A desinformação causada pelo excesso da liberdade de expressão nas redes sociais

O momento da pandemia da covid-19 foi essencial para que surgissem fake news diariamente

Gabrielle Mantovani
singular&plural
3 min readMay 26, 2022

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Por Gabrielle Mantovani e Marina Genaro

Com a propagação do novo coronavírus e a falta de informação em todo o mundo no ano de 2020, diversos meios de comunicação começaram a divulgar fake news sobre a nova doença, fazendo com que muitos acreditassem mais nessas informações do que nos estudos científicos.

Tudo começou na China, no ano de 2019, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou diversos casos de pneumonia na cidade de Wuhan, causada por um patógeno que ainda não havia sido identificado em seres humanos. Uma semana depois, em janeiro de 2020, as autoridades confirmaram que havia sido descoberto um novo tipo de coronavírus.

Com isso, após um mês, a OMS precisou declarar que o surto do novo vírus constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), fazendo com que o mundo inteiro entrasse em alerta e começassem diversas pesquisas para minimizar os problemas e as mortes que estavam sendo causadas pela covid-19.

Porém, com esse excesso de informação e de liberdade que a população estava vivenciando, jornalistas, presidentes, famosos e até mesmo a sociedade decidiu opinar sobre o tema sem nenhum conhecimento comprovado, fazendo com que pessoas com maior influência, como foi o caso do jornalista Alex Berenson, e do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, propagassem informações não verídicas sobre o caso.

Photo by Melyna Valle on Unsplash

No dia 30 de agosto de 2021, o jornalista Berenson, ativista antivacina dos Estados Unidos, sofreu um cancelamento em suas redes sociais por divulgar que a vacina contra a covid-19 é “na melhor das hipóteses um terapêutico com janela limitada de eficácia”, fazendo com que as pessoas que o idolatravam se recusassem a tomar a vacina, dificultando o país a alcançar um grande número de vacinados.

Berenson acusou a imprensa e grandes canais midiáticos de tentar restringir a liberdade de expressão e sufocar o debate científico. “Estamos nos deslocando para uma nova era de censura, encorajados por gigantes da tecnologia e empresas de mídia tradicionais. Como alguém que foi falsamente caracterizado como um negacionista do coronavírus, eu vi esta crise em primeira mão”, escreveu.

Outro caso parecido foi o que ocorreu no Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro, que se declarou contra a vacina do coronavírus, incentivando diversos apoiadores a não a tomarem também. Diante de inúmeras frases ditas pelo presidente, como “eu não vou tomar a vacina e ponto final; se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu”, podemos supor que essas falas fizeram com que muitos brasileiros optassem em não tomar a vacina, justificando que “se nem o presidente toma, não temos motivos para tomar também”.

Com isso, podemos concluir que pessoas com maior influência, como jornalistas e figuras públicas, como nos casos citados acima, foram irresponsáveis com a construção social da realidade, já que nesse quesito menosprezaram o trabalho e estudos daqueles que entendem do assunto e incentivaram pessoas a tomarem atitudes incorretas.

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