A ovelha negra do jornalismo cult

Giovanna Dagnino
singular&plural
Published in
2 min readMar 27, 2018

Por Julia Mello, Giovanna Dagnino e Letícia Marques

Quando pensamos em realizar uma análise crítica de mídia, as primeiras opções são sempre de veículos e reportagens considerados sérios e importantes para mudança da política e economia, por exemplo. O jornalismo cultural, se não for o último, está bem próximo dessa opção. Não muito sabiamente, veículos e pessoas que gostam de assuntos como política, economia, saúde e até esporte, tendem considerar a moda como um assunto demasiadamente leviano para ser foco de uma análise crítica.

No entanto, a moda carrega grande importância na história da humanidade. É possível entender, por meio dela, as significativas mudanças que o mundo passou e passa até hoje. A moda, por meio da imagem e de seus produtos, cria visuais característicos e determinantes de épocas, sociedades e grupos específicos. Deixando de ser apenas uma peça de roupa e, indo além, contando uma história.

Partindo dessa perspectiva, a Vogue Brasil, com 43 anos de história em território nacional e criada nos Estados Unidos em 1892, pode ser considerada como a bíblia da moda. A busca constante pela perfeição, novidades e pioneirismo, pode ser considerada como um reflexo social, uma vez que desde que o homem começou a precisar cobrir o corpo por diversas maneiras, ele vem contando sua história por meio daquilo que veste.

Mesmo quando não é dada a mínima importância, a vestimenta carrega consigo um peso e uma análise. O visual é, de fato, uma característica que deve ser levada em conta e pode dizer muito a respeito de uma determinada sociedade ou cultura. Apesar de se impor, às vezes, de maneira ditatorial, a moda sempre fez parte da comunicação humana. Uma comunicação que conversa por meio da vestimenta.

A aversão ao assunto por parte da sociedade não é de tudo uma simples perseguição ao que se diz respeito à aparência e futilidade. De fato, de uns tempos para cá, muitos veículos têm tratado o tópico com uma certa banalização. A escolha de representantes rasos para dissertar sobre moda — adolescentes influenciadores sem formação alguma — levou ao esquecimento do assunto como uma forma de representação.

Na comunicação, as revistas de moda, ao mostrarem as tendências da atualidade, escrevem história por deixarem registrado como cada um dos grupos se comporta. O mesmo título, em países diferentes, mesmo sendo produzido na mesma época e com acesso as mesmas informações, cria visuais diferentes para atender ao seu público. Isso é um símbolo de como a sociedade se expressa por meio da moda.

A moda está, no mais próximo dos assuntos, relacionada à arte. Mas, então, por que um é tratado com tanta relevância enquanto outro é deixado de lado pelas elites intelectuais?

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