A desinformação em massa é somente de responsabilidade do jornalismo?

Atualmente, as notícias são pautadas visando aos cliques, ou seja, não são focadas em informar o público, são feitas apenas para gerar lucro

Mariana Bentes
singular&plural
3 min readMay 26, 2022

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Por Carolina Lobo, Julia Simões e Mariana Bentes

Ao publicar uma notícia, os veículos e os próprios jornalistas precisam de uma certa cautela ao divulgar as informações, ou seja, o ideal é que os dados sejam revisados e certificados, já que causarão impacto à sociedade. Apesar de parecer óbvio, muitos canais de comunicação acabam divulgando matérias sem validação, apenas para conseguir o furo jornalístico; logo, podemos perceber que a importância está apenas no lucro, e não em informar a população.

Para entender essa problemática na prática, podemos analisar o impacto que foi causado com a divulgação errônea do obituário da Rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido, após ela ter contraído a covid-19. A Folha de S.Paulo divulgou, na segunda-feira, dia 11 de abril de 2022, a informação de que a rainha britânica falecera. Mesmo tendo ficado poucos minutos no ar, a matéria gerou muita audiência e polêmica, tanto que logo foi retirada, e o veículo publicou uma nota se desculpando pelo erro.

Apesar da morte de Elizabeth já ser esperada, por ela ser uma pessoa idosa, com idade acima da média da expectativa de vida, a notícia gerou muita repercussão, já que ela é uma figura muito importante, reconhecida no mundo todo e, até mesmo, considerada “imortal”. Todas as pessoas que estavam conectadas e com notificações ativadas no momento da publicação poderiam ter acreditado na divulgação e, com certeza, já espalhariam a notícia para outras pessoas, gerando ainda mais desinformação.

Casos de Covid-19 geram grandes repercussões na sociedade. Por Agência Brasil.

Dessa forma, podemos perceber o grande impacto e responsabilidade que o jornalismo tem. Entendemos que errar é humano e está tudo bem, mas, antes de publicarmos uma informação, por mais irrelevante que ela seja, precisamos ter cautela, pois atos falhos acabam fazendo com que o jornalismo perca, aos poucos, a sua credibilidade. Principalmente quando publicado na internet, já que as pessoas acabam consumindo a notícia pelo título, e não pela matéria em geral.

Além disso, sabemos que a problemática do jornalismo com a responsabilidade social não está somente nas mãos dos profissionais, mas também dos consumidores. Se consumíssemos as notícias com afinco, curiosidade e dedicação não estaríamos em um gigante processo de desinformação. Preferimos procurar pelo que é mais prático e fácil, ou seja, muitas vezes, acabamos acreditando no que ouvimos e, mesmo que, às vezes, pareça um absurdo, não temos interesse em discutir a informação e, nem ao menos, interesse em checar e pesquisar.

Dessa maneira, podemos concluir que a responsabilidade coletiva impacta totalmente na construção social da realidade, já que, quando uma matéria é divulgada, temos ela como verdade. Na maioria das vezes, acabamos nem checando-as. Ademais, podemos nos questionar se a tecnologia veio para contribuir positivamente, trazendo informações mais concisas e com mais rapidez, ou se ela veio para gerar mais concorrência entre os canais, fazendo com que ocorra uma disputa pelo furo jornalístico, com a qualidade e a veracidade deixadas de lado.

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