A mídia e o consumo

Gustavo Amado
singular&plural
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2 min readMay 29, 2018

Como a mídia atua na propagação do consumismo

Por Gustavo Amado, Lucas Antônio Pereira e Rodrigo Louzada

No último dia 19, um acontecimento parou o mundo. O príncipe Harry se casou com a atriz Meghan Markle, na cidade de Windsor, Inglaterra.

Sucesso de audiência, com coberturas que duraram a semana toda. Tudo era sobre o casamento real, comentando desde o vestido da noiva até a história do casal e o próprio casamento, transmitido in loco pela Rede Globo.

A mídia brasileira bombardeou informações e notícias sobre o tal casamento. Mas, no que esse acontecimento afeta o Brasil? Pasmem, o casamento real em nada altera ou acrescenta para o país. Na realidade, o casamento pouco afeta o próprio Reino Unido, já que o príncipe Harry é apenas o quinto na linha de sucessão do trono.

No mesmo final de semana também acontecia a eleição presidencial da Venezuela. Maduro era eleito em um pleito cheio de polêmicas e as notícias ainda eram sobre o casamento. Se analisarmos os critérios de noticiabilidade do jornalismo, o fato ocorrido no país sul-americano deveria prevalecer sobre o casamento. Já que afeta diretamente o Brasil, tanto nas relações comerciais, quanto sociais e diplomáticas.

Mas por que uma cobertura tão grande em um tema em que nada agrega?

Para Dias e Constantino (2013), no sistema atual no qual estamos inseridos, o consumo é a base fundamental, assim sendo, a mídia teria um papel fundamental na difusão, reprodução e manutenção deste sistema.

O consumo seria um modelo ideal de felicidade, sendo ela, completamente atrelada a ele. Dessa forma, quer algo mais feliz do que um casamento real? Algo que desde a infância, seja por meio de filmes, brinquedos e histórias, é exemplo de estilo de vida perfeita. A tão sonhada vida de princesa, com vestidos exuberantes, castelos, serviçais e valsas.

“Na sociedade impera o marketing e a publicidade. Elas que reiteram valores de consumo e abrem espaço para o campo da necessidade dos objetos”. A fala de Baudrillard (2008) resume o que comanda e guia o sistema. A partir disso entram os meios de comunicação, que não apenas distribuidores de conteúdo, mas sim, formadores de padrões, opiniões e ditadores de comportamento.

Nesse novo sistema, os meios de comunicação se transformaram em indústrias culturais, devido ao forte alcance, apelo e prestígio em relação ao público receptor.

Percebendo o grande poder da mídia, as empresas começaram a financiar essas marcas. Em uma relação mútua, onde ambos fazem o aliado lucrar, e muito. As empresas passaram a lucrar mais com a divulgação de seus produtos no mercado midiático. Por outro lado, os meios de comunicação passaram a acumular mais capital com o investimento das empresas, e com o aumento do poder financeiro dessas indústrias midiáticas, passou a ocorrer os oligopólios de comunicação, e assim sendo a propagação das mesmas notícias e pontos de vista.

Referências bibliográficas

BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2008.

DIAS, A. L. A.; CONSTANTINO, E. P. Mídia e publicidade: focos na infância. XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. Anais… Bauru, SP: 2013, p.1–12.

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