A parede invisível

Larissa Andreoli
singular&plural
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3 min readJun 13, 2018

Pay Wall: Ferramenta para um melhor conteúdo ou aproveitamento por parte dos veículos jornalísticos?

Por Larissa Andreoli

Os jornais e revistas online adotaram nos últimos anos um sistema chamado PayWall. As palavras traduzidas significam muro de pagamento. O termo se refere a um sistema de assinatura usado por eles em suas plataformas na internet. Os veículos dão aos leitores um acesso limitado para ler matérias completas, e quando o número é atingido, é necessário que o leitor seja um assinante da marca. Este modelo tradicional é chamado popularmente de poroso.

Ainda existe um outro modelo que é conhecido como “Freemium”, no qual o conteúdo que pede por pagamento é extra e apenas complementa notícias básicas. Grandes reportagens, infográficos, entrevistas exclusivas e outros conteúdos que necessitam de maior tempo de apuração, mais trabalho e mais tempo de produção.

Quando começaram a publicar conteúdos jornalísticos na internet, os veículos passaram a ser vítimas de sua própria decisão: liberar informação sem receber nada em troca. Assim, a crise dos veículos impressos começou a emergir e o financiamento para produção de conteúdo de qualidade precisou tomar rumos diferentes. A decisão encontrada por esses veículos foi o Pay Wall.

No Brasil, grandes veículos já adotam a prática. O primeiro a aderi-la foi a Folha de S.Paulo, em 2012, seguido de O Globo, no ano seguinte. Os dois seguiram o exemplo do jornal americano The New York Times.

A justificativa da mídia para implantar o sistema de assinaturas é defender a qualidade da informação/conteúdo. Além disso, jornais afirmam que essa é uma das saídas para o digital ajudar o impresso. O custo para manter jornalistas no digital ainda é o mesmo que redações de jornais e revistas impressas, é necessário que o consumidor ajude nos custos da empresa. Olhando por esse lado, ele realmente é válido. Porém, ao mesmo tempo, a internet é “terra de livre circulação”, nasceu com tudo gratuito mas ganhou proporções gigantes. Partindo dessa premissa, o ambiente online deveria ser diferente do impresso, onde o leitor deve pagar pelos custos da produção jornalística.

Do ponto de vista do consumidor, é injusto pagar por conteúdo visto na internet. Nem todas as pessoas têm condições financeiras para isso. Veículos voltados para o público adulto ainda ganham vantagem em ter leitores que se disponibilizam a pagar, é o caso da Veja, Isto É e outras. Enquanto veículos como a Capricho, voltados para adolescentes, não deveriam cobrar de seus leitores menores de idade que não têm independência financeira.

Analisando essa situação, a conclusão mais óbvia é que esse sistema está afastando os leitores. Porém, segundo os dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), de 2014 para 2015 houve um crescimento de 27% das assinaturas digitais, enquanto no mesmo período, houve uma queda de 13% na circulação de jornais impressos. Isso significa que, para a maioria do público, está tudo bem pagar por esse serviço. Melhor ainda para os jornalistas, que podem cada vez mais explorar esse gigante mundo que é a internet.

Referências bibliográficas

COSTA, Caio Túlio. Um modelo de negócio para o jornalismo digital. 2014. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em- questao/um_modelo_de_negocio_para_o_jornalismo_digital/>. Acesso em: 14 nov. 2017.

CORREIA, Milton. Adoção de ‘paywall’ cresce e alavanca assinaturas. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/_ed832_adocao_de_paywall_cresce_e_alavanca_assinaturas/>. Acesso em: 14 nov. 2017.

REDAÇÃO, da. Paywall já chega a 9 dos 30 maiores jornais do Brasil. 2013. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/09/1348209-paywall-ja-chega-a-9-dos-30-maiores-jornais.shtml>. Acesso em: 14 nov. 2017.

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