A questão da manipulação midiática empregada nas eleições de 2018

A imprensa é cada vez mais imparcial nas eleições, manipulando manchetes com o objetivo de desfavorecer algum candidato à Presidência

Maria Fernanda Mantovani
singular&plural
3 min readSep 20, 2018

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Por Maria Fernanda Mantovani, Renata Meyer e Gabriel Baliego Beleze

Com as eleições no Brasil se aproximando, as notícias sobre política tomam conta da mídia, principalmente sobre as presidenciais. Pesquisas para cá, pronunciamentos para lá, mas afinal: é possível confiar em tudo que se lê sobre os candidatos por aí?

Principais candidatos à eleição para Presidente da República

A resposta é não. A maioria dos veículos de comunicação, por mais sérios que sejam, acabam sendo tendenciosos para algum lado na hora de noticiar política, o que afeta diretamente o leitor. E nesse momento, uma manchete pode fazer toda a diferença!

No dia 19 de setembro, por exemplo, uma matéria foi publicada no site do G1, um dos sites de notícias mais lidos pelos brasileiros, sobre a candidata à presidência Marina Silva, do partido Rede Sustentabilidade: “Marina diz que vetaria legalização do aborto caso o tema fosse aprovado pelo Congresso”. Ao ler a manchete pode-se entender que Marina é contra a legalização do aborto, enquanto, na verdade, a candidata fez essa declaração levantando a necessidade de um plebiscito para a tomada desta decisão, e por isso, vetaria caso o tema fosse aprovado apenas pelo Congresso, porque segundo a candidata, “513 deputados e 81 senadores não representam e nem substituem 200 milhões de brasileiros”. Podemos perceber que o veículo G1 mostra a candidata de forma negativa na manchete, e como muitas pessoas acabam lendo apenas essa parte da notícia, podem ter uma impressão errada e negativa. Outra forma de abordagem seria publicar, por exemplo: “Marina é a favor de plebiscitos para decisão da legalização do aborto”. A notícia seria transmitida da mesma forma, mas menos tendenciosa em seu título.

Outro exemplo, aconteceu no dia 20 de setembro, quando a Veja repercutiu a entrevista do candidato à presidência Fernando Haddad (PT), exibida nessa madrugada no Jornal da Globo. O título anuncia “Haddad relativiza influência de Lula em seu crescimento nas pesquisas”, o que induz o leitor, que se basear apenas na manchete, uma dissociação do candidato ao ex-presidente Lula. É de conhecimento geral que o favoritismo era do ex-presidente, e que ele tem papel importante nessa campanha. Para quem assistiu a entrevista na íntegra, pôde perceber que Haddad não quis minimizar a influência de Lula, ele apenas apontou que sua participação não foi a única responsável pelo seu crescimento nas últimas pesquisas divulgadas nesta semana, considerando que outros candidatos ao governado e senado, não tiveram a mesma alta. Haddad conseguiu expressar melhor suas propostas, ampliou o debate sobre economia, e procurou demonstrar segurança ao telespectador, sem deixar o peso de representar Lula de lado, inclusive mantendo sua crítica a justiça sobre a condenação do ex-presidente.

Outro caso que acabou ganhando muita repercussão no Facebook foi a “fake news” de que Ciro Gomes teria agredido sua ex-esposa, Patrícia Pillar. Em notícia publicada em 12 de abril no site “Independente — Jornalismo alternativo”, o título é tendencioso ao publicar “Você pensa que eu sou Patrícia Pillar pra bater?”, o que fez muitos acreditarem que o político teria agredido a ex-esposa, tendo lido apenas a manchete. A frase divulgada no título da matéria não passou da afirmação do youtuber Arthur do Val, após receber um tapa de Ciro no pescoço e divulgado por meio de um vídeo, o qual também tem circulado pelas redes sociais, fazendo a crer que ele realmente bateu nela. Além disso, em entrevista em 2002, ao ser indagado sobre a importância de Patrícia em sua campanha política, o pedetista se mostrou machista ao declarar: “A minha companheira tem um dos papéis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”. Em 19 de setembro, a atriz resolveu esclarecer a história em seu Facebook e afirmou: “Eu nunca sofri nenhum tipo de violência da parte de ninguém, isso é totalmente falso”.

Por essa e outras, é muito importante procurar se informar por veículos que busquem ser o mais neutros possíveis, e também não se contentar com apenas uma fonte, principalmente em épocas decisivas para o nosso país como agora. Esses atos podem fazer toda a diferença na hora de escolhermos o nosso candidato pelo o que ele realmente é, e não pelo que a mídia quer que achamos que ele seja.

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