A ditadura dos meios de comunicação

Arthur Agaton Gabor
singular&plural
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3 min readJun 19, 2018

A campanha “100 milhões de uns” da Globo visou mostrar a força da emissora, mas pode ter mostrado também o seu (quase) monopólio na televisão

Por Arthur Agaton Gabor

Independente se você assiste televisão, conhece a Rede Globo. Ela lançou, em outubro de 2017, no Fantástico, a campanha de marketing: “Cem milhões de uns”. Sua justificativa é a de que mais de 100 milhões de pessoas assistem a emissora diariamente. A ação que aparecia durante quase todo o domingo a programação da emissora era lida por artistas da casa, que explicavam o motivo dos 100 milhões de telespectadores diários. O ritmo variava, vários estilos musicais eram utilizados com o intuito de abranger a maior quantidade de “uns”.

Os canais concorrentes, ao verem tal ação não ficaram paradas. A Rede Record disse: “nada contra os 100 milhões de uns. Mas, se a sua marca precisar falar com + 50 milhões de outros, fale com a gente.”. A ironização à Globo também cutucou o SBT, já que com tal campanha a Record se coloca na segunda colocação em audiência. O SBT foi mais discreto, e em sua peça de final de ano, mostrou um boletim de audiência, Eliana ainda ressaltou: “Todos os meses do ano 67 milhões de corações estão se emocionando junto comigo. Eu te convido a continuar ao meu lado em 2018”.

Deve-se observar a afirmação do autor Vincent Mosco, em sua obra “Economia Política, no estudo das relações de poder”, que se baseia na produção, distribuição e consumo de recursos. Onde é fato que existem muitos pontos de vista que não aparecem, principalmente com a voz única, que prega o “bem-estar” através de bens materiais. De acordo com o sociólogo belga, Armand Mattelart, no estudo da “Economia Política da Comunicação”, que tem início nos anos 60, com o “desequilíbrio dos fluxos de informação”. A Globo, que possui um grande poder sobre a população brasileira e seu monopólio da informação, não cria espaços para o debate de ideologias e fomentando o consumo com seu alto fluxo de informação.

Mas, já que existe somente uma maneira de pensar, nosso livre arbítrio é utópico? Não, em um relatório emitido pela UNESCO em 1980 chamado de “MacBride”, a aglutinação da mídia foi criticada enfaticamente, bem como o consumo da informação e o acesso desigual. Quando existe apenas uma voz sobre um ponto, existe grande influência.

Fica clara a fraqueza da ação baseada em quantidade, em vez de qualidade silenciando milhões, porém, existe uma solução possível: a “Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação”. Que é uma reestruturação dos vazamentos globais de informação, através de condutas do terceiro setor e governo. O plano surgiu em 1970 e países neoliberais, como os EUA, não a aprovaram.

Existem diferenças entre a mídia tradicional e as mais recentes, emergentes. A primeira é o principal meio para a população e possui pouca interatividade. A segunda, por sua vez, tem um viés democrático e reflete a preferência geral.

Mediante o exposto, observa-se que a monopolização ideológica é exposta em uma única maneira de se pensar, onde a empresa mostra uma literal ditadura do meio.

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