A modernidade no compartilhamento da informação musical

João Pedro Izzo
singular&plural
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5 min readJun 13, 2018

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Em tempos em que os serviços de streaming são primordiais para a veiculação e anúncios das músicas, é cada vez mais importante que os artistas/bandas possam estabelecer parcerias para expandir seus trabalhos

Por João Pedro Izzo

Segundo o Wikipédia, streaming pode ser definido como transmissão contínua, também conhecida por fluxo de mídia, sendo uma forma de distribuição digital, em oposição à descarga de dados, ou seja, downloads e uploads de conteúdo.

Na forma de streaming, as informações não são armazenadas pelo usuário em seu próprio computador, fazendo com que não seja ocupado espaço no disco rígido (HD) para a reprodução de arquivos, algo que acontecia com downloads e uploads de conteúdos musicais, por exemplo.

Por meio de serviços de streaming, como o Spotify, a reprodução de músicas é realizada de maneira legal, visto que os artistas, bandas e grupos precisam cadastrar suas respectivas organizações, firmando contratos que garantem a legalidade da reprodução das faixas. Isso era um problema na época que os downloads de conteúdo eram a principal maneira de se escutar música: ao se armazenar mídia em HDs, tal ação é configurada como ilegalidade.

Streaming Media: O conceito engloba além do universo musical. Videoclipes e músicas podem ser vistas em streaming via smartphones através de aplicativos, os quais exigem conexão de dados (3G ou 4G) ou Wi-fi. Tal tecnologia vem expandindo fronteiras, possibilitando que essas músicas cheguem aos ouvidos de milhares de pessoas em todo o mundo. Por meio de serviços geralmente mensais, os usuários pagam taxas fixas — baratas, em sua maioria — para o consumo 24/7 de informações e conteúdo musical.

Isso garante uma grande flexibilidade para quem usufrui do serviço, visto que o usuário pode acessar o que deseja em qualquer horário e por qualquer serviço de dados, diferentemente da televisão e rádio, a qual possui regras e horários restritos às exibições de música. Este fator é fundamental para a popularidade deste tipo de serviço.

No entanto, a maneira de consumir música sofreu mudanças. Com o avanço das redes de streaming, é muito mais comum ouvirmos sons em determinados momentos e fases da nossa vida e cotidiano, ou seja, há momento específicos para tais gêneros. O spotify, por exemplo, possui diversas playlists públicas e muito populares nas quais são divididas por momentos do dia ou por estilo de música: uma mais animada, outra mais cadenciada, etc.

Com um leque de opções tão vasto e com tantos gêneros pulando nas telas dos dispositivos móveis, a questão que fica é se estamos nos distanciando de álbuns das nossas bandas favoritas, se estamos nos afastando dos nossos artistas prediletos e consequentemente, se estamos abrangendo mais nossos gostos musicais e restringindo mais o nosso conhecimento em relação à artistas e álbuns específicos.

De acordo com matéria da revista Época, em que é discutido como a popularização do streaming musical afeta nossos hábitos de ouvir música, essa transmissão contínua pela internet mostra um “jeito passivo de ouvir música, aceitando listas e sugestões feitas pelo software, a fim de ter trilha sonora a qualquer momento, parece esquisito para alguns. Para esses, ouvir música — assim como ler e ver filmes — deve ser sempre uma experiência consciente”.

Isto é: assistir filmes e ler sempre foi e deverá continuar sendo um hábito consciente no qual os indivíduos prestam atenção e se envolvem com o que está sendo visto e lido. A entrega dos pensamentos nestas atividades são inteiras e buscam pleno conhecimento pelo que está sendo abordado. Já em tempos atuais na questão musical, as pessoas têm deixado de lado esse “hábito” e pouco tem ligado para as letras das músicas e a representatividade delas.

Percebendo o grande poder da mídia, as empresas começaram a financiar essas marcas. Em uma relação mútua, onde ambos fazem o aliado lucrar, e muito. As empresas passaram a lucrar mais com a divulgação de seus produtos no mercado midiático. Por outro lado, os meios de comunicação passaram a acumular mais capital com o investimento das empresas, e com o aumento do poder financeiro dessas indústrias midiáticas, passou a ocorrer os oligopólios de comunicação. Oligopólio, que é uma situação em que poucas empresas detêm o controle da maior parcela do mercado. Uma situação frequente e cada vez mais visualizada no mundo moderno, o mundo da globalização e da comunicação.

Para concluir, temos a noção os números e o público cada vez maior são a prova de que o serviço de streaming é o que há de melhor hoje em dia para ser oferecido. Unindo o útil ao agradável, o usuário poder escolher o que e quando quer ouvir, sem precisar pagar caro — ou nada — por isso e sem precisar armazenar dados e diminuir a memória do seu aparelho, é disparada a opção mais vantajosa dentre as opções que temos no mercado.

Se sites como Napster e Emule haviam batido de frente com a indústria fonográfica e “quebrado” parte dela, aplicativos como Spotify e Deezer apaziguam a disputa de gravadoras versus hackers e tornam o mercado de músicas rentável para os dois lados.

A ilegalidade do download, que fez Sean Parker, co-fundador do Napster, dever milhões de dólares devido exploração de músicas sem pagar direitos autorais ficou pra trás. Os aplicativos de streaming dependem de o próprio artista disponibilizar seu trabalho na plataforma, tornando o serviço totalmente dentro da lei, além de se tornar algo interessante para os próprios artistas. Quanto mais o público adere a estes serviços, se torna mais fácil dos intérpretes atingirem sua massa de consumo.

Apesar de inovador e competente, o serviço de streaming pode estar com seus dias contados, ou pelo menos, a forma de como seu modelo atual se distribui entre os grandes nomes do mercado. Se a moda do momento é segmentar o entretenimento e dar poder de escolha ao consumidor, aplicativos menores se prontificam a atender as necessidades dos clientes.

Na música, nosso objeto de estudo, os monstros do mercado ainda não precisam se preocupar, mas de acordo com o site de tecnologia A Gambiarra, aplicativos como Netflix e Amazon tem motivos para perder o sono. Enquanto estes gigantes cortam filmes de suas listas para priorizar criações próprias, app’s menores como FilmStruck e SundanceNow, atendem consumidores que buscam apenas clássicos, no caso do primeiro, e filmes independentes, no segundo. Existe até opção para quem busca apenas filmes de terror no caso do Shudder, e para o público gay masculino, no Dekkoo. Isso mostra que estes aplicativos menores podem correr no vácuo dos gigantes do mercado, atendendo os consumidores que sabem o que querem e onde procurar, até estas plataformas se tornarem não tão menores.

Como já mencionado, Spotify ainda não enfrenta um app que tenha apenas um estilo de música, mas já recebe críticas de consumidores que não encontram no app músicas não tão conhecidas ou de produções mais precárias, e a história já nos mostrou que, por mais incrível e revolucionária que alguma invenção seja, eventualmente, ela será substituída por algo que se adeque melhor ao consumo da população.

O tema se mostra interessante e atual a ponto de debatermos neste espaço sobre sua importância na Internet e no meio musical. É fundamental podermos ter o entendimento das novas tendências e como são feitas as interatividades por meio dos streamings musicais.

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