Apuração do caso Daniel

Karina Micheletti
singular&plural
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3 min readNov 22, 2018

Por Giovanna Fiorillo e Karina Micheletti

Daniel Corrêa Freitas (foto de banco de imagens)

Para a construção dessa análise escolhemos duas matérias referentes a morte do ex-jogador do Coritiba, Daniel Corrêa Freitas. Ele foi encontrado morto em São José dos Pinhais, na região de Curitiba. O ex jogador teve o órgão genital cortado e sua morte foi causada por arma branca.

Na matéria do Globo Esporte, feita um dia depois da morte do jogador o foco principal está na trajetória do Daniel dentro do futebol e sua morte é apenas um plano de fundo para falar sobre sua carreira no esporte. isso fica claro quando logo depois da pequena parte em que aborda o crime já é cortado para a história dele como atleta. Eles citam o início de sua jornada, por onde passou e comentam de alguns jogadores que lamentaram sua morte. Até usam prints do twitter para mostrar os posts do Coritiba, clube em que já fez parte do elenco e São Paulo, time dono do passe do jogador.

Além disso, o início da reportagem, onde há o comentário sobre sua morte, é algo bem parecido com a matéria que já havia sido publicada pelo G1, portal de notícias da Globo. A análise mostrou de maneira clara que ammatéria não cria um envolvimento com o fato, e sim com o jogador e sua história.

Mesmo escolhendo para analisar uma matéria do dia seguinte ao fato ocorrido, onde não dá para ter uma apuração mais profunda sobre o caso, é possível perceber que em nenhum outro momento é feita uma reportagem mais detalhada pelo veículo da Globo voltado para esporte.

Já a segunda matéria analisada é do UOL Esportes, do dia 21 de novembro. Diferente do texto do Globo Esporte, que tratam sobre o mesmo universo, a matéria do UOL está muito mais bem construída, elaborada e com os fatos mais bem apurados. A manchete trata do fim do inquérito, fechado pelo delegado Amadeu Trevisan. Ao longo do texto, existem falas dele afirmando que Juninho, o assassino de Daniel, é na verdade um psicopata. No entanto, não foi exigido nem realizado nenhum lado psicológico que afirmasse de fato que aquilo é real. Pelo texto, aparentemente a UOL não concorda com esse tipo de posicionamento, que exclui o uso de provas concretas, quando diz “mesmo sem ter produzido provas além dos depoimentos dos suspeitos e de outras testemunhas”.

Eles inclusive, conversam com o promotor de justiça do caso, João Milton Salles, que diz que ao laudo vindo da perícia do IML, é uma das partes mais importantes de um caso, que realmente comprova ou não o que ocorreu de fato no momento do assassinato de Daniel. De acordo com a fala do Promotor, é possível identificar que o delegado está se equivocando e até se isentando da responsabilidade real de julgar um crime tão sério, “[…] contestar depoimento é uma coisa, laudos é outra coisa e pela gravidade do crime eu acredito que os laudos serão elucidadores”.

Em nenhum momento, a questão da tentativa de estupro é mencionada nem abordada. O veículo também não traz uma versão dos advogados da vítima, nem sobre a família, seu lado da história ou algo do tipo. A impressão é de que o UOL se isentou de atribuir qualquer tipo de culpa ou responsabilidade ao Daniel por outros possíveis crimes que foram levantados durante a investigação.

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