, fazendo com que os mesmo sintam-se mais conectados ao conteúdo exibido, como no caso do Twitter e o uso de hashtags.
O telejornalismo vem se adaptando de maneira constante em razão de atrair mais audiência fixa, e fizeram com os modelos tradicionais de jornalismo perdessem a força nos últimos anos, fazendo com que o surgimento do jornalismo literário e mais informal ganhasse mais espaço na grade televisiva, para assim padronizar o discurso televisivo do país.
Por ocupar um lugar de muita influência cultural no Brasil, os telejornais devem apurar os fatos com mais cuidado, aprimorando qualidades e trazendo uma maior pluralidade em sua grade e pautas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MELLO, Jacira Novaes. Telejornalismo no Brasil. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-mello-telejornalismo.pdf> . Acesso em 22 de set. de 2017.
RIBEIRO, Ana Paula Goulart. SACRAMENTO, Igor. ROXO, Marco. História da Televisão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010
MAIA, Aline. O Telejornalismo no Brasil na Atualidade: Em Busca do Telespectador, 2011. Disponível em: <http://analisedetelejornalismo.files.wordpress.com/2011/08/maia_aline.pdf>. Acessado em 22 de set. de 2017.
PICCININ, Fabiana. Notícias na TV Global: diferenças (ou não) entre o jornalismo americano e o europeu. Disponível em: <http://www.bcoo.ubi.pt/pag/piccininfabiana-telejornalismo-americanoeuropeu.html>. Acesso em 22 de set. de 2017.