Aos olhos da lei, o dinheiro sempre fala mais alto

O caso de estupro envolvendo a jovem Mariana Ferrer tomou as redes sociais; o motivo da revolta foi a duvidosa decisão do juiz do caso

Pedro Ernesto Maranhão
singular&plural
3 min readNov 24, 2020

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Por Klauber Pavesi, Leonardo Simões e Pedro Maranhão

Crédito: Royalty Free Image

A influencer, Mariana Ferrer acusou o empresário André de Camargo Aranha de ter drogado e estuprado a jovem em uma festa na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, em 2018. André teria se aproveitado do estado de vulnerabilidade da influencer para praticar relações sexuais, sem que a mesma concordasse com o que estava ocorrendo no local. Após a denúncia, André acabou sendo inocentado em setembro deste ano, com a justificativa de falta de provas do crime. O desfecho foi intitulado como “estupro culposo”.

Ao abordar o assunto, portais de notícia sempre se mostraram desconfiados pela decisão do estado tomada no caso. Por conta da revolta populacional em redes sociais, foi se descobrindo que o suposto estuprador era um empresário conhecido em Florianópolis e que seu advogado de defesa era um dos mais caros do estado de Santa Catarina. Assim, a mídia passou a questionar se a decisão do caso não teria sido tomada por segundas intenções.

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O portal Terra realizou uma matéria em que reuniu a opinião de alguns deputados que acham justo que seja criada uma nova lei que proteja garotas que sofreram com as mesmas agressões. O portal ainda reuniu outros casos em que leis foram criadas depois de casos de violência contra a mulher, tendo a Lei Maria da Penha como a mais conhecida. O Terra fez questão de mostrar que o caso de Mariana Ferrer não é único, e que deve ser visto com justiça pelo estado.

Na última quarta-feira (4/11), o caso retornou aos debates na imprensa após uma reportagem no veículo The Intercept Brasil. No material, o site teve acesso a vídeos do julgamento, onde a vítima é humilhada pelo advogado de defesa, com declarações preconceituosas e sem embasamento algum, onde o advogado do acusado diz que a vítima, Mariana Ferrer, gosta de visibilidade e quer apenas aparecer. O maior contraste da cena é observar Mariana Ferrer visivelmente abalada e perdida durante a audiência após ter fotos mostradas em uma tentativa de culpar a vítima. Após a repercussão do vídeo, diversas personalidades e instituições se manifestaram defendendo a influencer.

Um caso que parecia unanimidade ganhou toques ainda mais assustadores com o comentário do jornalista Rodrigo Constantino, da rádio Jovem Pan. O comunicador atacou Mariana Ferrer, e afirmou que, caso sua filha saísse para se divertir, ficasse bêbada e fosse estuprada, a culpa seria da mulher e não do criminoso. Após a declaração, o profissional foi demitido da emissora e diversos outros portais em que trabalhava, mas segue contratado pela Gazeta do Povo, que disse ser infeliz a fala de seu empregado, porém não justifica a demissão

Mesmo tentando combater todas essas situações de abusos e violência contra as mulheres, em nosso país uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. Diante desse fato deveria existir leis que realmente dessem segurança ou que pelo menos o mínimo fosse feito, que os culpados sejam de fato punidos e não escapem em uma justiça que, diante desse caso, infelizmente se mostrou machista e permitiu a humilhação de uma vítima que passou por diversos problemas tanto físicos como psicológicos. O caso da influencer Mariana Ferrer não é o primeiro e nem será o último, basta sabermos até quando essas situações continuarão sendo caladas e deixando os culpados impunes.

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